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Lobo # 10

Por Lucio Luiz

Eixo Rio-São Paulo

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Jogo entre Vasco e Flamengo no Maracanã. O estádio está lotado para assistir mais um embate entre os dois times mais populares do Rio de Janeiro. Porém, um embate bem mais violento está prestes a acontecer... se bem que, do jeito que está o futebol atualmente, fica difícil saber o que é mais violento... mas voltemos à história.

No meio da partida, quando o Vasco já vence por sete a zero, surge um estranho ser do céu e cai em cima do goleiro vascaíno. A torcida flamenguista delira. Pouco tempo depois, um ser branquelo numa moto voadora cai no extremo oposto do campo, em cima do goleiro do Flamengo. É a vez da torcida do Vasco da Gama vibrar.

Lobo (acredito que já tenha dado para perceber que o ser branquelo é o Lobo, não é?) olha em volta, vê todas aquelas pessoas e então percebe onde está.

— Ah, é esse frag de futebol. — fala o último filho de Czárnia — Tinha um troço parecido lá em Czárnia, mas acabou depois que eu quebrei todo o time da minha cidade... isso pode ser divertido... mas primeiro o trabalho, depois a diversão. Cadê aquele filho duma cadela apokoliptiana?

Lobo vê seu adversário do outro lado do campo e resolve então arrancar o uniforme de um jogador vascaíno que se aproxima, preocupado, tentando perguntar se está tudo bem. Pegando a bola que jaz no fundo da rede flamenguista, Lobo corre e conduz a pelota até o outro lado do campo, não sem quebrar o tornozelo de cada jogador do Flamengo que entra na dividida.

Nesse momento, Fogo finalmente chega ao estádio. Ela não tem tanta velocidade para acompanhar os dois brigões. Beatriz da Costa fica completamente espantada com o que vê.

— Droga! — exclama — Esqueci que hoje tinha jogo! Devia ter programado o vídeo para gravar!

Depois desse breve momento de reflexão, ela vê Lobo com o uniforme vascaíno quebrando alguns jogadores flamenguistas.

"Até que ele tem bom gosto." — pensa ela (*). Mas lembra que é uma heroína e, por isso, precisa salvar a todos, independente de ideologia, religião ou time de futebol.

Do outro lado do gramado, Lobo esquece os jogadores e volta sua atenção para seu inimigo, agarrando-o. Porém, este rapidamente se desvencilha de suas mãos e corre para o círculo central. Fogo, plenamente consciente de que seria suicídio lutar diretamente com qualquer um dos dois, resolve tirar todos os feridos do estádio. Os que nada sofreram já se dirigiram à saída há muito tempo. Só a torcida permanece, vibrando, pulando e xingando o juiz.

— Seu frag! Vou pegar tua frag e enfiar na tua frag até você dizer frag! Frag! — diz, poeticamente, Lobo para seu estranho oponente.

Fogo, desesperada, tenta mais uma vez usar seu poder de flamas verdes, desta vez na direção dos dois problemáticos. Se das outras vezes seu poder tão idiota mostrou-se magicamente poderoso (**), por que justo agora não iria funcionar?

— Agora vocês vão ver o que é bom pra tosse! — diz a heroína, que é orgulho nacional.

— Você ouviu alguma coisa? — pergunta Lobo a seu adversário, comprovando que não sentiu nem cócegas com o ataque de Fogo. Em seguida, acerta um soco na cara do estranho.

De repente, um estrondo assusta a todos! O chão começa a tremer e ocorre uma explosão que lança Lobo e o estranho ser para as duas pontas do estádio! Os torcedores começam a vibrar e comemorar! Um buraco se forma no meio do estádio do Maracanã! Uma espécie de fantasma sai da cratera e, logo em seguida, desaparece! O estranho ser sorri e sai voando do estádio! Lobo chama sua moto e vai atrás dele! Fogo não entende porcaria nenhuma e vai atrás deles de novo!

— O que esse frag quer? Não tô entendendo! — diz Lobo, enquanto persegue o inimigo — Parece que ele foge de mim e pára quando quer, pô!!! Ninguém sacaneia o maioral! Quando eu pegar ele, vou fazer picadinho de frag e servir os pedacinhos pros meus golfinhos!!!

"O que esses loucos querem?" — pensa Fogo, sempre atrás dos dois pirados — "Não estou entendendo nada! Ainda estamos sobre Nova Iguaçu e já estou morta de cansaço, mas eles continuam à toda! Parece que aquele cara esquisito é mais rápido que o Lobo, mas o branquelo conseguiu pegá-lo no Maraca! E ainda teve aquele fantasma... Será que ele tem alguma coisa a ver com algum dos dois?"

Algumas horas depois, a perseguição chega a São Paulo. Fogo fica para trás, pois já não agüenta tanto cansaço. Só mesmo sua perseverança a manteve na cola da violenta dupla até agora. Mesmo assim, Beatriz usa suas últimas forças para chegar até o Largo do Arouche, mas acaba desmaiando por lá.

Levemente tonta, ainda sem saber se está acordada ou sonhando, Fogo ouve uma voz, mas só consegue enxergar um arco-íris se desmanchando no ar.

— Fogo... Fogo...

— Quem está aí? — geme Fogo — Quem é você? Me ajude, por favor, tenho que impedir...

— Fogo... Vou lhe ajudar... Mas ouça-me...

— Quem é você?

— Apenas ouça-me... — responde a voz — Esse dois, o ser alienígena e o ser infernal... eles fazem parte de um plano muito maior...

— Quem é você? — insiste a heroína.

— Cala a boca e ouve, pô! — responde a voz, em tom irritado.

— Desculpa...

— Os dois... precisam ser detidos ou um mal muito grande surgirá... um já foi... faltam quatro...

— Você está falando do negócio que parecia um fantasma lá no Maracanã?

— E ainda piorará...

— Mas quem é você?

— Em breve, você saberá...

Nesse momento, Fogo acorda, sendo lambida por um cachorro no meio do Largo do Arouche. Ela recobra seus sentidos e esquece por um momento do estranho sonho que teve (mas que serviu para meu querido leitor ter uma idéia do que a trama macabra reserva para o futuro. Não? Mas tu tá marcando touca, hein?).

Fogo ainda está um pouco tonta, mas consegue ouvir no rádio de um jornaleiro próximo, que o helicóptero de trânsito da estação informa a presença de dois monstros lutando no meio da avenida Paulista, causando transtorno no trânsito de São Paulo (como se o trânsito de Sampa já não fosse transtorno por si mesmo).

Rebobinando um pouquinho a fita... Lobo persegue o estranho ser até que ele pára no meio da avenida Paulista, olhando para todos os lados como se procurasse algo.

— Agora te peguei, seu neto de um urubu cairniano! — grita o czarniano — Vou te estraçalhar até não sobrar nada para contar a história! Nem autor de fanfic vai querer saber de você!

Lobo agarra seu inimigo (eu sei que está ficando chato chamá-lo de "estranho ser", "inimigo", "adversário" e coisas do gênero, mas o cara ainda não tem nome, o que posso fazer?) e dá um certeiro chute em uma região delicada de sua anatomia.

Dois homens de terno e gravata, com feições bastante sisudas, interpelam nosso querido alienígena:

— Ô meu, por favor, nóss queremoss trabalhar, mass o senhor está atrapalhando a gêinte!

— Isso messmo, meu! Oss senhoress criaram um engarrafamento maior do que o normal aqui em Sampa. Nóss podemoss pagar um chôpis e doiss passtel para oss senhoress pararem de noss atrasar para o trabalho! Temos que trabalhar! Trabalho! Trabalho! — o outro homem engravatado dá um tapa no que estava falando — Obrigado, meeeu; é que esssa palavra é tão bonita que eu não me controlo...

— As duas bicha querem trabalhar, é? — pergunta delicadamente Lobo, esquecendo por um momento seu principal inimigo — Então eu vou ajudar vocês a chegarem mais rápido no trabalho!

Lobo agarra os dois homens e os joga, com uma força incrível, por sobre os prédios da avenida Paulista. Só dá tempo de ouvir, bem distante, um deles dizendo:

— Obrigadooooooooo...

O maioral olha para os lados e vê que o estranho ser está correndo na direção de um prédio esquisito, no qual está escrito Museu de Arte de São Paulo. Lobo corre atrás, pisando em todos os carros que estão no caminho (na verdade, só havia uns 375 táxis).

Fogo finalmente chega à avenida Paulista. Ela demorou um pouco mais porque a cada informação que pedia, as pessoas indicavam um caminho diferente. Apesar de ficar meio perdida, acaba chegando no momento exato em que Lobo alcança o estranho ser na frente do MASP.

Os dois voltam a lutar quando Fogo relembra as estranhas e desconexas palavras que ouviu em seu estranho e desconexo sonho (repetitivo, não é?). Segundo a voz, eles precisam ser detidos, ou poderá aparecer outro fantasma como no Maracanã...

Sem ter a menor idéia de como deter dois monstros que poderiam fazê-la em pedacinhos sem muito esforço, ela tenta entrar em contato com seus antigos amigos da Liga da Justiça e do heroísmo norte-americano. Arranja alguns cartões telefônicos numa banca de jornal e resolve ligar.

Como só acha orelhões quebrados, ela percebe que cabe a ela própria salvar o mundo e voa na direção dos dois, disposta a sacrificar sua vida em prol da humanidade.

Quando vê novamente a dupla destruidora, Fogo sente um tremor estranho e ouve uma explosão. O prédio do MASP se divide ao meio e surge um enorme buraco, do qual emerge uma espécie de fantasma, exatamente igual ao do Maracanã, que tão depressa quanto surgiu, some.

O estranho ser exibe um sorriso de satisfação e escapa das garras de Lobo, voltando a voar rapidamente. Lobo pega sua moto e mais uma vez passa a perseguí-lo. Fogo tenta acompanhá-los, mas o cansaço é tão grande que nossa heroína novamente desmaia.

— Não é possível! Ninguém foge do maioral assim! — resmunga Lobo, pilotando sua veloz moto — Esse filho de chocadeira vai ver só! Eu queria ferrar com ele na porrada, mas vou usar meus brinquedinhos! Ha, ha, ha!!!

Apertando um botão no painel de sua moto espacial, Lobo faz surgir três lança-mísseis, que disparam em direção ao estranho ser, que, não esperando por essa intervenção da tecnologia, é pego desprevenido.

O inimigo de Lobo cai após ser atingido pelos mísseis e nem percebe que uma saraivada de tiros já estava preparada na seqüência.

A moto SpazFrag666 continua mostrando suas surpresas. No modo automático, baseado em sua inteligência artificial com compostos orgânicos ilegais, o veículo permanece em sua fúria e violência utilizando todo seu armamento contra o estranho ainda sem nome.

Lobo salta da moto e resolve conferir pessoalmente os restos mortais de seu tão odiado adversário.

— Agora esse piolhento viu que ninguém provoca o maioral... — mas, ao se aproximar, Lobo se surpreende — O quê?...

Nesse momento, do meio da fumaça, o estranho ser levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Lobo fica estupefato por um rápido momento, mas logo em seguida range os dentes e ameaça:

— Tu é durão mesmo, hein! Mas ninguém é mais durão que o Maioral!

Lobo agarra seu inimigo e aplica uma seqüência de socos e sopapos muito rápida para não dar tempo de reação nem de fuga. Quando o ser está prestes a desmaiar, Lobo sente um leve tremor e tropeça em suas próprias pernas. O outro aproveita para fugir voando.

Lobo vê aquela silhueta no céu e promete:

— Agora eu tô tão puto que vou ficar dando porrada nesse bastardo filho duma cadela durante uns cem anos sem parar!

Ainda caída após a batalha em São Paulo, Fogo é acordada por um velho amigo:

Você? — diz ela, ao abrir os olhos.

Sim, é ele. Mas os leitores só saberão quem é ele no próximo capítulo. Bwa-ha-ha-ha!!! Sou muito mau!!! Bwa-ha-ha-ha!!!


No próximo capítulo:

— Uma nova visão do planalto central! (Bom, na verdade o próximo capítulo é ambientado em Brasília, mas não tem nada de tão especial em relação à nossa querida capital federal...)

— Um mistério finalmente revelado! (Bom, na verdade será mostrado quem é o "ele" que a Fogo viu, mas alguns mistérios ainda continuarão, caso contrário todos param de ler...)

— Uma história como jamais se imaginou! (Bom, na verdade não vai ser tão criativa assim, já que histórias de super-heróis existem há tanto tempo que ser criativo nesse ramo não é pra qualquer um — acho que já usei essa frase...)


:: Notas do Autor

(*) Os editores de Lobo no Hyperfan, Cesar e Otávio, vêm por meio desta declarar que as preferências futebolísticas do Lobo não refletem a opinião oficial deste site (supondo, é claro, que esse site tenha uma opinião oficial...). Todavia, não negamos a nossos personagens que tenham seus clubes do coração, mesmo que pareça que TODOS torçam para o Vasco, como nessa história! ;-) Aos leitores, garantimos que faremos um esforço supremo para que surjam também personagens que torcem para clubes de maior expressão, como Fluminense (time do Cesar) ou Inter (time do Otávio). Bwa-ha-ha!

(**) Isso aconteceu na última edição! Você já leu?



 
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