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Capitão América # 10

Por Rafael Borges

Anteriormente: Meses atrás, um terrível atentado terrorista em Wall Street matou dezenas de pessoas e deixou Sam Wilson, o herói conhecido como Falcão, em estado de Coma. Durante os últimos meses, o Capitão América tem buscado o homem que é considerado o responsável por esse ataque: Ra's Al Ghul. Devido a suas investigações em arquivos ultra-secretos, Sharon Carter, a Agente 13, foi afastada da Shield pelo general Ryker. Atualmente, ele é o comandante-geral de ações táticas americanas no combate ao terrorismo. Enquanto isso, depois de um ataque frustrado pelo serviço secreto britânico, Talia Ghul consegue invadir o Força Aérea Um e seqüestrar o presidente Lucius Fox.

Made in USA - Parte II
Paradise City

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"Captain America's been torn apart
Now he's a court jester with a broken heart
He said turn me around and take me back to the start
I must be losing my mind 'Are you blind?!'
I've seen it all a million times." (*)

O apartamento do Sharon Carter, Nova Iorque:

— Não há razão para pânico! — afirma o general Ryker na tela da TV. Em entrevista coletiva transmitida ao vivo da Casa Branca, ele tenta acalmar os cidadãos americanos após o ataque ao avião presidencial — O presidente foi levado para um lugar seguro e não sofreu nenhum mal...

— Eu não agüento nem ver a cara desse dissimulado! — esbraveja a Agente 13, desligando abruptamente o televisor e interrompendo o homem que a suspendeu no dia anterior. Apesar de seu comentário áspero, ela não teria como saber que o general está omitindo de toda a nação o seqüestro do presidente Fox, acontecido em Londres na noite passada. — Ser uma agente da Shield é a minha vida! Foi tudo o que eu fiz nos últimos anos...

Com a destreza desenvolvida nos combates de que tomou parte durante quase toda a vida, o Capitão América se aproxima de sua antiga amante e a toma em seus braços. Ele veio assim que a amiga o chamou. Em diversas oportunidades, ela o consolou em momentos de adversidade. Está na hora de retornar o favor.

— Eu sei como é! — ele diz — Talvez esteja na hora de arrumarmos outras atividades pra ocupar nosso tempo.

Por um momento, um lastro de fogo une o olhar do casal. Um fugaz instante que se vai com a mesma rapidez com que surgiu quando a garota solta um saboroso sorriso, que logo se transforma em uma incontida gargalhada.

— Você não muda nunca, Steve! — após finalmente recuperar o fôlego, ela coloca a cabeça de encontro ao peito do Capitão América e desabafa — Você seria capaz de qualquer coisa para me alegrar... até soltar uma brincadeira como essa. Nesse momento, só o que eu queria era ter alguém pra poder socar e soltar toda essa tensão...

Em resposta, o Sentinela da Liberdade solta um estranho olhar. Jamais saberemos se ele estava realmente brincando com seu antigo amor ou se sua fisionomia se alterou apenas quando avistou de canto de olho a figura que atravessou a janela, invadindo barulhentamente o apartamento.

— Cuidado! — alerta o Capitão, jogando a Agente 13 para longe do musculoso invasor com vestes exóticas.

Sem soltar nenhuma palavra, o intruso parte para o combate. Seus músculos poderosos desferem golpes que poderiam ser mortais contra um oponente comum. Steve Rogers, entretanto, usa sua agilidade para esquivar-se de cada um dos ataques. Sem seu escudo, ele encontra certa dificuldade para igualar a envergadura de seu adversário, que é bem mais alto.

Enquanto se esforça para se desvencilhar de seu atacante, o Capitão arruma tempo para avistar, ao fundo, a faca que a Agente 13 se prepara para arremessar contra o misterioso invasor.

— Sharon, não! — ordena, lembrando das palavras que a mulher proferiu instantes atrás.

Mas é tarde demais e a lâmina é lançada. Sua trajetória traça diversos círculos no ar antes de atingir de maneira certeira a cabeça calva do intruso misterioso, que vai ao chão. O Capitão se apressa em verificar o ferimento fatal. Qual é a sua surpresa ao perceber que foi o cabo de madeira da faca que levou o invasor a nocaute.

— Estava com medo do que, Steve? — indaga Sharon, em provocação — Pelo amor de Deus, se não pudesse acertar esse arremesso, eu nunca teria ingressado na Shield.

A única resposta de Steve Rogers é uma expressão de desdém. Pelo menos o humor da garota melhorou.

Sem hesitação, ele começa a revistar as estranhas vestes cerimoniais trajadas pelo invasor. Além dos instrumentos que ele usou para chegar pelo lado de fora do prédio até o décimo quinto andar, há um DVD cuidadosamente embalado. De imediato, o disco é levado até o home theater na sala de estar.

— Sharon Carter e Capitão América. Se estão assistindo a essa gravação, quer dizer que derrotaram Ubu e se provaram capazes de realizar a missão que tenho para vocês. — A voz metalizada pela gravação digital é de Talia Ghul.

A terrorista nem mesmo se importou em esconder sua imagem e aparece na filmagem ao lado de Lucius Fox. O presidente, que se encontra amordaçado e com as mãos amarradas por trás da cintura, é capaz apenas de acenar com a cabeça, enquanto a responsável por seu seqüestro prossegue com seu discurso.

— Um membro de nossa organização passou os últimos meses na cela 28 Leste. — explica a gravação — Esse prisioneiro deve ser levado por vocês dois às coordenadas especificadas até a meia noite de amanhã ou seu líder pagará pessoalmente pelos crimes que a América cometeu contra a humanidade.

Com a mesma velocidade com que a tela escurece, as dúvidas tomam conta da mente do Sentinela da Liberdade.

— A mulher é insana! — exclama — Quantas penitenciárias deste país possuem celas 28 Leste?

— Muitas. — responde a Agente 13 — Mas Talia está se referindo a apenas uma: A prisão militar não oficial que o exército americano montou na Terra Selvagem especificamente para os prisioneiros do combate ao terrorismo.

— Ainda assim... Não podemos ceder à chantagem!

— Steve, normalmente eu concordaria com você, mas desta vez o tempo corre contra nós!

Os confins da Terra Selvagem, antes do amanhecer:

Cercada de gelo por todos os lados, a região conhecida como Terra Selvagem é um oásis tropical cravado no coração da Antártica que desafia as leis naturais de nosso planeta. Além de seu clima constantemente quente, essa área parece ter sido esquecida pelo tempo. Entre as gigantescas árvores, habitam animais que se acreditavam extintos há milhares de anos. Dinossauros selvagens buscam suas prezas pela mata verdejante enquanto pterodátilos pairam suavemente pelos céus com suas azas cobertas de escamas.

Resumidamente, este é o local ideal para se esconder uma prisão de segurança máxima não oficial.

A visão não é nada animadora. A construção se ergue entre montanhas com o pico recoberto de gelo, em uma área considerada isolada até pelas tribos primitivas que chamam a Terra Selvagem de lar. Devido às estranhas características da região, que impedem o funcionamento de equipamentos sofisticados, o presídio tem uma aparência quase medieval. Os altos muros são guardados por sentinelas fortemente armados. Entretanto, cabe à própria geografia do local realmente impedir que os detentos tentem qualquer fuga.

— Tudo pronto aí em baixo, Steve? — pergunta Sharon Carter, através do comunicador.

O aparelho só é eficaz, pois se encontra no pulso do Capitão América, que observa a prisão do alto de um dos picos gelados que a cercam. Aqui, onde o clima ainda é glacial, é menor a influência das forças quase sobrenaturais que mantém a Terra Selvagem.

— Pronto! — responde — Mantenha o jato na altitude que combinamos. Se chegar perto por muito tempo, a aeronave pode ser afetada.

Ao proferir essas palavras, ele lança seu corpo com toda a força. Graças ao soro do supersoldado que impregna seus músculos, o salto é espetacular e vence a distância que separa o cume da montanha da queda livre em direção ao vale profundo. Quando atinge velocidade suficiente, o cordão é puxado e um pára-quedas nas cores da bandeira americana é acionado.

— Eu sabia que o pára-quedas estilo 'deus salve a América' era idéia dele! — esbraveja a Agente Treze, pilotando o jato. Desde a primeira vez que viu a gigantesca bandeira, meses atrás, ela ainda não se conformou. (**)

Ao avistarem o invasor que se prepara para cair bem no meio da área de detenção Leste, os soldados abrem fogo. As balas que não são interceptadas pelo escudo do Capitão começam a fazer um belo estrago na estrutura do pára-quedas. Ele não se importa.

Faltando pouco mais de trinta metros para chegar ao solo, ele solta as amarras e parte para aterrissar sobre os homens que o atacam. Dois deles perdem a consciência com o impacto. Os outros dois são derrubados por mais um lançamento preciso de seu escudo.

Percebendo que não encontra resistência próxima, o Capitão salta para o corredor leste da construção e, rapidamente, localiza a cela 28. Sem hesitação, ele usa todo o impulso de seu corpo e a resistência sem igual de seu escuto para arrombar a porta.

O prisioneiro, algemado e com uma máscara que esconde seu rosto e encobre sua visão, não tem interesse em qualquer indagação quando é carregado pelo herói. Aquela poderia ser apenas mais uma das sessões de interrogatório conduzidas com tamanha violência que beiram à tortura.

Segurando o detento sobre um de seus ombros, o Capitão aciona o dispositivo portátil que retira de um dos bolsos de seu cinto. Devido à sua característica puramente mecânica, o aparelho não tem problema algum de funcionamento e lança com extrema velocidade um arpão atrelado a uma corda. A extremidade pontiaguda se fixa com precisão a uma árvore do outro lado do rio, a mais de quinhentos metros de distância.

Usando seu escudo como roldana para escorregar pela corda, o Capitão aproveita para se proteger dos disparos. Logo, eles chegam até o local onde um pequeno bote havia sido previamente posicionado. Antes que a guarda da penitenciária pudesse mandar qualquer veículo em sua perseguição, eles já estão seguindo rio abaixo.

— A operação de resgate foi um sucesso! — afirma o Capitão ao comunicador, logo que percebe que a prisão já se distância no horizonte — Prepare-se para nos pegar no local combinado.

— Detetive, é você? — pergunta o prisioneiro, ainda com o rosto coberto.

Intrigado com a pergunta, Steve Rogers pára de remar por um momento e retira a máscara preta de seu acompanhante na diminuta embarcação. Afinal de contas, é justo que ele conheça a identidade do homem cuja libertação valeu um ataque tão ousado da Liga dos Assassinos.

Seus olhos se arregalam com a surpresa, ao vislumbrar a face do prisioneiro que ajudou a libertar. Mesmo abatido pelos meses que passou cativo e com uma barba mais longa do que o peculiar cavanhaque que sempre ostentou, o Capitão o reconhece de imediato. O homem a sua frente trata-se de ninguém menos do que o próprio Ra´s Al Ghul.


Na próxima edição: O retorno do Falcão!


:: Notas do Autor

(*) O título dessa edição faz referência á música da banda californiana Guns N' Roses. O trecho destacado fala de como o Capitão América se sentiria na Los Angeles do final dos anos 80. Como é possível perceber pela tradução abaixo, a letra permanece bastante atual:

"Capitão América foi despedaçado
Agora ele é um bobo da corte com o coração partido
Ele disse me vire de costas e me leve de volta ao início
Eu devo estar perdendo meu juízo 'Está cego?'
Eu vi isso um milhão de vezes." voltar ao texto

(**) Para conferir a primeira aparição deste peculiar pára-quedas, veja Capitão América # 01. voltar ao texto




 
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