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Matrix Especial

Por Rony Gabriel

Amélia É Que Era Mulher de Verdade

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...e é Gol!!!! Gooooool!!!!!!! — diz o narrador, freneticamente, ao sair um baita golaço, virando o jogo para o time da casa. A vibração é geral. O botequim inteiro, em meio aos churrasquinhos e às cervejas geladas do domingo, pula de alegria. O time da casa já não ia para uma semifinal há anos. E, por incrível que pareça, alguns outros até fizeram pouco caso. Talvez não sejam torcedores ou talvez ainda nem sejam brasileiros. Não gostar, nem um "tiquinho", nem em época de Copa do Mundo, de futebol, pode ser sinal de que não corre sangue brasileiro naquelas veias. Agora, o fato de gostar ou não de futebol é aceitável. Difícil é um brasileiro, que vive num país de lindas mulheres, não ver graça em mulher de propaganda de cerveja...

— É isso mesmo, Jão. Perdi a graça nesse negócio de "mulher-propaganda".

— Credo, Zé. Até parece que você não gosta de mulher, meu!

— Não é isso, cara. Tem muita mulher bonita. Mas essas assim, tipo desse cartaz de cerveja aí atrás de você, eu não acredito mais não.

— Como assim? Você não sairia com uma dessas? Olha que morena, meu!

— Isso aí está no papel, Jão. Não deve ser de verdade.

— Como não? Meu, essa é a Scheila Carvalho!

— Cara, ela não deve existir de verdade e deve ser uma morena feinha. Com aqueles programas de alterar imagens os caras deram uma baita arrumada e acrescentaram mais um monte que faltava.

— Certo. Um retoque eu concordo. Um siliconezinho aqui, uma plasticazinha ali, até vai. Mas que ela é "feinha", aí já é demais! E outra: se ela não existisse, me fala então como é que ela faz aqueles shows com aqueles shortinhos de fazer besteira, me fala?

— Tudo ilusão de ótica...

— ...ah, Zé! Agora essa?!

— Claro, xará! Olha só, você não lembra, quando nós éramos moleques, quando a gente foi naquele parque de diversão que tinha aquela mulher que virava macaco? Pois é.. pura ilusão de ótica

— Seu Joaquim, pelo amor de Deus, o que você colocou aqui na cerveja do Zé?...

— Pô, Jão. É sério, cara.

— Meu... até o Jorginho falou que viu ela no palco. Falou que aquela "exuberância" toda só faltou pular do palco e cair nos braços dele.

— Isso não vem ao caso. E outra, tem tanta tecnologia hoje que eu não duvido que são robôs, tudo com peles de silicone e o diabo, pra enganar a gente.

— Sabia que essa sua mania por filme de ficção científica não ia dar algo de bom...

Isso! Isso mesmo! Matrix! É tudo programa. Essas mulheres não existem.

— Pára, Zé! Você não cansa não?

— Cara, tem tudo a ver! Essas mulheronas são programas de computador. Tipo aquela italiana dos melões grandes! Cara, ela era um programa no filme.

— Meu, aquele filme dos caras de sobretudo preto é ridículo! Eu pelo menos vi umas quinhentas sátiras feitas acerca desse assunto.

— Jão, só pode ser verdade! Aqueles irmãos que escreveram essas histórias devem ter razão. Acho até que eles já sabem como é estar "desplugado" e voltaram para falar disso para o resto dos humanos...

— Meu, um filme que os caras voam, se conectam a computadores e ainda desviam de balas, só pode ser piada! Eu não acredito numa só palavra sua. E outra, deve haver algo que te faça mudar de idéia.

— Se eu pudesse um dia estar perto de uma mulher dessas e acordar do lado dela numa manhã qualquer, aí sim, eu poderia, quem sabe, mudar de idéia.

— Você fala isso justamente porque é impossível um dia você estar ao menos dormindo ao lado de uma mulher dessas. Talvez um esbarrão qualquer numa rua, mas dormir lado-a-lado, ah! Duvido mesmo!

— Você já vai, Jão?

— É... almoço com a sogra... pode?

— Eu hein... sorte que ainda sou solteiro.

— Bom, eu vou indo. Você vai ficar aí?

— Vou terminar de ver o jogo aqui com a galera do bar. Vai lá.

— Seu Joaquim! Coloca uma loira gelada na minha conta aqui pro Zé. Meu, fui!

— Obrigado pela cerveja. Até segunda no trabalho.

— Até.

Nas usinas da Matrix, algumas sentinelas fazem seus exames de rotina, verificando as cubas, e seus moradores. Certo momento elas notam uma inquietação nas ondas mentais de um humano. Ele comentava algo que poderia desmascarar a virtualidade da Matrix.

Dirigindo-se para a cuba, encontram nosso amigo Zé. A sentinela olha melhor e Zé dá um baita espasmo, abrindo um enorme sorriso. Gol do time da casa, novamente.

Elas notam que as ondas mentais começam a voltar ao nível normal e logo Zé é só mais um humano controlado dentro da Matrix.

As sentinelas se afastam e olham para a cuba exatamente à direita donde Zé descansa. Quem dorme ali é uma mulher chamada Scheila Carvalho.


:: Notas do autor

Desculpe-me o público feminino, mas sei que essa história é um tanto machista. Mas sabemos que mulher bonita é nosso maior trunfo contra os outros países. :-)

O título é homenagem a um grande boêmio, Mario Lago.




 
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