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Gambit - No Limiar de um Coração Partido # 02

Por Rafael Borges

No Limiar de um Coração Partido
Parte II

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— Simplesmente desapareceu, borracha! — diz o monstro alaranjado.

Quando Ben Grimm caminha pelo hangar, é possível sentir a reverberação de seus passos pesados por diversos andares. Os vizinhos, entretanto, não costumam reclamar do barulho. Eles sabem que não é fácil ser silencioso quando sua pele é feita de pedra.

Esta é a residência do Quarteto Fantástico.

— Não é possível, Bem. — responde Reed Richards. Ao contrário do amigo, sua pele maleável é silenciosa no caminhar — Para operar um dos fantasticarros, é preciso estar vestindo o uniforme do Quarteto. Eu pessoalmente configurei o tecido de moléculas instáveis e a nanotecnologia contida no brasão da equipe como única forma de ignição do veículo.

Enquanto o Sr. Fantástico continua sua explanação, o telefone celular do Coisa vibra no bolso de seu macacão de mecânico tamanho família. Ele atende com prontidão.

— Alô?

— Além disso — insiste Reed, sem ligar para a distração do amigo — para furtar um de nossos veículos, o invasor teria de passar pelo sistema de segurança. Tony Stark me ajudou com ele. Acredite, ninguém poderia chegar até o hangar...

Ao término da sentença, o distraído cientista percebe o olhar de perplexidade na face pedregosa do colega.

— É o Johnny no celular. Ele está falando de uma sauna no centro. — anuncia Grimm, apontando com o aparelho para Richards — Parece que alguém roubou as roupas dele. O que você estava falando sobre o fantasticarro, Reed?

Em algum lugar sobre o Oceano Atlântico, Gambit sorri.

Ele arrumou um meio de locomoção até Genosha.

— Dê um motivo pra eu não explodir sua cabeça, LeBeau! — ordena a magistrada-chefe, com sua arma apontada para Gambit.

— Eu sei que você me acha galante demais pra morrer.

O ladrão veio até Genosha a trabalho. Um empregador secreto ofereceu uma alta quantia pelas informações registradas no servidor central do antigo governo deste país.

O problema é que a nação insular africana acabou de sofrer um golpe de estado pelas mãos de Magneto, o que tornou o lugar um dos mais perigosos pra se visitar em todo o mundo.

O fantasticarro ficou em piloto automático planando a algumas milhas da costa. O resto do caminho, Remy teve de fazer a nado. Não foi muito agradável, porém a forma com que ele foi retirado da água e trazido até as docas da baía Hammer pela equipe da resistência humana na ilha havia sido muito pior.

Entretanto, nem o fato de estar sob a mira da magistrada Anderson e cercado por dezenas de outros soldados da milícia rebelde intimidou o mutante. Ele abaixa a arma da oponente e continua a falar:

— Além disso, eu trouxe o que vocês pediram.

Gambit tira de dentro do sobretudo um pacote cuidadosamente embalado.

— Há alguns anos, o governo americano desenvolveu um traje imune a emanações eletromagnéticas. — explica a magistrada, se apoderando do embrulho — Esse item será de inestimável valor em nossa luta contra o mestre do magnetismo.

— Só espero que cumpram sua parte do acordo, mes ami...

A magistrada acena e um dos soldados que a escoltam entrega um envelope para o ladrão. Tratam-se das plantas da cidadela central do governo genoshano. Com elas, será muito fácil chegar até o computador central.

— Acho que prefiro não saber o que você veio buscar. — alfineta Anderson.

— Você não gostaria mesmo de saber, ma chere.

Ditas essas palavras, os soldados permitem que Gambit parta sem maiores problemas.

Logo que está fora de alcance, ele se permite um leve sorriso. Ele poderia ter invadido o Pentágono para roubar o traje que entregou aos humanos, mas teria sido demorado demais. Foi mais rápido criar uma falsificação.

A magistrada Anderson não vai ficar nada contente quando perceber a farsa, mas Gambit não se preocupa com isso. Afinal de contas, ele não pretende ficar na ilha por muito tempo.

Pendurado de ponta cabeça sobre o vigia, Gambit observa silenciosa e sorrateiramente o monólogo solitário do mutóide:

— O mestre disse pra vigiar. — ele pondera em voz alta — Não importa que o mestre tenha morrido. Não importa que a cidadela esteja destruída. O mestre disse pra vigiar!

Os mutóides são uma raça artificial criada a partir dos mutantes de Genosha para realizar as tarefas consideradas menos dignas. Eles são geneticamente compelidos à obediência. Isso explica a relutância do vigia em abandonar seu posto, mesmo entre as ruínas de todo o sistema de governo na ilha africana.

Com um movimento rápido, LeBeau acerta a cabeça do mutóide com o cajado retrátil que sempre carrega consigo. Este não foi o único soldado que ele deixou desacordado pelo caminho.

Se o sistema de segurança do Quarteto Fantástico não foi capaz de deter o mutante cajun, muito menos a tecnologia empregada na cidadela central genoshana. Ele está se encarregando de inutilizar mais uma das inúmeras fechaduras eletrônicas pelas quais passou quando reconhece uma voz extremamente familiar atrás de si:

— Você está brincando muito longe do seu quintal, gato! — diz Vampira — Quem te disse que seria bem-vindo aqui?

Ao terminar a frase, a mutante de mecha branca nos longos cabelos arremessa Gambit para o outro lado do corredor em que se encontram.

— Oi pra você também, ma chere... — diz o ladrão jogado nos destroços que restaram da batalha que destituiu o governo genoshano — Você já deveria saber que eu não costumo respeitar o limite de propriedades alheias.

A garota se aproxima dele de maneira ameaçadora. Mais contida porém, ela pergunta:

— O que veio fazer aqui, Remy?

— O que mais? Eu vim a trabalho. — responde o cajun, se recuperando da queda afligida a ele pela ex-x-man — Mas de que isso importa, quando a verdadeira pergunta é "o que você está fazendo em Genosha?".

— Eu estou do lado de Magneto. — os olhos verdes de Vampira baixam, envergonhados da verdade que deixa seus lábios. Ela sabe que os X-Men a considerarão uma traidora — Eu realmente acredito que ele pode fazer alguma coisa boa para as pessoas desse país.

— Que grande forma de começar isso, chere! Destruindo a capital do país!

Gambit limpa a sujeira de seu sobretudo, deixa o característico sarcasmo de lado e volta a falar:

— Você nunca foi uma traidora, Vampira. Eu por outro lado sempre fui um ladrão. E meu maior trunfo como tal foi roubar seu coração.

As paredes e o piso da cidadela se abalam ao som dessas palavras. Não apenas pelo impacto que elas tiveram para Vampira. Principalmente pela aproximação rápida e sorrateira de Magneto.

— Se esse foi seu maior roubo — esbraveja o mestre do magnetismo, cavalgando as ondas magnéticas que o permitem voar — então você é mesmo um fracasso como ladrão e como homem!


Continua...


:: Notas do Autor

Esta edição faz parte da saga Imperius X! Confira a seqüência de leitura:
:: Prólogos:
X-Men # 14
Gambit # 01
:: Fase 1:
X-Men # 15
Gambit # 02
:: Fase 2:
X-Men # 16
Gambit # 03
X-Factor # 01
:: Fase 3:
X-Men # 17
Gambit # 04
X-Factor # 02
Mística # 01
:: Fase 4:
X-Men # 18
Mística # 02




 
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