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Capitão América # 09

Por Rafael Borges

Made in USA - Parte I
Ninguém Regula a América (Nobody Fucks with America)

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"(...) Segue na arrogância independente de quem for O W. Bush de plantão
Que engatilha um novo míssil sem limites sobre o céu de Wall Street
Arriscando a todos com o medo de perder mais uma guerra."
(*)

Londres:

Suas belíssimas feições exóticas são refletidas suavemente na vitrine da loja de aparelhos eletrônicos. Mas são as curvas perfeitas de seu corpo que fazem um transeunte perder a concentração e quase dar de cabeça com o poste de iluminação. Não há como condená-lo. Afinal de contas, os moradores da capital inglesa não estão acostumados a se deparar com uma mulher como Tália Ghul.

A filha do terrorista mais procurado do planeta observa em silêncio as notícias exibidas no televisor em oferta. Falam do atentado frustrado pelo serviço secreto inglês, horas atrás. Três extremistas islâmicos foram detidos antes que pudessem colocar em prática seus planos para seqüestrar um avião que seria usado como bomba contra a cidade de Metrópolis, nos Estados Unidos.

A apresentadora do telejornal não teria como saber que havia um quarto integrante na célula terrorista neutralizada nessa tarde. Tália sente pela prisão de seus companheiros. Mas, desde o princípio, ela sabia que esse sacrifício era necessário, pois seria a distração ideal para o verdadeiro ataque que acontecerá ainda esta noite.

Em algum lugar sobre o meio-oeste americano:

— Agente 13 se apresentando, senhor.

Há alguns minutos, Sharon Carter recebeu uma convocação urgente para se apresentar diretamente ao gabinete do comandante-geral de ações táticas americanas no combate ao terrorismo. Apesar de já ter estado antes nessa parte do porta-aviões aéreo da SHIELD, ela não se lembrava como é luxuosa a decoração na sala do general Ryker.

— Sente-se, agente Carter. — devido à postura autoritária do militar, até mesmo atitudes que fazem parte das normas de boa educação soam como ordens aos ouvidos de seus subordinados — Eu a chamei aqui, pois tomei conhecimento de suas recentes pesquisas aos arquivos ultra-secretos da agência. Creio que está a par das penalidades para as invasões que cometeu. (**)

Surpresa pelo fato do comandante ter ido direto ao assunto, Carter se retrai por um instante. Entretanto, ela não costuma se intimidar diante de figuras de autoridade, principalmente quando elas recorrem a ameaças.

— Na verdade, general, sempre achei que agentes de meu nível na SHIELD tivessem acesso a todos os arquivos — retruca a garota — Pelo menos, é assim que as coisas costumavam ser por aqui.

Sentado atrás de sua caríssima mesa de madeira nobre, Ryker não perde em momento algum o tom arrogante.

— Tempos desesperadores exigem medidas desesperadas. — responde. — Saia de minha sala e dê-se por agradecida por eu apenas suspendê-la pelos próximos seis meses. Pelos abusos que cometeu, deveria ser exonerada.

— Com todo o respeito, senhor, mas não acredito que Nick Fury encararia muito bem a idéia de eu ser expulsa da SHIELD. — ao som dessas palavras, Sharon Carter se levanta para partir.

Antes que ela alcance a porta, porém, o general solta sua derradeira bravata:

— Acredito que você se surpreenderia em saber que minha autoridade por aqui está muitos níveis acima de Nick Fury. — vocifera Ryker — Passar bem!

Nova York:

De volta a América depois de algum tempo afastado, Steve Rogers percebe como este quarto de hospital já se tornou parte de sua vida. Não é de se espantar, já que o leito hospeda seu grande amigo, Sam Wilson. O homem conhecido como Falcão encontra-se em estado de coma desde que tentou impedir o atentado terrorista a Wall Street, meses atrás. (***)

Nos últimos minutos, como de costume, o Capitão América relatou ao amigo comatoso suas últimas aventuras em terras estrangeiras. (****) Ele não estava esperando por respostas, mas continua na esperança de que possa ouvir a voz do colega mais uma vez.

— Infelizmente, Steve, não tenho boas notícias. — o companheiro que vem lhe amparar é Hanry Pym, um vingador conhecido por vários codinomes: atualmente, ele é o Jaqueta Amarela. Mas não são suas habilidades de combate ao crime que o trazem aqui. Trata-se de um dos maiores especialistas em fisiologia super-humana do planeta — As chances de que o Falcão saia de seu estado são cada vez menores e a possibilidade de óbito se torna cada vez mais próxima.

— Ele não pode morrer... — sussurra o Capitão.

— Sinto muito... — consola Pym — O organismo de Sam é forte, mas ele absorveu grande parte do impacto daquela bomba...

— Ele não pode morrer ainda! — Steve Rogers interrompe o amigo, em voz alta e tom rude — Não até eu encontrar o responsável por seu estado. Não até eu levar Ra's Al Ghul à Justiça.

Londres, aeroporto Heathrow:

— Autorização para decolar, Força Aérea Um. — exclama o controlador de tráfego. — Boa viagem, senhores.

Normalmente, já é uma tarefa árdua acompanhar a grande movimentação de aeronaves neste que é considerado o maior aeroporto do planeta em número de passageiros. Essa atividade fica ainda mais complicada nos dias em que a capital inglesa recebe chefes de estado como visitantes.

Imagine, então, o caos que se implantou no terminal após um ataque terrorista frustrado que aconteceria no exato momento em que o presidente dos Estados Unidos estava de chegada ao país. Agora, você tem uma remota idéia do nível de stress em que a equipe do Hearhrow se encontra.

David Gillan, o novato na cabine de controle, se sente aliviado pelo jato presidencial ter finalmente partido. Em poucas horas, ele poderá voltar para casa e esquecer esse dia infernal. Seus pensamentos já estavam na esposa que o aguarda para um jantar com os amigos, marcado há meses, quando o radar detecta uma pequena aeronave se aproximando sem autorização.

— Aqui é a Torre, Identifique-se! — ele ordena por rádio, sem resposta.

Tudo que Gillan pode fazer é assistir o pequeno ponto verde em sua tela, seguindo a trajetória do avião presidencial.

O pequeno jato se aproxima do Força-Aérea Um com uma rapidez surpreendente. Quando se encontra em velocidade semelhante a de seu alvo, pairando em trajetória sincrônica sobre a aeronave, o piloto é ejetado.

Devido à altitude pouco elevada, o atacante misterioso consegue se fixar na parte externa do avião, usando luvas magnetizadas. Em seguida, é a vez de utilizar um pequeno dispositivo a laser para abrir passagem e invadir o interior da aeronave.

— Não atirem! — ordena o chefe da segurança pessoal do presidente, assim que avista o invasor que se aproxima. — Os tiros podem causar uma explosão!

O atacante aproveita a oportunidade. De um dos bolsos de seu uniforme cinzento, ele saca uma arma de aspecto pouco familiar. Os projéteis de borracha não danificam o avião, mas são capazes de deixar desacordados os agentes que guardavam a cabine presidencial.

— Vamos! — diz com uma voz abafada sob a máscara, pegando o presidente pelo braço.

A princípio, Lucius Fox tenta resistir. Mas logo percebe que não está em condições de enfrentar um seqüestrador com tamanha habilidade. Os dois saltam pelo mesmo buraco que serviu de entrada ao atacante, momentos atrás.

Nos poucos minutos que se passaram, o Força-Aérea Um já havia percorrido uma distância considerável e sobrevoava o oceano. Apenas quando o pára-quedas que os levará a salvo até o nível do mar é acionado, o presidente percebe que há uma pequena lancha aguardando sua chegada.

Cada detalhe da operação foi planejado cuidadosamente e sua execução se mostrou um sucesso absoluto. Em poucas ocasiões o governante norte-americano se encontraria tão exposto a um ataque do que no momento da decolagem.

— Eu exijo saber o que está acontecendo! — esbraveja Fox, assim que é retirado da água por dois brutamontes em trajes exóticos e é levado a bordo da pequena embarcação.

— Realmente, senhor presidente, você tem esse direito. — quando começa a falar, o seqüestrador finalmente retira sua mascara negra, revelando sua verdadeira identidade — Meu nome é Talia. Treinei durante toda a minha vida para realizar uma missão como essa em nome de meu pai, Ra's Al Ghul.


Na próxima edição: Finalmente, Ra's Al Ghul em pessoa!


:: Notas do Autor

(*) O título dessa edição faz referência à música que reuniu Sepultura e O Rappa em sua gravação. A citação vem da mesma canção. voltar ao texto

(**) Como visto pela última vez em Capitão América # 05. voltar ao texto

(***) Conforme foi mostrado na edição especial O Eleito — O Vencedor. voltar ao texto

(****) Nas edições # 05, # 06, # 07 e # 08; o Capitão passou pela Itália, China, Alemanha e Genosha. voltar ao texto




 
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