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Aranha # 04

Por Conrad Pichler

Aranha

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"Eu pouso sobre um toldo numa avenida de Manhattan. Olho para todos os lados, procurando o Dr. Octopus, o ladrão de milbraços, e UnT, meu vizinho ladrão-mutante-drogado, não os vejo... até que o zunido volta e, olhando para cima, vejo os braços do ladrão brilhar, refletindo as luzes da cidade... na rua, alguns passantes param na calçada... eles olham para mim... não há tanto espanto, mas sim uma certa "cumplicidade"... estranho, não?... então salto por cima com um impulso forte e plano no ar frio, melhor se fosse quente — eu faria menos esforço. Quando chego ao alto dos 30 andares, UnT está caído no canto e Octopus conta seu dinheiro de dentro da mochila, de costas... com a lufada de vento frio, dou um giro no ar e pouso entre o menino e o ladrão..."

— Velho... — "diz UnT" — essa merda é miiinhaaa!!!

"Ele vira-se, sorrindo:"

— Seu vermezinho... — "ele me vê ali, parada entre os dois" — Se soubesse que você me seguiria... não teria vindo para tão longe... — "sei que ele não tem medo, pois nem desconfia quem eu seja, ou do que sou capaz" — Veja, senhorita, seu amiguinho me devolveu o que pegou... pode ir e leve-o junto contigo.

"UnT levanta-se, apoiando na borda do prédio e no meu ombro... mas ele não tem forças e cai de joelhos..."

— Me dá o dinheiro... eu preciso... quero... — "o rapaz põe a mão na cabeça e apoia os ombros na borda. O dinheiro não pode ficar na mão de nenhum deles, um pode destruir muitas vidas e outro pode destruir a sua... não é problema meu? Muitos diriam que não, mas sei que devo fazer algo, porque posso e porque preciso."

— Ô, Doctopus? Larga essa mochila... você não vai ficar com esse dinheiro. — "o velho usa seus braços para deslizar em minha direção, eu levanto os punhos, ele ri como em deboche... se soubesse que aprendi a lutar, se soubesse que tenho agilidade e força... ele não pode ver a plenitude das minhas capacidades... ria, então."

— Moça, já disse para voltar para casa e esquecer que esteve... — "dou um salto e quico atrás do Octopus (já disse que sou veloz?), quando seus braços chegam perto de mim já estou socando a cara dele."

— Hehehe, sabia que não ia deixar isso pra lá... — "ele não sorri de verdade, está com um ar preocupado nos olhos, então lança seus braços em movimentos sinuosos em minha direção... e assim, eu vejo tudo atrás de mim se desfazer em pó..."

"Eu fluo no ar, como uma folha caindo em movimentos aleatórios e imprevisivelmente fujo dos movimentos simétricos do ladrão. Porém, ele conhece minhas armas de defesa e... põe seus braços metálicos em pontos estratégicos de fuga, deixando-me imóvel... nessa prisão cintilante que reflete a cidade... "

— Moça, é impossível... é impossível vencer... já tenho o que é meu, vá embora. — "ele ainda mais próximo, mas protegido pelos seus braços, me olha, esperando um sinal de desistência, mas a resistência da parede atrás de mim rui... até que, num instante e por um breve espaço, escapo, fluindo em brisa... velozmente volto ao ponto zero, onde a batalha começou: eu diante de UnT, e Octopus ali, com sua face metálica e o brilho de ódio cintilando nos olhos, mais que os braços de metal... é, Octopus me odeia... mas, espere: e a mochila? Octopus raivoso e UnT fora de si esqueceram da mochila, na luta a perdi de vista... o ladrão avança e num canto obscuro, depois de percorrer todo o lugar com o olhar milimétrico que tenho, vejo a mochila vermelha. Octopus lança a fúria cintilante dos milbraços oscilando na minha direção e do rapaz, que lentamente se põe de cócoras... como uma onda de maré que sobe, os tentáculos vêm... mas, como aprendi há tempos, dou um salto e me encolho como uma bola e passo por dentro da onda de metal e alcanço a mochila... mas, como se em alguma rocha arrebentasse, a onda de braços entorna em minha direção... escapo, mas um dos braços me tira a mochila, que voa sobre Octopus e para além da borda do prédio, onde UnT está, o menino vê sua riqueza voar e ele precisa dela. A quer como tudo e então se lança do parapeito... eu posso ver... num segundo que tenho... Octopus percebe seu dinheiro indo, então pára seus braços... salto, a toda velocidade, em direção do menino que cai... ele agarra a mochila e eu a ele, dou um impulso e diminuo a força da queda... caímos sobre o toldo em que outrora estive... UnT desnorteado fica lá caído, escalo as paredes, com a mochila nas costas, usando os vãos e frestas das janelas. Chegando ao topo, encontro a muralha dos braços de Octopus... o zunido no meu ouvido e meus reflexos me tiram da frente dos braços destrutivos, pouso sobre a cabeça do velho que, em um tornado de tentáculos, tenta me tirar de lá. Salto atrás dele, sempre num ponto cego onde suas armas são inúteis, ele se vira e..."

— Ladrão, você perdeu... e vai pagar... — "meus dois dedos tocam a sua fronte, ele hesita e a eletricidade estática que brota de meu ser o invade na freqüência certa para que ele perca os movimentos e tenha todo o corpo como se estivesse dentro de um formigueiro... ele resiste, mas cai."

"Salto sobre o parapeito e olho para o toldo, mas não há ninguém lá... UnT desapareceu e eu fiquei com os três milhões."

"O sol começa a sair, fico ali sentada no alto da abóbora cinza do WCB, meu lar. Da porta de emergência sai minha vizinha, Annie, que tem dois filhos que sempre me lembram Eddie Murphy e Wesley Snipes (e eles adoram a comparação), ela senta-se do meu lado e diz:"

— Eu vi tudo esta noite, Iris. Fiquei quieta por que não queria que o Philly e o Billy entrassem nessa confusão...

"Ela sorri suavemente, eu respondo:"

— UnT usava drogas e estava metido com assaltos e ladrões barra-pesada. — ela pega minha mão e responde ao meu olhar com generosidade, ela sabe o que aconteceu.

— Philly sabia que ele era mutante, mas neste distrito neste lugar, o silêncio é sempre a regra... você é nova aqui e ainda não se acostumou...

— Eu devolvi a grana do roubo ao First Bank. E agora acho que UnT nunca voltará, mas acredito que outros sempre voltarão...

— Octopus? — "ela pergunta, um pouco temerosa."

— Talvez, mas... — "então me lembro da figura de negro..." — Annie, você já ouviu falar de um cara que sempre anda de negro?

— Gato Negro, é assim que me chamam. — "eu e Annie vemos a sombra negra num canto ainda não iluminado pelo sol nascente e alaranjado." — Iris... é esse seu nome, não é? Você tem razão quanto ao rapaz e quanto a minha permanência, porque este lugar é meu território... e tenho uma grande dívida com você, já que assumiu as dívidas de droga de seu amigo, quando desapareceu com meu pagamento... não duvide: sempre estarei aqui, para cobrar o que é meu, mulher que escala paredes.

"Agilmente, ele pula para fora da abóbada cinza e some. Meu coração ainda pula no peito e Annie quase desaparece atrás de mim, se escondendo de medo... mas este medo passa quando o Gato Negro se vai..."

— Iris, tenho uma coisa para você... — "ela me entrega um embrulho, que abro. Dentro, há uma jaqueta de couro negro, com uma aranha branca, estilizada, bordada nas costas..." — Fui eu quem fez, sempre achei que você parecia uma esbelta aranha que habilidosamente paira no ar, como sobre uma teia...

— Você realmente me conhece... obrigada, Annie, jamais vou esquecer da sua amizade... — "olho a jaqueta com confiança e penso no bem-estar daquele lugar e daquelas pessoas" — Eu bem que poderia ser uma mulher-aranha, usar a roupa e o nome de Aranha. — "digo a Annie."

— Sabe de uma coisa, Iris? Sempre quis ver uma heroína poderosa com esse nome e esse símbolo... e você é maravilhosa para isso... Aranha.



 
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