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Ciclope e os Piratas Siderais # 01

Por Rafael 'Lupo' Monteiro

"A revolução nunca é tão lenta nem tão uniforme quanto se afirma. Evolução e revolução se alternam, e a revolução - isto é, o período em que a evolução é acelerada - é parte tão integrante da natureza quanto o tempo em que ela ocorre mais lentamente."
- Peter Alexeyevich Kropotkin (1842-1912)

Revolução

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Sentado na cabine de sua nave espacial, Scott Summers olha pela grande janela o cosmo infinito. Sua mente viaja pela imensidão sideral, imaginando como o Universo é a mais perfeita das obras de arquitetura jamais feita. Ele se pergunta se a mutação que traz em seus genes é fruto de algum plano maior, ou se é mero acaso. O que seria a evolução afinal? Ciclope não sabe com certeza, mas intui que ele e seus companheiros dos X-Men terão um papel fundamental em definir a evolução na Terra.

Mas o que faz Scott Summers ter certeza de que há uma boa razão para a evolução está neste momento saindo de um longo banho. É Jean Grey, sua esposa. O cabelo ruivo molhado gruda em suas costas nuas, e a água escorre por seu corpo enquanto ela se enxuga. É o amor por ela que faz tudo valer a pena, pensa Scott. Todas as guerras, todas as perdas, tudo isso no final compensa sua existência pelo simples fato de que ele a ama.

— O que você está olhando? — ela pergunta enquanto veste suas roupas de baixo, com um pequeno sorriso malicioso em seus lábios.

— Estou pensando que você estava muito melhor antes... quando estava sem roupa!

— Ah,é? — ela pergunta, se divertindo — Pois em menos de uma hora chegaremos à capital do império Shiar, e como nossa recepção vai ser de gala, te aconselho a começar a se arrumar.

— Pois pra mim é tempo de sobra. Até lá, dá pra fazer coisas muito mais interessantes.

Os dois sorriem, e seus olhares soltam faíscas. Ciclope se levanta e dá um beijo em sua esposa. Logo estão na cama sem roupas, se amando e tendo como pano de fundo o Universo infinito.

O império Shiar está em festa. Em dois dias, será comemorado o Dia da Confraternização Universal, quando a imperatriz Lilandra receberá em praça pública um representante de cada um dos povos que é governado por ela. Depois do cerimonial, haverá uma grande festa que durará um dia e uma noite, onde os diversos povos se confraternizarão. Esta é uma maneira simbólica da imperatriz demonstrar que considera todos os seus súditos semelhantes, não importando a raça ou planeta de cada um deles. E para melhorar a festa, desta vez estarão presentes Charles Xavier, o grande amor da imperatriz, Scott Summers e Jean Grey, membros dos X-Men que tantas vezes lutaram ao lado do império, além dos Piratas Siderais, heróis que também defenderam Lilandra.

Neste momento, a Imperatriz está aguardando a chegada de seus convidados. A nave pousa numa gigantesca pista, e se dirige a um hangar especialmente construído para ela. Os tripulantes descem, um a um, sorrindo pela chegada após tão longa viagem.

— Olá, Charles, meu amado! — diz Lilandra, com um sorriso. Ela abaixa-se e beija a boca de Charles Xavier — E vocês todos, como vão?

— Estamos bem. — responde o Corsário.

— Venham, vamos todos ao palácio. Vocês devem estar precisando de um descanso. — afirma a imperatriz.

Um dia se passa e finalmente chega o momento da grande festa. A capital está toda arrumada. Um grande palco está armado na praça central. Uma gigantesca multidão espera pelo momento em que as festividades irão começar. Na entrada do palco, os representantes das diversas raças que estão sob o julgo do império Shiar assistem à tudo. Eles fazem uma fila indiana, esperando pela chegada da imperatriz. No palco estão os convidados especiais, entre eles Ciclope, Jean, o Guardião e os Piratas Siderais, todos sentados em lugares já previamente determinados.

— Scott, sinto que algo está errado. — diz Jean para seu marido, falando baixinho no ouvido dele.

— Qual o problema, querida? Alguém pretende fazer algo de ruim hoje? — Ciclope fica preocupado com as sensações da esposa.

— Não sei... sinto pensamentos ruins em relação à imperatriz. Ficarei atenta!

— Se notar alguma coisa, avise-me. Eu farei o mesmo.

Neste momento, Lilandra entra no palco trajando um belo vestido feito de brilhantes e uma coroa de ouro branco thanagariano. O público a ovaciona, aplaudindo demoradamente. Junto com ela, entra Charles Xavier, vestindo um traje de gala negro. A imperatriz começa seu discurso:

— Povo Shiar! Hoje é o dia de celebrarmos a paz e a prosperidade! Por isso, recebemos representantes de todos os diversos povos que fazem parte de nosso império e celebramos nossa unidade baseada em nossa diversidade! Declaro aberto o Dia da Confraternização Universal!

A multidão aplaude e vibra. Os representantes começam a subir no palco, caminham até a imperatriz e são presenteados por ela com um buquê de flores.

— Ciclope, prepare-se. Um dos convidados irá atacar! — diz Jean, que se levanta e procura por um suspeito.

Neste instante, a imperatriz recebe o representante kree. Outrora donos de um império tão grande quanto o Shiar, hoje eles são apenas mais um povo súdito de Lilandra. Desde o dia em que a Suprema Inteligência explodiu a Nega-Bomba, os krees perderam toda a organização política que possuíam e acabaram sendo anexados ao império Shiar. E nem todos estão felizes com a situação, desejando devolver a seu povo sua antiga glória. E podem fazer qualquer coisa para isso, inclusive um atentado terrorista.

— Lilandra, não! — grita Jean, antes que a imperatriz dê o buquê de flores ao representante kree.

Neste instante, uma voz grita "traidor" na platéia, e invade o palco. A seguir, puxa um pequeno aparelho, parecido com uma caneta, da manga de sua roupa de gala. Na ponta do aparelho há um botão, que ao ser apertado causa a explosão da bomba que o suicida kree trazia junto a seu corpo.

Tudo ocorre muito rápido. Jean, usando sua telecinésia, tenta controlar a explosão. Ela "segura" a bomba, impedindo-a de explodir com toda a potência. Mesmo assim, parte do palco é destruída e Lilandra, Charles Xavier e o representante kree são arremessados violentamente ao chão. Pedaços do suicida voam por toda a parte, sujando de sangue Jean e Ciclope.

Nesse momento, uma nuvem esverdeada encobre Jean e ela tosse até que é tirada dali por Ciclope.

A multidão entra em pânico. A correria é inevitável e muitos são feridos ao serem pisoteados. Cinco vítimas são fatais.

A Guarda Imperial logo entra em ação, tentando acalmar a multidão e prestando primeiros-socorros às vítimas. Os Piratas Siderais auxiliam a Guarda. Ciclope e Jean levam Lilandra e Charles para o hospital.

O Dia da Confraternização Universal, que deveria ser um dia festivo para todos os povos do império Shiar, termina numa grande tragédia.

O bairro Kree localiza-se no subúrbio da capital Shiar. É um local sujo, superpovoado, não se pode andar nele sem esbarrar em alguém a cada cinco segundos. Várias barracas na rua vendem comidas típicas ou bugigangas intergalácticas. Hoje, porém, toda a população abre espaço para a Guarda Imperial.

Liderando-a, está o Guardião. Ele está transtornado pelo que aconteceu à imperatriz no dia anterior. Manda revistar cada loja, cada barraca, cada casa no bairro em busca de informações.

A Guarda fecha o bairro, ninguém entra ou sai de lá. Muitos moradores que trabalham fora do bairro não poderão ir ao serviço hoje. Qualquer um que pareça suspeito é logo preso, e os que resistem sofrem as conseqüências.

Após algumas horas, a Guarda Imperial se reúne e tenta ir embora, mas a população faz barricadas, joga pedras. A reação é dura, e logo um massacre ocorre no bairro Kree.

Os presos são tratados ainda mais duramente nos interrogatórios, seus direitos não são respeitados.

— Guardião, não posso acreditar no que estou ouvindo falar. Você está se excedendo! — diz Ciclope, que acaba de entrar no QG da Guarda Imperial. Junto dele está seu pai, o Corsário.

— Este assunto não é de sua conta, humano. — responde secamente o Guardião.

— Olha, se pensa que vou permitir que isso continue, está muito enganado!

— E quem é você para permitir que eu faça alguma coisa? — responde o Guardião, exaltado — Você é um convidado, Ciclope. Não abuse da nossa hospitalidade!

— Calma, gente! Os ânimos estão exaltados agora, mas todos queremos a mesma coisa aqui. — se impõe o Corsário — Guardião, o que você conseguiu até agora?

— Devo reportar-me apenas à imperatriz!

— E o que você acha que ela diria se soubesse que você está agindo desta maneira? — o tom do Corsário ainda é de conciliação, e não de desafio.

— Você está certo! Somos aliados! — o Guardião respira fundo, e começa a se acalmar — Mas prefiro dizer isso diretamente à imperatriz, se puder.

— Ela não sofreu nenhum ferimento grave, mas ainda está em observação. Acredito que não se oporia à sua visita.

— Tudo bem, Corsário. Vamos encontrá-la, então.

Lilandra ainda está de cama. Os braços enfaixados, algumas queimaduras pelo corpo e duas costelas quebradas a impedem de sair do hospital, mas não ameaçam sua vida. Ela recebe os três visitantes.

— Primeiro, Guardião, quero saber se a história do massacre no bairro Kree é verdadeira.

— Sim, é verdade, imperatriz. — ele responde de cabeça baixa, num tom reverencial — Eu quero capturar o desgraçado que tentou tirar sua vida...

— Não faça nada em meu nome de que irá se arrepender depois! — ela fala, com bondade — Mas quais são as notícias que você tem para me dar?

— Descobrimos com os nossos inquéritos que existe mesmo uma facção kree que pretendia matá-la. E que seu líder se encontra escondido nas cavernas do planeta Kyzzo.

— Quem é esse líder?

— Ele é conhecido apenas como Genengenheiro.

— Deixarei a tarefa de capturá-lo para os Piratas Siderais. Posso contar com vocês, Corsário?

— Sim, estamos sempre às ordens, Lilandra. — responde ele, com um sorriso.

— E a Guarda Imperial? — pergunta, incrédulo, o Guardião.

— Não acho que vocês estejam em condições de agir neste momento.

— Recuso-me a ficar de braços cruzados. Peço perdão, imperatriz, mas não posso aceitar essa ordem.

— Venha conosco, Guardião! — intervem Ciclope — Ajude-nos a capturar esse assassino!

Um silêncio se apodera do quarto, um olhando para o outro, até que Lilandra dá a palavra final.

— Acompanhe-os se quiser, mas lembre-se que qualquer crime que cometa será julgado imparcialmente.

— Sim, minha senhora. — o Guardião ajoelha-se e reverencia sua imperatriz.

Planeta Kyzzo

Em suas cavernas, está escondido o Genengenheiro kree. Mas ele não está sozinho.

— Soldados, a nova guerra começou! Os genes krees estão em busca de sua evolução, e não podemos permitir que nosso povo seja comandado por um império alienígena! Eles mandarão seus soldados para cá, e nós iremos exterminá-los um a um, em nome da Inteligência Suprema e do sangue que corre em nossas veias!

Os soldados vibram com o discurso e entoam antigos hinos de guerra enquanto esperam a hora da batalha.


Conclui na próxima edição!




 
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