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Capitão América # 01

Por Rafael Borges

América — Parte I
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Calor.

É tudo o que Victor Fries consegue enxergar para todos os lados em que olha nesta manhã ensolarada de Nova York. Em cada centímetro de seu corpo, ele pode sentir as gotículas de suor formando-se lentamente, mesmo sob o traje térmico especial que recobre sua pele.

Anos atrás, seus experimentos na área de criogenia quase acabaram com sua vida, quando foi acidentalmente banhado em uma solução congelante. Como resultado, a química de seu corpo foi radicalmente alterada, a ponto de ser impossível a ele sobreviver fora de ambientes ultra-refrigerados. Para escapar dessa limitação, o cientista desenvolveu um traje regulador de temperatura para sustentar sua vida.

Hoje, ele é mais conhecido como o Sr. Frio.

Há quase duas horas, ele e seus três capangas contratados obrigaram todos os turistas e seguranças a deixar a ilha da Estátua da Liberdade. Bastou usar o raio congelante de sua armadura em um dos policiais que montava guarda para convencer a todos que a melhor opção era obedecer.

Em contato com os negociadores da polícia de Nova York, a única exigência de Fries foi a presença de uma equipe de TV. Depois de alguns acertos, ele foi atendido. A equipe da rede Galáxia inclui uma repórter, o cinegrafista e um técnico que cuida da transmissão. Todos os três se encontram devidamente sob a mira dos capangas do vilão e aguardam para iniciar as transmissões.

— Vamos começar! — depois de alguns minutos afastado dos demais, o Sr. Frio retorna para ditar as ordens. Não foi fácil para ele tirar da mente a sensação sufocante que o sol lhe traz.

— Boa tarde, senhoras e senhores expectadores. Estamos falando diretamente da Liberty Island, onde um evento surpreendente promete alterar a rotina dos cidadãos novaiorquinos, bem como a paisagem da cidade. — a repórter, de microfone em punho, dispara a falar para a câmera — Ao meu lado está o homem que...

— Chega de conversa fiada! — impaciente, o criminoso empurra a repórter e esbraveja — Para aqueles de vocês que ainda não acreditam na seriedade de minhas palavras, aqui vai uma demonstração de meu poder!

Frio se afasta da câmera, e aciona o raio congelante em seu traje. A poderosa rajada anti-térmica atinge em cheio à base da estátua, ruidosamente. Pouco a pouco, uma camada de gelo se forma ao redor da construção até que, da cabeça aos pés, a estátua está totalmente envolta.

— Dez milhões de dólares, estão me ouvindo? — Fries se volta uma vez mais para a câmera — Dez milhões de dólares ou podem dizer adeus à sua preciosa estátua!

— É isso, mesmo senhoras e senhores. — a repórter se apressa em retomar o microfone e continua sua narração — E você viu primeiro aqui! Para a Rede Galáxia de TV, meu nome é Sharon Carter.

Ao som dessas palavras, o Sr. Frio hesita.

— Carter? — ele indaga — De onde eu conheço esse nome?

Aproveitando a distração do criminoso, a mulher desfere um golpe de direita que o leva ao chão.

— Pra você, é Sharon Carter, agente da SHIELD!

Antes que qualquer atitude possa ser tomada pelos capangas do vilão, a Agente 13 já os desarmou com pequenas lâminas que estavam escondidas em seu cinto e que ela arremessa com precisão cirúrgica.

Infelizmente, o Sr. Frio já se recuperou do golpe que sofreu. Pegando Carter ainda desprevenida, ele usa o raio congelante para prender as duas mãos da oponente em um grande bloco de gelo. O peso é tamanho que a mulher cai ao chão, impotente.

— E agora, agente Carter? — pergunta o criminoso, apontando sua arma — O que tem a dizer antes que eu te transforme em uma bela estátua de gelo?

Queime!

As palavras vêm do alto. E quando Fries se volta para saber quem as proferiu, a cúpula de vidro que protege seu crânio do calor é abruptamente destruída. Ela foi atingida em cheio pelo característico escudo listrado do Capitão América.

O herói, que se preparava para pousar de pára-quedas na ilha, se desvencilha do equipamento a alguns metros de altura e salta diretamente para o chão. Ele ainda encontra tempo para desferir alguns golpes contra os capangas, que ameaçavam se recuperar e poderiam criar algum problema.

— O que vamos fazer com a estátua? — pergunta a agente Carter.

— De nada por ter salvo a sua vida. Outra vez. — o Capitão deixa escapar um sorrisinho com o lado esquerdo da boca. Enquanto fala, ele usa seu escudo para partir o gelo que aprisiona a amiga — Não precisamos fazer nada. O sol do meio-dia deve fazer o serviço dele e descongelar tudo. Aliás, por que você esperou tanto para atacar? Poderíamos ter perdido um símbolo da nação aqui...

— Pode parar, Steve! — interrompe Sharon, ainda se livrando dos últimos restos de gelo em seus pulsos — Você sabe que eu não podia atacar enquanto ele estivesse atento. Além do mais, não me venha com discursos. Foi você que fez questão de saltar em um pára-quedas com estrelas e listras!

— Para seu conhecimento, eu não escolhi a cor! — responde Steve Rogers — Esse foi o primeiro modelo que Nick Fury tinha a oferecer....

— Com licença... — o técnico que chegou a ilha junto com a equipe de TV interrompe a discussão — Eu estou ouvindo os informes. Parece que alguma coisa aconteceu na cidade.

— É claro que aconteceu alguma coisa! — retruca a agente — Nós salvamos a Estátua da Liberdade!

— Não é bem isso... — disse o homem, atento ao fone de ouvido que usa para se comunicar com a estação de TV — Explodiu uma bomba em Wall Street... muitos feridos... tem alguma coisa a ver com o Falcão. (*)

Sam?! — exalta-se o Capitão América. Ele tem um passado em comum com o herói conhecido como Falcão.

Duas semanas depois

— Eu sabia que ia te encontrar aqui!

Vestida em trajes civis, ninguém poderia dizer que Sharon Carter é uma das mais experientes agentes da SHIELD. Afinal de contas, qualquer um estaria mais interessado em sua beleza incomparável. Ela adentra o quarto de hospital que abriga Sam Wilson com cuidado para que o salto alto não faça muito barulho e põe a mão sobre o ombro de Steve Rogers.

— A responsabilidade é minha. — diz o Capitão, com a voz fraca. Ele se encontra parado de pé ao lado do leito do amigo comatoso.

— Ele não é mais seu parceiro, Steve. — responde Carter — Sam é um homem e agiu como um herói naquele dia. Se não fosse por ele, as coisas poderiam ter sido bem piores.

A mulher conclui a frase esboçando algo parecido com um abraço desajeitado. Ela não se sente mais totalmente à vontade com o homem ao seu lado há algum tempo, mas quer confortá-lo do fundo de seu coração.

— Eu sei de tudo isso, Sharon. Não sou responsável por Sam ser ter sido um dia meu parceiro. Mas era minha responsabilidade defender meu país dos ataques estrangeiros. Foi para isso que eu me tornei o Capitão América há tantos anos.

Sharon se afasta ao perceber a determinação na voz do Capitão. Ela procura as palavras por um instante antes de voltar a falar:

— Você não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, Steve.

— Não, mas eu deveria estar lá. O Falcão foi chamado para tentar evitar o atentado a Wall Street pelos nossos antigos contatos com o governo. Seu eu não tivesse desfeito os meus laços com o exército há tanto tempo, eles teriam chamado a mim.

O Capitão abaixa seu olhar e fita intensamente o amigo inerte. O som dos aparelhos que o mantêm vivo só ajudam a completar o clima tenso. Steve Rogers respira profundamente, e se volta novamente para a mulher ao seu lado:

— Eu já falei com o presidente Bush. — ele diz — A partir de amanhã, estou retomando meu lugar nas forças armadas. Nós vamos atrás do homem que ousou atacar a América. E eu prometo que o maldito não ficará impune!


:: Notas do Autor

(*) Para saber exatamente o que aconteceu com o Falcão em Wall Street, leia a edição O Eleito — O Vencedor, que mostra a vitória do candidato Lucis Fox na corrida presidencial americana. voltar ao texto




 
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