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Nick Fury, Agente da SHIELD # 01

Por Danilo 'Doc Lee' Anastácio

Nova York, aeroporto internacional, 1:34 da tarde.

O aeroporto hoje está mais movimentado do que de costume. De um avião, vindo diretamente da Alemanha, desce uma grande comitiva com cerca de trinta imigrantes daquele país para os Estados Unidos. Todos homens, com a mesma feição: cabelos loiros claros, fisicamente bem constituídos, com olhos vazios. Todos empunhando malas pretas, com a mesma missão — e prestes a iniciá-la, em larga escala. A única pessoa que pode ajudar no momento está presa com o chefe deles.

Swastika Eyes (*)

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A mesma cidade, três horas e meia antes.

A luz do sol já bate no quarto há um bom tempo, mas ainda não alcança os rostos da condessa Valentina Allegra de la Fontaine e de Nick Fury, ambos agentes da organização secreta chamada SHIELD. Os corpos nus estão entrelaçados junto com o lençol de seda cinza, dormindo. Ambos já tiveram um caso no passado, mas isso não os impediu de terem uma recaída. Para Nick Fury, foi mais uma noite de sexo. Para Valentina, uma possível futura volta. Ou, para ambos, apenas um pouco de diversão no meio da atribulada vida que levam como agentes secretos.

Mas a SHIELD não se importa com isso: faz o telefone celular de Fury tocar e acordar o casal. O caolho respira fundo e, depois de cinco toques, atende meio irritado o aparelho:

— Que foi?

— A sua missão na noite passada era transar com sua colega de trabalho, Fury? Quando será que a SHIELD vai me passar uma missão dessas?

— Ah, oi, Dum-Dum. Isso não foi missão da SHIELD, foi um trabalho freelance. — responde Fury, enquanto vê a condessa acordar sobre seu peito.

— Haha, sei! Ganhou muito por ele?

— Você nem faz idéia. — Fury vê a condessa beijar seu peito — Mas você me ligou pra perguntar da minha vida sexual, pervertido?

— Não, não. Exatamente o contrário: mandaram avisar que você tem uma nova missão.

— Ah, que beleza. — Fury vê a condessa beijar seu umbigo e põe um charuto na boca — Que que foi dessa vez?

— Coisa simples. Não sei se você notou que a imigração de alemães vindo aqui pros Estados Unidos está aumentando exponencialmente nos últimos meses, em especial no último?

— Li algo sobre isso. Uh! — Fury vê a condessa beijar uma parte mais ereta de seu corpo.

— "Uh"? Você gosta disso?

— Deixa pra lá, continua a história! — Fury vê a condessa chupar a tal parte de seu corpo lentamente.

— A gente achou isso tudo muito estranho. Mais de duzentos alemães vindos do mesmo lugar, todos parecidos fisicamente, morando próximos de locais como o prédio da Chrysler, a Casa Branca, a Golden Gate, o Empire State. Isso soa suspeito para a SHIELD.

— Isso soaria suspeito pra qualquer — uh! — americano atualmente, Dugan.

— Exato. E é pra salvaguardar a vida desses quaisquer americanos que você entra. A sua missão é vigiar o apartamento de um desses alemães e ver se o cara parece realmente perigoso. Outras informações devem chegar a qualquer momento até você via e-mail, e você estará recebendo um novo brinquedinho pra auxiliar na missão. OK, Fury? Fury?

— Eu já entendi, pô. — ah — só uma coisa: por que não chamam o Capitão América?

— Você é quem precisamos, Fury. Qualquer dúvida, é só ligar. Até mais.

— Tá.

Ele desliga o telefone e o põe no criado-mudo, observando Valentina.

Rua próxima do prédio da Chrysler, madrugada

Nick Fury estaciona seu Maverick 76 diante de um prédio antigo. Olha pela janela para verificar o endereço e confirma lendo num papel que lhe foi entregue. Em seguida, apaga seu charuto e desliga o rádio do carro, onde ouvia um CD da banda Cactus. Pega uma caixa do banco do carona.

De dentro dela, o agente tira um controle remoto com uma pequena tela nele. Junto do controle há um minúsculo objeto de metal, que Fury lembra se tratar de algo que seu colega Dum-Dum Dugan costumava chamar de flyspy: uma mosca disfarçada que contém uma câmera e um microfone. A tal flyspy pode ser controlada por controle remoto e, para evitar problemas de transmissão, Nick decidiu parar seu carro próximo do apartamento do alemão que ele tem que vigiar. Ele então abre a janela do carro e controla a flyspy, fazendo-a voar até o segundo andar do prédio.

Enquanto Fury se diverte com o aparelho, dentro do apartamento um homem loiro sai do banheiro.

"Nada de mais até aí." — pensa o agente secreto de tapa-olho, assistindo pelo visor do controle remoto. O suposto alemão liga a TV e deita-se na cama, assistindo-a tranqüilamente.

"Hm, um cara que assiste a Seinfeld e não ri só pode ser terrorista estrangeiro." — conclui o agente enquanto move a mosca pra perto da televisão.

O espião leva a flyspy para a cômoda do apartamento, onde encontra algumas peças de roupa bem arrumadas e uma edição recente de Mein Kampf, livro escrito por Adolf Hitler. Fury fica encucado com aquilo, mas prossegue em sua investigação. É quando se aproxima da mosca uma enorme mão — mas Nick consegue desviar dela com certa facilidade, graças à grande agilidade da pequena mosca eletrônica, e abre um sorriso sacana após sentir-se como uma verdadeira mosca do tipo que atrapalharia o sono de qualquer pessoa.

Um telefone celular toca. É o que está sobre a cama do homem loiro, e ele atende o aparelho prontamente.

Hallo?

"Diabo, o desgraçado tá falando alemão, e com um sotaque ferrado!" — pensa Fury, acionando rapidamente o sistema de gravação de som da flyspy.

Hat der Leiter den Anfang der Mission autorisieren? Gut.

A mosca tenta se aproximar do telefone celular para tentar gravar o som dele, mas o alemão o afasta.

Dann werde ich mich für den Überfall bereiten. Ja. Richtig.

O homem tira uma caneta do bolso, um pequeno bloco de notas de cima da cômoda e começa a escrever algo nele.

Ich notierte. Ich werde sorgen. Der Roteschädel wird auf unsere Arbeit stolz seinen.

Nick Fury entende duas das palavras que o alemão fala.

— "Roteschädel"...? Filho da mãe! — murmura o agente para si mesmo.

Abschalten.

A flyspy tenta ver o que está escrito no bloco, mas o alemão fecha-o antes que o objeto consiga mostrar qualquer coisa a Fury.

Em seguida, o misterioso homem põe algumas roupas dentro de uma mala preta, veste um terno cinza, fecha uma das janelas e deixa o apartamento. Segundos depois, sai do prédio e passa pela calçada olhando para o carro de Nick Fury, ainda que não consiga ver nada de dentro do veículo devido à película escura dos vidros deste.

Após o tal homem virar a esquina, Fury sai do carro, engatilha uma pistola e decide investigar o apartamento. Tenta entrar pela porta da frente, mas ela está trancada. Sem muito esforço, consegue entrar pela escada de incêndio no fundo do prédio, subindo nela por alguns sacos de lixo.

Dentro do apartamento, o espião começa a revirar as coisas do alemão, mas não encontra nada que ele considere importante. Mas o bloco de notas dele ainda está lá. Fury o abre e lê "FICK DICH, FURY!" (**) em letras garrafais. Nick ergue uma das sobrancelhas.

O agente abre a primeira gaveta do único criado-mudo do quarto. Nesse momento, na esquina, o alemão aperta o botão "send" do seu celular. Nick encontra uma caixa.

Segundos depois, tudo que está dentro do apartamento é incinerado graças à explosão de uma bomba escondida dentro da caixa.


:: Notas do Autor

(*) Agradecimentos a Iuri Carlson Carneiro, Conrad Pichler e Lucio Luiz pela ajuda. voltar ao texto

(**) "Foda-se, Fury!", em alemão. voltar ao texto





 
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