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Liga da Justiça Especial

Por Leonardo Araújo

Os argumentos aqui desenvolvidos são diretamente relacionados às histórias publicadas no gibi "Liga da Justiça", publicado pela editora Panini. num arco publicado há poucos meses, houve um "clima tenso" — definido por Ajax — ou um clima de romance — definido por mim — entre Batman e Mulher-Maravilha. O desfecho foi publicado em "Liga da Justiça" nº 31, de junho de 2005.

Eu gostaria de ver o romance acontecer de fato e permanecer por um longo período. Mas o roteirista Joe Kelly pensava diferente e optou pelo fim do caso (que, de fato, nunca se consumou). Por achar que a argumentação e o roteiro ficaram muito a desejar, escrevi para o selo Hypertempo (de histórias alternativas) como eu apresentaria o fim da "relação", em três versões.

A primeira poderia ser encarada como uma HQ de uma página ou uma página e meia. A segunda, algumas páginas dentro de uma história. A terceira poderia ocorrer em uma ou duas edições, dependendo da forma como fosse desenvolvida.

— Leonardo


Versões

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1 — Versão curta — ela termina

Diana vai à caverna para, finalmente, terem a tão adiada conversa.

— Oi, Diana. Chegou a hora? — Bruce pergunta.

Ela, em silêncio, aproxima-se dele e o beija. Um longo e ardente beijo. Vários segundos se passam.

— Isso é um sim? — novamente ele a questiona.

— Bruce, eu gostaria muito que pudéssemos ter um relacionamento, mas as coisas aconteceram de maneira tão... incomum. — ela fala, sem lhe encarar.

— Não pedimos para que isso acontecesse. Aquele beijo que demos às portas da morte pode ter sido algo que reprimimos por muito tempo e, naquele instante, aflorou, pois a morte era certa, inevitável.

— Eu pensei muito a respeito. Temos muitas diferenças, mas temos também uma amizade e respeito construído duramente anos. Refletindo, notei que nossas diferenças estiveram mais presentes do que aquilo que concordamos.

— Então discorda da frase "os opostos se atraem"?

— Bruce, eu luto pela liberdade, para as pessoas se livrarem das opressões. Você é o medo encarnado. Nossa união é potencialmente explosiva. Não tornemos as coisas mais difíceis.

Bruce a abraça e ela parte.

2 — Versão média — ele termina

Mansão Wayne, oito horas e 20 minutos da manhã.

Para muitos, a mulher mais bela e perfeita que já caminhou pela terra, a perfeição encarnada em forma humana. A linda morena dorme nua, placidamente. Bruce observa Diana em sua cama. Ele não consegue parar de admirá-la: não se lembra de uma noite de amor como essa.

Ela começa a se espreguiçar lentamente. Abre os olhos, vê seu amante e sorri.

— Bom dia, Bruce.

Ele senta-se à beira da cama. Diana senta ao seu lado e o beija. Não há mais qualquer expressão sisuda na face do cavaleiro das trevas.

Ela levanta e Bruce a acompanha, abraçando-a pelas costas. Diana então inclina sua cabeça para trás, sobre o peito dele. Um momento perfeito... que vai acabar.

— Diana, eu estaria mentindo se dissesse que algum dia pensei em ter tamanha felicidade.

— Então eu não sou a única que está nas nuvens neste quarto? — pergunta, sorrindo.

— Por uma vez eu tive uma sensação parecida.

Diana, surpresa, escuta com atenção.

— Há alguns anos, Talia e eu tivemos um período muito bom. Ela chegou a engravidar. — o olhar dele se perde no infinito, mas prossegue — Nós não podemos continuar com isso.

Uma lágrima rola no rosto da bela amazona.

— Depois de tudo que fizemos e dissemos... eu simplesmente não consigo entender.

— Diana... — ajoelhando-se em frente a ela, quase como num pedido de perdão — Eu sei que o que mais a atrai em mim é o meu lado guerreiro, que faz com que você me veja como um igual. Mas eu sei o que acontece no próximo passo desse relacionamento.

A bela mulher passa a mão sobre a cabeça do homem ajoelhado a sua frente, afagando-lhe os cabelos.

— Tem certeza disso, Bruce?

— Gostaria de não ter. Se há algo mais forte em mim do que o juramento que fiz diante do túmulo de meus pais é a proteção e convívio com uma possível família, dar a um filho o amor que me foi privado aos oito anos.

Ela chora e pode ver que ele também tem os olhos cheios de lágrimas. Diana sabe que isso está sendo duro demais pra ambos.

— Essa noite... foi um adeus?

— Não podemos dar asas a algo que será interrompido. Não seria justo. A paixão que acendeu entre nós encobriu nossos pensamentos.

— Quanto mais levarmos adiante, mais difícil será a separação!

— Isso!

— Então eu vou embora. Mas, antes, queria que você fizesse uma promessa pra mim porque eu farei uma a você.

— O que quiser, minha princesa.

— Se algum dia você perceber que poderá ter uma família e continuar sendo o guerreiro determinado, o homem incansável e todas as qualidades que o fazem ser único, você me dirá?

— Sim, prometo.

Diana agora é quem se ajoelha, ficando na altura dele.

— E eu lhe prometo que, se algum dia eu quiser ser mãe, mesmo que isso comprometa profundamente minha luta pela verdade e liberdade, eu virei até você.

Eles se abraçam demoradamente, como querendo que isso não fosse o fim. Mas é.

3 — Versão longa — o universo termina

Já faz meses que Bruce e Diana estão juntos. Ela passa mais tempo na Mansão Wayne do que em qualquer outro lugar. Neste momento, ela está terminando um banho de espuma na suíte, enquanto ele se enxuga e põe o roupão. Quando termina, Bruce pega o roupão de Diana e a cobre quando ela sai da banheira. Enquanto se vestem, eles conversam. Um brilho toma conta do quarto e ambos assumem posições defensivas.

Surgem no ambiente Espectro e Sr. Destino. O casal se "desarma".

— Não posso dizer que o momento e local sejam os melhores, mas certamente vocês não fariam isso se não fosse por uma razão importante! — Bruce fala em um tom contrariado.

— Perspicaz como era de se esperar. — observa o Sr. Destino — Temos uma grave crise, potencialmente a maior de todas.

— Do que se trata? — indaga a amazona.

— Do fim do universo como o conhecemos. — responde o Espectro.

— A Liga está reunida? — pergunta Batman.

— Esperamos que a crise termine aqui. — afirma o Espectro.

O casal se entreolha, como quem não entendeu, mas não gostam da situação. Sr. Destino complementa:

— Não há maneira agradável de se dizer isso, por isso serei direto. Isso não deveria estar acontecendo.

— Onde você que chegar com isso? — pergunta a Mulher-Maravilha, com certa aflição.

— Na medida que o relacionamento de vocês dois fica mais sólido, um conjunto de linhas temporais futuras ganhava maior peso na existência.

— O que elas mostram? — indaga a princesa.

— Em uma delas uma probabilidade remota e perigosa acontece. — responde Destino, num ar preocupado.

— Ao longo dos tempos por raros momentos, e nas últimas décadas em grande intensidade, a humanidade viu surgir em seu meio seres de poderes diversos e sem igual. Isso é uma capacidade latente dos seres humanos, algo que é desencadeado e liberto diante de diversas experiências pessoais, na maioria traumáticas. — explana o Espectro.

— Mas são capacidades que todos têm. O seu arranjo genético, Batman, combinado com o DNA perfeito da Mulher-Maravilha, criado por deuses, pode gerar um ser sem igual no universo, com todas as capacidades latentes da humanidade em completa atividade nele. — falando isso, Destino ergue os braços e conjura um encantamento, complementado pelo Espectro.

O casal pode escutar, mentalmente, as palavras do Espectro enquanto uma nova realidade é vista por ambos. O espírito da vingança continua a explicação.

— Se isso acontecer, o nível de poder de tal ser seria tão grande que tudo, este universo e todos os outros, poderiam ser moldados por ele ou, no mínimo, sentiram sua presença.

O casal pode ver a noite de amor em que a criança e concebida. Acompanha o desenvolvimento desse filho, como num filme diante de seus olhos. Aos oito anos de idade, seus pais resolvem começar a instruir seu filho nas habilidades que só eles possuem. Aos nove anos, o garoto apresenta real interesse pelos conhecimentos singulares que lhe são transmitidos. Aos doze anos, ele já detém todo o conhecimento que Batman e Mulher-Maravilha acumularam em décadas.

Um ano depois, Darkseid e Ares se reúnem: eles podem ver o potencia de tal ser e se assustam. Não pensam sequer em controlar o jovem, mas em destruí-lo. Começam uma campanha em todos os universos, mostrando o potencial perigoso do jovem, com certa manipulação, mas a simples ameaça de tamanho poder já gera medo em todos que tomam conhecimento do fato.

Os poderes do jovem Wayne começam a se manifestar aos 14 anos. Telecinésia, telepatia, vôo e invulnerabilidade já são evidentes.

Nesta época, um conglomerado universal sem igual chega nas proximidades do sistema solar. Eles exigem que o garoto seja entregue. A Terra tem um dia terrestre para apresentar o garoto.

Os pais sabem que tal força poderá aniquilar a vida na Terra, mas não entregarão seu filho sem luta. Planejam ir com o garoto e partilhar do destino dele, seja qual for, decisão essa que poupará todos no planeta.

Parece tudo selado pelo destino, quando Clark vai até ambos, na Ilha Paraíso. O dialogo é claro.

— Não há no universo dois melhores amigo e maiores companheiros de luta que alguém possa querer. — diz Super-Homem — Eu não estaria em paz comigo se não estivesse com ambos neste momento. Irei com vocês até o fim!

— Kal, você parece saber o que faremos.

— A agonia mental do que decidiram foi impossível de ser despercebida por Ajax. — responde o kryptoniano — Ele me confidenciou.

— A Terra precisa de você, Clark. — afirma Batman.

— E de vocês também. Por favor, não tentem me fazer decidir diferente. Não teriam sucesso.

— A amizade que dedica a nós o está impedindo de pensar com clareza, Clark. Não podemos sacrificar mais ninguém.

— Talvez meus sentimentos por vocês seja o motivo pelo qual decidi compartilhar desse destino, mas e quanto aos outros?

— Outros? — pergunta Diana.

— Horas atrás, líderes de várias equipes de superseres da Terra se reuniram na sede da ONU. Os lideres mundiais estavam lá também. Havia um clima de pânico. Estavam exigindo que nós os entregássemos. Foi quando Asa Noturna começou a falar. Ele afirmou ser um homem como outro qualquer e que um dia, provavelmente, constituiria uma família, como muitos ali já tinham. As perguntas que ele fez foram cruciais: "será que entregaremos nossos filhos pelo potencial que cada um representa? Se há esse garoto no planeta e ele é humano como cada um de nós, o que impede disso se repetir de novo? Esse conglomerado que nos ameaça agora não vai querer que entreguemos a humanidade num futuro não tão distante?" Pensei comigo: será que meu filho vai ser o próximo? E acho que todos pensaram isso, pois a opinião mudou completamente.

— Você quer dizer... — Bruce é interrompido.

— Quero dizer que, neste momento, preparativos de defesa estão sendo feito por todo o planeta. Nossos poucos aliados no universo estão enviando reforços. Não se trata mais só de vocês três, é uma questão de sobrevivência dos homens e direito à liberdade.

As cenas de batalham sucedem ao diálogo. A destruição se espalha por galáxias, pelo universo e até outras dimensões. Em um dos mais violentos ataques bem sucedidos à Terra, a aliança alienígena consegue deslocar a lua de sua órbita, causando efeitos nefastos no planeta. Um plano final é arquitetado. Ares e Darkseid irão destruir o sol. Desenvolvem uma máquina que acelerará o tempo ao redor da estrela, fazendo bilhões de anos passarem em horas, transformando o sol numa supernova, o que consumirá a Terra, e, por fim, numa anã branca.

Batman, Mulher-Maravilha e Super-Homem descobrem o plano e impedem a conclusão, mas o preço é alto demais. É a batalha mais violenta que já ocorreu. Uma luta sem igual. Na explosão de destruição do artefato temporal, Batman e Mulher-Maravilha morrem, junto com milhares de seres, o que é sentido pelo jovem Wayne.

Um clarão de luz encerra a visão.

— Neste ponto, o nível de poder do filho gerado por vocês chega a tal patamar que todas as linhas temporais convergem, ficando impossível ver qualquer cosia além. É o fim. — explica Destino.

O casal se olha, eles sabem o que deve ser feito. Bruce, abraçado a Diana, pergunta:

— Vocês podem esconder nossos sentimentos de nós mesmos? Seria menos doloroso.

Lágrimas correm pela face da amazona.

— Que seja assim, então! — exclama o Espectro, enquanto uma luz parte de seu peito.

O casal se beija.

Ao perceber a realidade novamente, Bruce se vê na caverna, com arquivos de casos antigos abertos. Há uma sensação de lapso temporal, mas é só uma sensação.

Diana está na Ilha Paraíso, em meio a um jantar. A bebida tem um estranho sabor e a fome não existe neste momento. Ela se levanta. Uma sensação de perda a toma, mas ela não consegue explicar o que sente. De uma sacada, fica horas contemplando o mar.




 
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