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Por
Eduardo Regis
Protocooperação
May Parker abre os olhos. Ela está entre os arranha-céus de Nova York, no centro de uma grande teia. Não está vestindo nada. Na verdade, está um pouco diferente. Seu corpo está mais aracnídeo. Agora ela possui oito membros e quelíceras, embora o resto seja muito parecido com o que ela foi um dia. A teia não é só seu sustento, é também seu sentido. O bater do vento faz os fios tremerem e instantaneamente May sabe em qual direção ele está soprando. Repentinamente a teia passa a tremer em vários pontos. Confusa, ela olha em todas as direções e se choca com o que vê. Presos na teia estão todas as pessoas que ela conhece. Todas estão implorando por suas vidas.
Um grito corta o silêncio da unidade médica da mansão dos Vingadores. Stinger, que estava velando pela amiga, rapidamente vai até o leito da Garota-Aranha.
May acorda. Suando e sentindo uma forte dor no peito. Ela está deitada em um leito, vestindo seu uniforme completo, porém com a máscara rasgada levantada até o nariz. Sua visão, ainda meio fora de foco, aos poucos melhora e ela pode ver Stinger ao seu lado, segurando sua mão.
Garota-Aranha. Dessa vez foi por pouco. Você se lembra do que aconteceu? pergunta a Vingadora com uma voz muito cansada.
O Escorpião. Eu fui atingida pelo ferrão e depois eu fui para casa... Aí já não lembro de mais nada. responde a Garota-Aranha falando com dificuldade.
O Homem-Aranha te encontrou. Ele usou seu cartão de comunicação e nos chamou para ajudá-la. Ele sabia seu código. conta Stinger com um leve sorriso nos lábios.
O Homem-Aranha? Tem certeza? a Garota-Aranha se ergue um pouco no leito.
Sim. Eu sei o que eu vi. Eu o reconheceria em qualquer lugar. Você não faz idéia de quantas vezes eu já assisti aos vídeos da mansão. O Aranha era um personagem constante nesses vídeos. Mesmo que tenha sido um Vingador reserva por pouco tempo, ele era um herói muito respeitado. Um dos melhores. Todos aqui aprendemos muito com ele. Você devia estar orgulhosa. Stinger passa a mão na cabeça da Garota-Aranha.
Orgulhosa? pergunta a Garota-Aranha.
Sim! Você carrega o símbolo dele. Você tem o amor dele. Eu vi. Eu vi como ele estava com você nos braços. O beijo que ele te deu quando te colocou no jato. Aquilo era amor, amor de pai. Eu e Sonho vimos, mas pode deixar que a gente não vai falar nada pra ninguém. fala Stinger ajeitando a Garota-Aranha no leito.
As palavras da amiga batem pesado em May. Ela se dá conta do grande amor que Peter tem por ela e da grande responsabilidade que é levar adiante o símbolo da aranha, mas logo que começa a se perder em pensamentos é trazida de volta pela voz da amiga:
Você acordou com um grito. Algo errado? pergunta Stinger.
Não. Só um pesadelo. May responde abaixando o rosto.
Com o Escorpião? Stinger pergunta preocupada.
Não. Mas é melhor deixar isso pra lá. fala a Garota-Aranha.
Tem razão. Você precisa descansar. Nós injetamos um soro em você para anular o efeito das toxinas, mas mesmo assim achamos por melhor injetá-la com uma pequena dose dessa toxina depois. Na verdade, já fizemos isso enquanto você estava desmaiada. fala Stinger.
Eu entendo. Assim eu criarei anticorpos contra a toxina do Escorpião e caso eu seja atingida mais uma vez minha reação será melhor. diz a Garota-Aranha se ajeitando para dormir.
Isso mesmo. Você é uma garota esperta! É muito bom te ter no time. Stinger sai da sala e deixa a amiga descansar.
No mesmo dia, à noite, a Garota-Aranha volta para a casa. Quando chega a seu lar ela encontra as coisas um tanto conturbadas. May logo descobre que sua mãe está internada. Ela pensa em visitá-la, mas é alertada por Peter que ela está sedada e que não poderá receber visitas até uma melhora do quadro.
No dia seguinte May não vai a aula. Passa o dia agoniado, temendo pela saúde de sua mãe. As notícias do hospital são sempre as mesmas e nunca são confortantes. MJ ainda está sedada. A cabeça de May dói de tanto pesar. Ela se julga culpada pelo estado da mãe. No fim da tarde ela recebe um telefonema de sua amiga Davida.
Mayday, sua louca! O treinador Thompson já te expulsou do time! Você perdeu a prova de Biologia e alguns quilos de matéria! O que aconteceu com você? pergunta Davida.
Não exagera, garota! Eu só perdi dois dias de treinamento e um de aula! E eu tava doente. responde May.
Ah é? O que você teve? pergunta a amiga, preocupada.
Nada, não. Uma indisposição. Só isso! diz May.
Humm. Você já ta com dezesseis anos, May! Hora de aprender a lidar com cólicas! Ah, você não sabe da última! O Brad arrumou uma namoradinha num fliperama. Sabe quem? Susan Mcguiness! Eles não saem mais de lá agora. Ficam dia e noite jogando aqueles jogos. Aliás, eles e mais um monte de gente! Não sei qual a graça que eles vêm nisso! fofoca Davida.
Eh? Olha Davida... Quero que o Brad se exploda! E, sem querer ser chata, eu preciso descansar, tá? Tchauzinho! May desliga o telefone.
Era tudo o que ela precisava para completar seu dia. Brad Miller namorando e viciado em fliper.
Ela resolve ligar a televisão para se distrair um pouco. Sem saber comete um terrível engano. Todos os canais estão noticiando o seqüestro de J.J.Jameson pelo Escorpião. May corre para o quarto e pega o uniforme. Nunca antes ela se sentiu tão culpada por vestir aquela roupa. Antes de sair pela janela, Peter a segura pelo braço.
May. Eu sei o que você tem passado. Todos nós estamos sofrendo, mas eu quero que você saiba...Vá fazer o que tem que ser feito! Peter abaixa a cabeça.
Jameson está em pânico. A última vez que ele tinha passado por uma situação dessas foi quando o Duende Verde atacou o prédio há anos atrás. O Escorpião entrou em sua sala e o prendeu com sua cauda, o levando para o topo do prédio onde estava discursando há uns dez minutos.
Jameson, seu verme podre! Você é o principal culpado disso tudo! Se você não tivesse essa sua obsessão ridícula pelo Homem-Aranha eu teria tido uma vida normal!
Você nunca ia ser normal, Gargan, você é um doente! mesmo apavorado Jameson não perde sua língua afiada.
Não abuse da sorte, velho! Eu vou matar você hoje e ainda penso em fazer isso bem devagar. Vou injetar pequenas doses do meu veneno em você. Primeiro vai sentir dor, depois náuseas e por fim vai arder em febre até morrer! o Escorpião ameaça o velho jornalista, fazendo como se fosse desferir golpes com sua cauda.
A Garota-Aranha chega. Ela se solta de sua teia e cai atingindo o Escorpião com um chute nas costas. O Escorpião cai e ela para no parapeito.
Um a zero para mim, velhote! diz a Garota-Aranha, que sente o peito doer quando cai.
Você! Então a meninazinha não morreu com meu veneno... Não é? Agora eu vou matá-la com as minhas mãos! Você é apenas uma imitação barata e o original quase não podia comigo!
O Escorpião se levanta e começa a dar vários socos na Garota-Aranha. De alguns ela desvia, de outros não. A heroína revida com socos e chutes. Os dois começam a lutar ferozmente. O Escorpião tenta várias vezes acertá-la com o ferrão, mas ela sempre desvia. Uma hora a Garota-Aranha cobre o ferrão com teia e puxa a cauda, arrancando-a do traje do Escorpião. O vilão continua a atacar, mas a Garota-Aranha desvia de quase todos os golpes e acerta vários socos nele. Até que, finalmente, ele cai desmaiado.
Quase não era o bom o bastante pra você, né? Acho que eu me encaixo na mesma categoria, então! Dois a zero pra esse lado da família aracnídea! diz a Garota-Aranha.
Ela o cobre de teia ao som do praguejar incessante de Jameson.
Você é uma ameaça ao bom povo de Nova York! Igualzinho aquele velho aracnídeo era! Eu vou te colocar pra correr dessa cidade antes mesmo de...hummmph! a voz de Jameson é abafada por um pouco de teia que a Garota-Aranha lança em sua boca.
May vai até o parapeito e se prepara para deixar o local, porém, antes de sair ela ainda pode ver uma equipe de homens armados chegando ao prédio. À frente da equipe ela reconhece uma mulher que conheceu recentemente. Uma antiga amiga de seu pai que se apresentou apenas como Sable.
Quando está se balançando de volta para casa, ela sente o peito doer muito forte. May para em um prédio para descansar. Enquanto fica parada, mais uma vez pensa no destino. "Essa batalha eu venci, mas e as outras? Não posso mais entrar despreparada em uma luta como entrei na primeira contra o Escorpião. Esses erros podem custar minha vida e não só a minha. Quantas vezes mais mamãe vai agüentar me ver cheia de sangue pela tv? Talvez eu seja muito jovem pra essas coisas mesmo. Talvez seja melhor eu voltar a vidinha de shopping e basquete. Além de quase destruir minha vida, no sentido literal, essa história de super-heroína está destruindo minha vida social. Não falo mais com Davida direito e perdi Brad de vez pra Susan e pro fliperama."
Ela está perdida em pensamentos quando algo ativa seu sentindo de aranha. May olha para as ruas e acha o foco, e ele é Susan McGuiness. "Ah, ótimo! Agora o sentido de aranha me avisa do perigo da namorada de Brad Miller! Eu devo estar ficando louca! Cresça antes de querer usar um uniforme novamente, May!" ela pensa. Deixando Susan pra lá e já com menos dor, ela segue para casa.
Chegando a sua casa May encontra M.J. na sala. Ela está sentada, claramente abatida. Os olhos de May se enchem de lágrimas e ela abaixa o rosto de vergonha. Assim que M.J. vê a filha entrando ela se levanta e vai até ela.
Filha, você está bem? Seu pai me disse que te levou para os Vingadores, mas eu não sei. Eu não estava mais agüentando ficar aqui sem ter notícias suas. Por favor, me diga! Como você está? M.J está com um tom de voz desesperado e ao mesmo tempo, fraco.
Mãe, eu estou bem. Não foi nada...
Como não foi nada?! Eu vi! Eu vi tudo pela televisão! Você lutando com aquele demente do Escorpião. Eu vi quando você levou a ferroada! Dava pra ver o sangue. Dava pra ver que você não estava bem! Droga, May! Droga! Eu conheço você! Você é minha filha! M.J. interrompe May, levantando o tom de voz.
Calma, mãe! Eu sei! Eu sei! Foi difícil! Foi um ferimento grave. Mas está tudo bem agora! Não vai acontecer de novo! May fala enquanto abraça a mãe.
Mentira! Essa é a maldição dessa família! Tudo culpa daquela aranha radioativa, anos atrás! As teias vão nos destruir! Escuta May, eu não tenho condições mais para agüentar isso! Passei as últimas horas em uma cama de hospital, sedada. Minha pressão chegou a níveis perigosos. O médico disse que eu poderia ter sofrido um ataque! Sem falar em você! Você poderia estar morta agora! Morta! Chega disso! Isso tem que acabar agora! Você vai desistir de ser a Garota-Aranha ou uma de nós duas vai morrer! M.J. desaba em choro.
Mas, Mãe...Eu não posso...-May tenta argumentar, mas é brutalmente cortada.
É uma ordem, May! Uma ordem! Eu não quero mais saber da Garota-Aranha! Você vai levar uma vida normal! Escola, treino e casa! Acabou essa história de super-heroína! Você não vê?! Seu pai perdeu a perna numa luta contra Normam e isso porque ele foi um dos que teve a melhor sorte! Isso não é uma brincadeira garota! Eu e seu pai já choramos pelos amigos que perdemos no passado! Não quero ter que chorar junto dele por você também! M.J. desabafa.
May abraça sua mãe mais forte. Não há o que falar. Nenhum argumento lhe vem à cabeça. Preocupada com a mãe, ela fica em silêncio. E quem cala, consente.
Na manhã do outro dia, May acorda já sem dores no peito. Aproveitando o bem-estar, ela corre para tentar achar o professor Lance Tyler no colégio. May sabe que perdeu a prova e vai precisar convencer o velho mestre a lhe dar segunda chamada.
Quando ela chega à sala dos professores, seu sentido de aranha dispara e ela escuta tiros. Em instantes vários alunos estão correndo pelos corredores. Muitos estão sendo perseguidos por homens e mulheres vestindo máscaras negras de assaltantes e portando armas de fogo e uma mochila. Um dos homens a segura pelo braço e antes que ela possa pensar em reagir, Jimmy Yama aparece e tenta dar um soco no criminoso, mas ele acaba levando a pior e cai no chão. May empurra o encapuzado para longe e puxa Yama para dentro de uma sala. Ela joga Yama e fecha a porta, correndo logo em seguida para o vestiário, onde puxa seu cartão dos Vingadores.
Stinger! Sonho! Alguém?! chama May.
Fala, Garota. Sonho na escuta.
Sonho, ótimo! Preciso da sua ajuda. Tem uns caras invadindo o colégio Midtown e eu não posso ajudar. Não dá pra explicar nada agora, mas eles tão atacando os alunos. Preciso de ajuda! May fala.
Isso não é problema para os Vingadores, garota. Você sabe. Mas acho que eu e Stinger podemos dar um pulo no colégio para te dar uma mãozinha. responde Sonho, desligando o comunicador.
"Ótimo! Agora eu vou ficar dependendo das minhas amigas pra fazer as coisas que eu deveria estar fazendo! Ta certo que eu prometi pra mamãe que eu não ia mais vestir o uniforme da Aranha. Mas... será que isso está realmente certo? Meu pai vestiu durante anos esse uniforme e ajudou aos outros quando ele tinha que ajudar. Ele fez o que era certo e impediu que pessoas se machucassem. Além disso, no outro dia ele me deu forças para continuar, mesmo com mamãe doente. Se eu ficar aqui parada pode ser que meus amigos acabem se ferindo, mas se eu vestir o uniforme pode ser que eu morra, ou pior, que minha mãe morra. Eu não posso! Eu não tenho o direito de sacrificar a saúde da minha mãe desse jeito! Ela tá certa. Nada mais de teias. As meninas podem lidar com isso!" May pensa, enquanto anda de um lado para o outro dentro do vestiário.
"Ah, droga! Droga! Droga! Droga! Eu não vou conseguir ficar aqui parada olhando pro teto enquanto eu sei que eu poderia estar lá fora ajudando! São só bandidinhos comuns. Esses caras não são ameaças! E mesmo que fosse o Escorpião de novo eu teria que ir lá! Esse é o meu papel! Eu não posso permitir que outros sofram por causa da minha dúvida. Eu recebi esse poder por algum motivo, meu pai recebeu por algum motivo também. Minha mãe entendeu quando meu pai lançou suas teias e agora ela vai ter que entender quando eu lançar as minhas! A Garota-Aranha não vai ficar só olhando!" May começa a vestir seu uniforme.
Quando a Garota-Aranha aparece no pátio do colégio, Stinger e Sonho-Americano já derrotaram boa parte dos criminosos. Ela ainda ajuda a prender uns últimos. A Garota-Aranha começa a desmascarar alguns dos bandidos e, para sua surpresa, ela encontra Brad Miller e Susan McGuiness dentre eles. "Meu sentido de Aranha não estava louco, afinal" pensa May.
O que vocês estão fazendo aqui? pergunta a Garota-Aranha.
Nós seguimos ordens do Jogador Maluco. Ele manda recrutar mais membros para a gangue "Game-Over"! Mais jovens! Ele precisa de mais dinheiro! diz Susan.
Gangue "Game-over" ? pergunta Stinger.
Sim! A elite do Jogador Maluco. responde Brad.
Ah, não. Outro maluco, não! diz a Garota-Aranha.
Repentinamente o sentido de aranha de May dispara e ela se vira para trás gritando:
Pulem!
A Garota-Aranha joga Susan para longe e pula. Stinger e Sonho-Americano se desviam de uma rajada laser que veio na direção das três. As Vingadoras são surpreendidas por um jovem de aproximadamente uns vinte anos que está usando óculos escuros e um terno branco. Um largo sorriso estampa o rosto da figura e realça o loiro de seus longos cabelos. Ele está acompanhado de dois robôs prateados de forma humanóide.
Outro maluco não! O Jogador Maluco! Prazer, eu sou ele! Esses são o sr.Chambers e a sra. Locke. Tenho certeza de que vocês vão adorá-los. Afinal, eu andei pensando... Já que minha estratégia de escravizar esses jovens através do fliperama não estava sendo muito rápida e nem eles tão eficientes em conseguir dinheiro para mim...Porque não vir eu mesmo até aqui e recrutar três Vingadoras? Então, logo, logo, vocês todos serão amigos! Quando vocês acordarem da surra que vão levar primeiro, é claro! Ahhauhahahahaha!
O sr. Chambers e a Sra. Locke saltam em direção a Stinger e Sonho-americano. Os robôs são extremamente rápidos e fortes. As Vingadoras são atingidas por vários golpes antes de conseguirem reagir, mas logo reagem e se inicia a batalha.
O jogador Maluco dispara raios laser em direção a Garota-Aranha, que se valendo de seu sentido de aranha e de sua agilidade desvia de todos. Ela tira a arma das mãos do Jogador com sua teia e salta para sua direção. Porém, antes que ela o atinja ele aponta para o lado. May olha rapidamente e vê que suas amigas estão tendo dificuldades em derrotar os robôs. Stinger e Sonho-Americano estão feridas e recebendo muitos socos. Ela prende o jogador numa teia e corre na direção das outras Vingadoras.
A Garota-Aranha salta para o meio da batalha. Juntas, as três começam a virar o jogo. Os robôs sofrem sérios danos com os sucessivos golpes até que são derrotados.
As Vingadoras se viram para procurar o Jogador Maluco, mas ele desapareceu.
Ele escapou! diz Sonho-Americano, nervosa.
Deixa pra lá, a gente pega ele numa próxima. fala Stinger.
É isso mesmo, meninas. A gente o pega em outra, afinal, nossa amizade será sempre capaz de resolver qualquer problema! Eu adoro vocês! Muito obrigado por terem vindo atender meu chamado! a Garota-Aranha fala enquanto abraça as duas. Um sorriso se forma no rosto das três.
Mas agora se vocês me dão licença... Tenho um outro problema pra resolver. Depois eu passo na mansão! diz a Garota-Aranha, lançando sua teia e saindo do colégio. Sonho e Stinger se entreolham sem entender nada e aguardam pacientemente a polícia.
May, ainda vestindo o uniforme, entra no quarto de seus pais. Mary Jane está sozinha. Ela arregala os olhos ao ver a filha daquele jeito e começam a escorrer lágrimas pelo seu rosto. May chega perto dela e fala:
Mãe, eu sei o que eu prometi. Mas não posso cumprir. Eu nasci com isso. Eu sou a Garota-Aranha e nada jamais poderá tirar isso de mim. Por algum motivo o destino me fez desse jeito. Por alguma razão eu posso ajudar as pessoas. Eu não consigo ficar parada assistindo a criminosos saírem impunes. Eu sei que você é capaz de entender mãe, eu sei! Você acompanhou meu pai como o Homem-Aranha por anos! Você sabe a importância disso mais do que eu! Meu pai foi um exemplo, um herói! Eu quero honrar o nome dele e fazer tudo certo. Você não pode me negar isso! Você sabe que eu estou certa!
Mary Jane segura uma das mãos da filha e arranca a máscara dela.
E quanto a May Parker ? E quanto a minha filha? E se você se machucar? pergunta M.J., enquanto tenta limpar suas lágrimas.
Mãe. Não existe diferença. May Parker e a Garota-Aranha são a mesma pessoa. Eu sou sua filha e eu te amo! Mesmo quando estou me balançando por aí eu continuo te amando! Eu fico preocupada sim em machucar você, mas esse é meu destino, mãe. Essa é a minha responsabilidade! Por mais que você não queira, esses poderes estarão sempre em mim! Eu sou e quero ser a Garota-Aranha!
May e Mary Jane se abraçam. As duas se acalmam com o calor uma da outra. Mãe e filha tentando entender suas diferenças. May sabe que sua mãe nunca vai aceitar completamente a existência da Garota-Aranha, mas também sabe que ela irá respeitar sua decisão.
Peter chega em casa e sobe para seu quarto. Antes de entrar ele vê as duas mulheres que mais ama na vida, abraçadas. Ele entende o que está acontecendo e vagarosamente desce as escadas. Esse momento é só delas.
May vai para o seu quarto e senta na cama. Nos últimos dias ela aprendeu muito e agora precisa refletir sobre tudo o que aconteceu. A vida não é fácil para May Parker, a Garota-Aranha, e o futuro ainda lhe reserva muitas outras lições.
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