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Por
Rafael Borges
América — Parte II
Rockin' in the Free World
"Avante, Vingadores!"
Essa é a expressão que vem à mente do Capitão América quando ele finalmente consegue pôr abaixo o portão que guarda a fortaleza do Doutor Destino. Infelizmente, não são os poderosos Vingadores que o acompanham nessa missão para derrubar o governo tirânico da Latvéria, mas uma brigada da infantaria de elite do exército norte-americano.
Então, Steve Rogers prefere manter o silêncio.
Há alguns dias, uma bomba explodiu dentro da bolsa de valores de Nova York, em um audacioso ataque terrorista. O Falcão, um dos antigos parceiros do Capitão, foi uma das vítimas desse atentado e se encontra em estado de coma desde então.
Não estivesse afastado do governo por um já longo tempo, Rogers seria chamado para tentar impedir o ataque, no lugar do Falcão. Imediatamente, o Capitão América retomou sua posição no exército e se colocou à disposição do atual presidente Bush e do presidente eleito Fox para qualquer ação que pudesse ser tomada.
George Bush não perdeu tempo. Organizou, em tempo recorde, uma força de ataque a um dos maiores inimigos da América: a Latvéria. Os Estados Unidos já haviam atacado o regime ditatorial do Doutor Destino a algum tempo. Mas, apesar da incursão militar tática, não foi possível derrubar o governo do país, muito menos encarcerar o tirano. (*)
Dessa vez, Rogers assegura que a situação será diferente.
A fortaleza que serve de sede de estado foi bombardeada durante toda a noite pelo porta-aviões aéreo da SHIELD. Quando as forças de Destino mostraram o primeiro sinal de fraqueza, foi a vez de uma invasão terrestre liderada pessoalmente pelo Capitão América.
Enquanto sobe as escadarias do castelo Von Doom e derruba diversos destinobôs — os robôs responsáveis pela guarda pessoal do ditador — Rogers não consegue parar de se perguntar por que os Estados Unidos permitiram que Destino se mantivesse por tanto tempo no poder. Ele sempre representou uma ameaça à segurança mundial.
— O seu presidente o mandou, Capitão América? — indaga Destino.
Sentado em seu trono no meio das sombras, a voz metálica do monarca latveriano surpreende o Capitão, que ainda se desvencilhava de um dos autômatos quando conseguiu invadir o último andar da torre.
— E imagino que você não tenha perguntado a ele as verdadeiras razões para isso, não é? — apesar do tom ameaçador que lhe é peculiar, Von Doom não parece estar preparando nenhum tipo de ataque enquanto fala — Houve um tempo em que eu tinha relações muito boas com a família Bush. Mas a mentalidade dos políticos americanos costuma mudar em tempos de eleições, não é?
Roger joga longe os restos do último robô e empunha seu escudo de forma imponente antes de responder:
— Os homens passam. Os interesses americanos estão acima de tudo!
— Escolha interessante de palavras. — a voz assume um tom sibilar quando deixa a máscara do ditador — Destino não foi o responsável pelo atentado a seu precioso templo da moeda. Fosse esse o caso, restariam apenas cinzas da lata de lixo que vocês chamam de Manhattan.
A provocação é mais do que o Capitão pode agüentar. Com a precisão de sempre, ele arremessa seu escudo diretamente na cabeça do oponente, derrubando-o do trono. Antes que Destino chegue ao chão, o americano já saltou sobre ele. Com sua bota reluzente, Rogers impede que o vilão se levante.
— Agilidade impressionante! Porém inútil. — comenta o monarca caído — Destino já deixou a Europa e fala com você por meio de um de seus servos robotizados.
O Capitão hesita por um instante. Como saber se ele diz a verdade, uma vez que a armadura oculta qualquer traço humano?
— A América nunca colocará suas patas sujas sobre a tecnologia de Destino. — prossegue a voz metálica que deixa o corpo inerte — O castelo é um pequeno preço a pagar!
Rogers finalmente entende a situação e grita em plenos pulmões:
— Recuar!
Sem pensar duas vezes, ele salta através de uma das janelas, escapando por poucos segundos da explosão que destrói toda a torre e a sala do trono. O Capitão usa seu escudo invulnerável para amortecer a queda. Construído com uma liga única de adamantium e vibranium, a arma é capaz de absorver todo o impacto.
— Recuar! — repete.
As explosões que se seguem derrubam uma a uma as torres da fortaleza até chegar aos alicerces. Muitos soldados conseguem escapar em tempo, mas vidas americanas e latverianas são perdidas em meio ao caos de fogo que se desencadeia.
Cada uma de suas almas vai assolar o sono de Steve Rogers nos próximos anos.
— Você captou o áudio? Câmbio.
— Nem me diga, Steve! Estou totalmente surda aqui por causa das explosões. — do outro lado do comunicador, está Sharon Carter, a Agente 13 — O que você acha que o Destino quis dizer sobre ter "relações com a família Bush"?
— Destino sempre foi um mentiroso! — responde Rogers — Agora, se me der licença, há muito o que fazer pelos feridos. Câmbio.
— Nada disso, meu capitão! — o tom irônico da mulher sempre irritou o herói. Por outro lado, sempre foi parte do seu charme — As forças da SHIELD podem cuidar das vítimas e a ONU vai tratar da transição do país para o regime democrático nos próximos meses. Você está sendo requisitado no compartimento do general Ryker imediatamente. Câmbio e desligo.
— As informações acabaram de chegar do Pentágono. — enquanto fala, o general joga sobre a mesa dois envelopes carimbados com a característica expressão "ultra-secreto" — Nós temos, oficialmente, um suspeito.
A cabine do general Ryker dentro do porta-aviões aéreo da SHIELD daria inveja ao próprio Nick Fury. Lembra mais um escritório luxuoso do que uma sala em uma aeronave militar. É o tipo de tratamento oferecido pelo exército aos homens responsáveis pelo comando.
O Capitão América retira a foto de um homem de dentro do primeiro envelope e não tarda a reconhecê-lo.
— É Ra's Al Ghul.
— Este homem é um perigoso terrorista internacional que comanda um culto de fanáticos dispostos a colocar em risco todo o planeta. — explica Ryker, com um tom áspero em sua voz — Ele não apenas tem interesse pessoal na destruição de tudo o que a América representa, como detém os meios para fazer isso.
— Estou ciente do perigo que Ghul representa. — responde o Capitão, preparando-se para abrir o segundo envelope — Farei de tudo para que seja detido.
De dentro do pacote, Rogers retira mapas cartográficos.
— Folgo em ouvir isso, Capitão. — prossegue o general — Nossas fontes têm motivos para crer que, além de ter recebido apoio tecnológico na Latvéria, Ghul está sendo acobertado pelo governo de um país africano.
Antes mesmo que as palavras sejam ditas pelo militar, tudo fica claro.
— Seu próximo alvo é Wakanda.
Continua...
:: Notas do Autor
(*) Saiba mais sobre tudo isso na minissérie O Eleito. 
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