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Por
JB Uchôa
Nua
e Crua
A madrugada cai fria
em Gateway City. Caesar Loyal está acostumado a passar
pelas jaulas dos animais do zôo municipal. Hienas sempre
risonhas, leopardos e tigres que o acompanham com seus olhares
lânguidos, macacos barulhentos que repousam na noite fria
em suas jaulas. Por diversas vezes, ele tentou se ver no lugar
deles, por trás das grades. Não seria igual à
prisão, onde cumprimos pena por algum delito moral ou ético,
mas sim como um castigo por ter nascido diferente. Caesar treme
com o pensamento, ele pensa que talvez, algum dia, ele esteja
patrulhando jaulas de mutantes, que são seres humanos iguais
a todos nós, ou talvez só um pouquinho diferentes...
De repente seus pensamentos são interrompidos pelos uivos
dos lobos e gritos dos babuínos, o tremer da terra faz
parecer que um terremoto pode fazer desabar tudo. Em meio a caminhos
estreitos, três elefantes e dois rinocerontes correm rumo
aos portões fechados do zoológico, derrubando-os
como se fossem de papel.
Meu Deus!! Preciso avisar a central! Antes que Caesar
possa pegar o walkie talkie, garras rasgam suas costas,
fazendo-o desmaiar de dor.
Pela manhã, o caos está instaurado na cidade. Mesmo
com a maioria dos animais já presos, a polícia ordenou
estado de sítio, até que todos animais estivessem
na jaula. A Mulher-Maravilha e a Garota-Maravilha estão
ajudando os policiais, garantindo que nem pessoas nem animais
sejam feridos.
Cassie! Não deixe nenhuma bala ferir um animal!
Diana dá as ordens enquanto segura um rinoceronte
branco pelo chifre, detendo seu avanço.
Já falei com a Sontoya, ela garantiu que as armas
utilizadas têm só tranqüilizantes. Enquanto
Cassie voa baixo, impedindo uma manada de zebras e antílopes
de serem atropelados na via expressa, a capitã de polícia
Jane Sontoya dispara três dardos contra uma leoa.
Mulher-Maravilha!!! Um leopardo acaba de entrar
no museu! Grita Sontoya, apontando para as portas do museu
de Gateway. Rápida como o vento, Diana voa, adentrando
o museu à procura do felino.
Helena? A professora Sandsmark está desacordada
e sangrando junto com a nova estagiária do museu, Natania,
que está aterrorizada apontando para o alto da porta. Antes
que a Mulher-Maravilha possa se virar, ela sente uma forte pancada
nas costas e cai no assoalho.
Morra, Amazona!! As garras da Mulher-Leopardo tentam
rasgar o rosto de Diana, mas são impedidas pelos braceletes
de prata.
Bárbara? Eu pensei que você...
Estivesse morta? Presa? Louca? Não me amole, vadia!
Eu quero seu sangue imortal! As garras fazem o laço
da verdade se soltar da cintura da princesa amazona. Apenas se
esquivando do ataque com os braceletes, Diana tenta manter a inimiga
longe de si, de Helena e de Natania.
Você não pode ter conseguido tudo sozinha.
Alguém ou algo está por trás de sua ascensão.
Há! Precisou recorrer à sabedoria de
Atena para uma idéia tão idiota? Claro que
eu tive ajuda!
Desviando de um último golpe da Mulher-Leopardo, Diana
não percebe a rajada de energia que é emitida em
sua direção, até ser tarde demais.
Estúpida como sempre sussurra a autora do
disparo de energia. Circe está por trás da
ascensão da Mulher-Leopardo, assim como de uma nova surpresa
que reservei pra você. Circe sorri e gesticula em
direção a porta, que se tranca. E você,
loirinha, como se chama?
Na-Natania. ela responde, trêmula.
Vejo que você já sofreu muito na vida, tem
um passado que os outros considerariam negro, não é
mesmo? Una-se a mim e terá poder!
NUNCA! Mesmo com medo, Natania sabe o que a Mulher-Maravilha
e Helena Sandsmark fizeram por ela. Sair das ruas, trabalhar no
museu de História antiga e ter a chance de um futuro melhor...
ela nunca iria trair aquela que a considera sua salvadora.
MÃE! Diana!! Cassandra bate furiosa na porta,
numa tentativa vã de abrí-la. Diana, o que está
acontecendo?? Mãããe!! Abre a porta!!
A pirralha! Deixe-me sangrá-la! sugere a
Mulher-Leopardo.
Não... vamos embora. Não sei a verdadeira
extensão dos poderes dela. Na verdade, ela pode ser bem
útil. Pegue a professora e a mocinha chorona e traga conosco.
Novamente Circe gesticula e cria uma bruma rosa que as
envolve.
Deixe-me pegar a amazona.
Não, Mulher-Leopardo! Deixe a princesa aí
mesmo, sangrando no chão. Quero ver até onde vai
a lealdade da Garota-Maravilha para com sua mentora, vendo a mãe
em perigo. Assim, as duas somem em meio às brumas
com suas vítimas, deixando a Mulher-Maravilha desacordada.
Tão logo elas somem, o encanto que protegia a porta dos
poderosos murros da Garota-Maravilha também se desfaz.
A porta vem abaixo.
Ops! Cassie leva a mão à boca com
medo de Helena brigar com ela, mas quando vê Diana no chão
esquece esses pensamentos e corre ao seu encontro. Diana,
acorda!!
Várias horas se passam, a Mulher-Maravilha se recupera
do ataque de Circe, e se encontra na delegacia de polícia,
junto com Jane Sontoya e Cassie.
Nós tivemos algumas denúncias de pessoas
desaparecidas. Três, para ser exata. Não podemos
fazer nenhuma busca antes de 24 horas do desaparecimento.
Três... com Helena e Natania são cinco. Você
tem mais alguma pista, Sontoya? A Mulher-Maravilha faz
a pergunta buscando ser o mais racional possível em sua
análise.
Todos sumiram perto do zoológico. Todos.
Jane responde, cética.
A Dra. Minerva e Circe esperam que a polícia ache
que essas pessoas foram mortas por animais, mas com certeza elas
foram seqüestradas para serem utilizadas em um ritual. Temos
que achar, e rápido, a localização exata.
Garota-Maravilha, quero que procure pela parte leste, enquanto
eu vou fazer um reconhecimento pela floresta atrás do zoológico.
Diana, e se minha... e se eles estiverem mortos?
Cassandra está aflita, pensando na possibilidade de encontrar
Helena morta.
Não pense nisso, criança. Ainda resta tempo,
somente à noite pode ser feito o ritual da Urzkartaga.
Ritual do quê? Pergunta a capitã de
polícia, curiosa.
Depois, capitã. Diana e Cassandra alçam
vôo pela janela e dividem-se em pleno ar para lados opostos
para iniciar a busca. A Mulher-Maravilha está preocupada,
pois a lua já alcança a posição de
nove horas.
Em uma área escondida no interior do bosque, um estranho
idioma é entoado pela feiticeira Circe, enquanto sangra
mais uma pessoa.
Como você pode matar tão friamente?
Questiona Helena, irritada.
Tenho fé de que a amazona nos encontrará.
diz Natania.
E que venha voando para a morte! Bárbara
Minerva bebe o sangue que escorre da jugular do homem negro. Natania
desmaia perto de Helena.
Pobrezinha, queria que estivesse acordada no momento de
sua morte. Circe segura Natania pelos cabelos e prepara
a faca que cortará sua garganta, levanta a lâmina
que brilha sob a lua, e então, de repente, como um anjo
salvador, surge a Mulher-Maravilha. Diana arremessa uma lança
antiga que trespassa o ombro esquerdo da Mulher-Leopardo e a prende
ao chão. Numa velocidade incrível, o laço
da verdade enlaça o pescoço de Circe e Diana a puxa,
prendendo-a pelo pescoço em um alto galho de uma árvore
próxima.
Fuja, Helena! Grita Diana, enquanto quebra com uma
espada as correntes que prendem Natania e a professora Sandsmark.
Vagabunda! Grita a Mulher-Leopardo, arrancando a
lança com o braço direito. Eu vou te fazer
sangrar lentamente!
Eu sou uma guerreira amazona, Mulher-Leopardo, e você
não me pegará desprevenida novamente. Eu sei quem
são meus inimigos.
Circe não consegue se desvencilhar do laço e começa
a perder o fôlego. Enquanto isso, Helena, já afastada
dali, reanima Natania e ambas correm pela floresta à procura
de uma estrada para pedir ajuda. Um enorme leão africano
aparece diante delas com um estrondoso rugido. Acostumado a ser
alimentado diariamente pelos empregados do zoológico, o
enorme felino com certeza não havia caçado nada,
até agora.
Professora Sandsmark, o que faremos? Natania está
aterrorizada, enquanto Helena levanta um pedaço de madeira
grande o bastante para manter o leão afastado por alguns
momentos.
Quando eu gritar, minha criança, corra! O
rugido do leão faz com que Natania desmaie novamente.
Oh, Deus! Não podia ficar pior, podia?
Claro que não, mamãe! Ferozmente,
Cassie segura o leão pela cauda e o atira contra um grande
carvalho.
Cassie! Filha! As duas se abraçam e Helena
chora, emocionada.
Mãe, eu tive tanto medo! Mas viu como eu fui valente?
Você sempre foi uma guerreira, Cassandra! Como todas
as mulheres da família Sandsmark!
Quando a Garota-Maravilha chega ao local do ritual, encontra Diana
dando uma surra na Mulher-Leopardo. A Dra. Bárbara Minerva
mal tem tempo de usar suas garras, de tão rápidos
os golpes que a Mulher-Maravilha desfere contra ela. Ainda presa
na árvore, com o laço da verdade sufocando-a, Circe
invoca novamente suas brumas e se teleporta, antes que Cassie
possa alcançá-la. Com um último golpe, Diana
leva sua odiada inimiga a nocaute.
No outro dia, Jane Sontoya mostra à Mulher-Maravilha fotos
do carro blindado que levava a Mulher-Leopardo para o Arkham.
Como pode ver, Mulher-Maravilha, o veículo foi completamente
destruído. Talvez por algum raio de força.
E os guardas? Pergunta Diana, preocupada.
Mortos. Curiosamente, a autópsia revelou que eles
já estavam mortos antes de serem estripados pela
Mulher-Leopardo.
Qual foi a causa mortis?
Algumas dilacerações cranianas internas,
ou algo assim. Para ser mais precisa... deixe-me ver...
Jane remexe alguns papéis sobre sua mesa procurando a informação
os tímpanos estavam estourados... deixe-me ver o
que mais...
Tímpanos estourados? Então foi um raio sonoro
que estilhaçou o carro! Por Zeus!! Então a surpresa
que Circe reservou pra mim foi... a Cisne de Prata!
:: Notas
do autor
É isso
aí pessoal, todas as inimigas da Mulher-Maravilha de uma
vez só!
Preencham o quadrinho aí embaixo e me diga o que você
está achando dessa nova fase da Maravilhosa. Vale críticas,
sugestões... tudo!
Um abraço e até mês que vem, onde comemoraremos
um ano de edições com a participação
especial do baixinho mais invocado do Hyperfan!
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