hyperfan  
 

The Cast # 03

Por JB Uchôa

Destino É Como Uma Música Antiga

:: Sobre o Autor

:: Edição Anterior
:: Próxima Edição
:: Voltar a The Cast
::
Outros Títulos

— Meu Deus, que avião! — exclama Guido, que sempre fora apaixonado por aviões e jatos desde a infância — Você lembra, John, que meu sonho era ser piloto?

— Ainda está em tempo meu amigo! — esse jato foi feita sob medida, é um avião de teste totalmente remodelado com tecnologia de nosso mundo.

— E onde vocês encontraram isso aí? Em um free shop? — debocha Albert, com desdém.

— Não, meu querido. O jato eu roubei do governo e as peças e tecnologias são peças que restaram da nave que caiu na terra com nossos avós e outras coisas que encontramos em locais inóspitos e ridículos. — conclui Camilla, enquanto guia telecineticamente o manche — Como aquele museu ridículo de Roswell, lembra John?

— Tenho arrepios em me lembrar daquele lugar, nunca vi nada mais brega! — John sorri e com o dedo brilhando desenha no ar um risco de uma careta luminosa.

— Mais brega que alguns filmes da Star Pictures? — Albert dá uma risada quando John se vira. Os dois começam a rir sozinhos.

— É, Al... você realmente tem seus momentos; raros, mas tem. — Camilla acha graça da piada e continua guiando a nave com a força da mente — Falando sério, estamos indo para Boston. É o local mais perto.

A nave sobrevoa a cidade silenciosamente e pousa verticalmente em um bosque próximo. Kelly avisa que ficará de guarda, já que sabe que poderá chamar a atenção se quem o grupo procura estiver em um local muito agitado. Camilla tira jaquetas de couro e dá para Maria, Guido e Albert vestirem. Guido prende o cabelo em rabo-de-cavalo e ajeita o casaco.

— São uniformes? — pergunta Al, em tom debochado.

— Eu disse que você tem seus momentos, mas não todos! Não estrague a piada anterior. — Camilla veste um sobretudo preto e levanta o capuz — Pensei que fosse só minha a fantasia de ver homens de colante. — John sorri juntamente com Guido. O mal estar de horas atrás foi nublado pela viagem — Oh, Deus, ele está no centro da cidade. — afirma Camilla, se concentrando bastante.

O grupo sai do bosque e pede um táxi. Três, na verdade. Os outros dois motoristas tem muito medo ao ver cinco pessoas saindo de um bosque escuro.

Mansão Star. Tom Sanders apaga a última luz e prepara-se para dormir, quando subitamente a porta principal escancara. Assustado, Tom corre de encontro à lareira e retira a velha espingarda que pertenceu ao avô de John, Joseph Munroe.

— Muito bem, quem está aí? — o velho mordomo destrava a arma e prepara-se para atirar quando ouve uma voz.

— Não seja tolo, homem. Abaixe a arma. — o homem de jaleco branco e espessos óculos de grau caminha adentrando a casa. Os dois rapazes em armadura o acompanham — Sabe quem são eles, Sanders? Meus filhos! Perfeitos! Os verdadeiros super-homens do mundo! — Tom engatilha a arma e atira contra o que está de armadura azul.

— Saia dessa casa! Você sabe que não é bem vindo aqui! Helen deixou claro isso, professor Hamilton! — Tom engatilha novamente a arma e aponta para o rapaz de armadura vermelha.

— Helen está morta! Vai me ameaçar como? Arrastando correntes? Agora eu terei o que sempre quis! — Thomas Hamilton gargalha ao ver que Tom ainda mantém a arma engatilhada. Quando Daniel Hamilton dá um passo, Tom Sanders dispara um tiro certeiro. O rapaz cai meio metro para atrás — Você não sabe o que é armadura, Sanders? O tempo o deixou senil ou burro? Eu não quero seu garoto, eu quero o cristal! — Hamilton olha para seu filho Daniel, de armadura azul e se espanta com o rombo na armadura e o rapaz com o peito levemente chamuscado — Mas que diabos...

— Eu sei o que é uma armadura, o senhor é que parece ter esquecido que muitas coisas nessa casa não são tão simples quanto parecem! — Tom Sanders dispara a esmo e corre, fazendo com que Richard, de armadura vermelha, pule sobre seu pai e o derrube atrás do sofá. Os lasers que saem da velha carabina destroem a tranca, perfurando a parede e quadros caros.

Malditos aliens!! Essa arma é aperfeiçoada! — grita Hamilton enquanto ajeita seus óculos — Richard, vá atrás do mordomo! — o pai ajoelha-se próximo a Daniel.

— Estou bem, pai. — diz o garoto, meio sem fôlego — Só quero ficar um pouco deitado. — Thomas Hamilton toca no tórax no garoto e constata que uma ou duas costelas estão fraturadas. O impacto do tiro não foi absorvido pela vestimenta.

Tom Sanders corre pelas escadas atirando para baixo, retardando o avanço de Richard, que se esquiva. Entra no quarto de Camilla e fecha com uma cômoda o acesso a porta. Uma luz esverdeada sai de dentro do closet. Tom nota que o cristal, de quase dois metros de altura, parece pulsar.

Boston

Poucos metros adiante o grupo nota em um bar, que deveria estar calmo, que há pessoas correndo para fora, procurando um local para enxergar o que acontece na parte de dentro. Alguns gritam e abaixam-se, com medo de serem atingidos por cadeiras e objetos que são arremessados de dentro para fora.

— Oh, Deus! — exclama Maria — Será que ele tem um aspecto monstruoso?

— Ela. — afirma Camilla — O alvoroço da multidão não deixa eu me concentrar com clareza, mas acredito que seja uma mulher...

— Ela, então, pode ser qualquer uma, Camilla. O que estamos vendo parece mais uma briga de bar do que gente correndo amedrontada. — quando John conclui seu pensamento, o telefone toca — Alô? Sinto muito, Giffen, mas agora não posso falar, não estou na Califórnia. Mande o roteiro pro meu escritório que, assim que analisar, ligo para você.

— Giffen de novo? — pergunta Camilla.

— Eles pensam que somos idiotas; querem que produzamos alguns filmes que eles mesmo tem mais calibre pra produzir. Estão interessados em saber como a Star Pictures enxuga as verbas.

— Diga a eles que você contratou híbridos de aliens e humanos pra fazer os efeitos especiais. — brinca Camilla — Falando francamente, John, eu já disse: está na hora da gente fazer filmes sérios. Filmes bobinhos e de baixo orçamento estão chamando muito a atenção pela qualidade dos efeitos especiais. Filmes grandes de orçamento enorme podem ser barateados e fazemos um caixa 2.

— A gente conversa sobre isso depois. Al e eu vamos entrar no bar. Vocês três ficam aqui fora, caso precisemos de algum reforço. — John Munroe Jr. e Albert Flood entram no bar. Dentro, observam uma mulher de dois metros de altura, ruiva, encarando um homem negro que parece saído de um ringue de luta livre. Ele acerta um soco nela, mas ela não parece se importar ou sentir a força do murro. Levanta o homem mais alto segurando por seu pescoço com uma só mão e com a outra segura uma garrafa de vodka. A alta mulher ruiva bate a garrafa com força na quina da mesa quebrando o gargalo e num só gole entorna o restante da garrafa.

— Eu quero ver você pegar na minha bunda de novo. — ela cerra os olhos e abaixa o homem — Eu sou louca o bastante para espremer os seus bagos, ouviu? Aí quero ver você aprender a cantar fino. — quando se vira, o homem novamente lhe passa a mão e treme a língua em um gesto obsceno.

— Você tá é a fim de chupar minhas bolas, gostosa! — com extrema rapidez, ela o segura pelo saco e começa a apertar e erguê-lo. Claramente se vê que em poucos minutos o homem desmaiará de dor.

Pare! Você vai matar esse homem! — John consegue atrair a atenção para si.

— Sai daqui, filho. Essa briga não é sua. — apela o dono do bar, escondido atrás do balcão.

— Ouve o que o mané ta dizendo, ou o próximo que vai se ferrar é você. — a mulher ruiva volta sua atenção a apertar o saco do homem e rir cada vez que ele grita de dor.

— Al, me dê cobertura! Coloque os óculos escuros. — John pula sobre duas mesas e, em pé, fica próximo a ela — Como é seu nome?

— Cara, já disse pra cair fora! — quando ela responde, John gera um clarão intenso, fazendo com que a mulher solte o homem, que rasteja para baixo da mesa se contorcendo com as mãos entre as pernas. Com agilidade surpreendente, antes que John salte ou voe para longe, ela o agarra pelo pé e o joga contra Albert, que mal tem tempo de gerar um escudo de força — Filhodaputa!!! — os dois amigos são jogados para o lado de fora e ela os segue — Eu vou acabar com tua raça, seu viado!

— Galera... — diz Guido — Acho que é hora de entrar na briga! — Guido, Camilla e Maria correm em direção aos três. John e Albert estão caídos, Guido corre de encontro a sua opositora e salta se preparando para acertar uma voadora no maxilar. Mesmo sem encará-lo de frente, ela o segura pela perna e o joga no chão. Maria se concentra e se teleporta para próximo de John e Albert. Gera um disco de teleporte e eles somem, aparecendo atrás de Camilla.

— Parabéns. — diz Camilla, batendo palmas — Não tinha idéia de que encontraria a grande Marreta!

— Serpentina? — a mulher conhecida como Marreta abre um largo sorriso e corre para abraçar a amiga.

— Não é por nada, não. — fala Guido — Mas você se conhecem? Marreta... Serpentina???

— O nome dela é Danielle. — sorri Camilla — Nos conhecemos há muito tempo e havíamos formado um grupo de super-heróis. Os codinomes eram moda de época. Éramos jovens e foi assim que consegui muito da tecnologia, resgatando histórias e localizações de alguns de nossos antepassados.

— Resolveu montar outro supergrupo? — sorri Marreta — Jack ia adorar participar!

— Jack? Uau! Você tem notícias de Montanha? — exclama Camilla — Dani, nós estamos quase descobrindo a localização de Almond. Queremos voltar para casa. Vem conosco?

— Precisa perguntar, garota? Vamos buscar Jack. Está como leão de chácara de uma boate no Novo México. — Camilla apresenta o grupo para Danielle Fox e partem calmamente em dois táxis rumo ao bosque.

Mansão Star

Tom Sanders está agachado dentro do closet de costas para o imenso cristal; ele sabe o quanto a jóia é importante para seu protegido e para seus amigos. E, assim como o juramento que fez no túmulo dos Munroe, irá proteger o garoto a qualquer custo. Na verdade, Tom está preocupado, pois as batidas na porta pararam e ele tem certeza de que o Thomas Hamilton e seus filhos o estão aguardando sair. O melhor a fazer é esperar John e os outros chegarem. E se esforçar para ficar acordado.

Brasil, Rio de Janeiro

Um ginásio com poucas luzes acesas no meio da noite. Diferente de como agiram em Boston, o grupo concorda que apenas Camilla e Maria aproximem-se do garoto para conversar. O homem loiro, de aproximadamente 1,74 de altura, exercita-se no cavalo, fazendo acrobacias.

— Olá. — diz Maria — Você é Fábio Slater Reis, não é isso? Essa é minha amiga, Camilla. Meu nome é Maria. — a bela loira e a morena já não usam os casacos de couro que estavam em Boston. Roupas mais leves e decotes combinam melhor com o clima brasileiro.

— Sou, sim. — diz Fábio, descendo das argolas e enxugando o rosto com uma toalha — Quem são vocês, afinal? Está muito tarde para serem jornalistas. E eu não tenho fãs. Sou apenas...

— Um ginasta que concorre a uma vaga as olimpíadas! A minha dúvida é: como ginasta ou como arqueiro? — fala Camilla, lendo a mente do rapaz, que espanta-se — Não é isso que você ia dizer? E como pretende ir às Olimpíadas, Fábio, depois que fizer seu exame de sangue?

— Quem são vocês? — pergunta o jovem loiro, já irritado — Parecem saber demais, ainda mais numa hora tão inoportuna! — enquanto Camilla explica calmamente, Maria se senta ao lado dele e segura sua mão para demonstrar que vieram em paz. Albert Flood não gosta da proximidade da namorada e em um acesso de ciúmes entra no ginásio. O som das pesadas portas de metal e o visual de Albert, botas pretas, calça jeans, camisa preta e um sobretudo também negro assustam Fábio. O rapaz temendo pela violência abaixa-se e pega um arco dourado, sem nenhum fio.

— Garotas, com licença! — antes que Maria e Camilla possam gritar, ele salta e atira flechas de energia contra Albert, que mal tem tempo de erguer um escudo de força — Caralho!!! O cara também tem poderes!! — Albert cria um escudo de força ao redor de seu corpo e corre de encontro ao ginasta, que salta sobre ele e atira uma flecha especial de energia que enrosca em seus pés. Segurando a ponta da flecha, ele a puxa, fazendo com que Albert caia no chão.

Pare! Pare! — grita Maria — Ele é meu namorado! — John, Danielle, Kelly, Guido e Jack correm de encontro ao pequeno grupo.

— Espere aí, quem são vocês? — Fábio Reis prepara três flechas luminosas e se distancia um pouco — Vocês devem seu um daqueles puristas genéticos ou então alguém de fora. — Maria ajuda Albert a se levantar.

— Está ferido, Bebê? — pergunta a loira.

— Só o orgulho dele, cunhada, só o orgulho... — sorri Guido, dando tapinhas nas costas do irmão — Não é, "Bebê"?

— Abaixe as flechas. — pede John — Nós somos amigos.

— Não abaixo enquanto não obtiver respostas. Vocês parecem saber mais de mim do que eu de vocês.

— Suas flechas são feitas de energia, canalizadas do seu dom natural como um ser de luz. — explica Camilla — Pela tática que usa, você já deve conhecer sua origem.

— Energia e luz, hum? — John coça o queixo e dispara dos dedos lasers coloridos, que ao tocar nas flechas de energia dourada dissolvem-se. Fábio baixa o arco e olha atentamente para o grupo — Almond. Conhece essa palavra?

— Solo Uno. — responde Fábio — Meu avô me contava sobre essa terra como se fosse o paraíso. Meu pai tinha o dom de criar estátuas de luz, até morrer em um acidente. Há um ano e meio vivo só com minha mãe e minha tia. — Fábio escora-se numa trave — Minha mãe me proibiu de usar meus poderes, pois a família dela não sabe. Meu arco é feito de uma liga especial, mistura de ouro e de um metal que não existe na Terra. Ganhei de meu avô. Ele dizia que bárbaros poderiam vir me buscar e se arrependia de não ter ensinado meu pai como usar seus poderes de forma mais ofensiva.

— E seu avô? — pergunta Jack

— Meu avô faleceu depois do meu pai, assassinado.

— Os bárbaros de Halzagar! — suspira Camilla, enquanto prende o cabelo — Nunca se sentiu vigiado?

— Meu avô foi assassinado no túnel, em um assalto. Se esse Halzagar existe, ou seus bárbaros, nunca ouvi falar. Sabe, cara — fala Fábio, apontando para Albert — meu avô tinha um campo de força igual ao seu, mas se descuidava muito das costas.

— O interessante é que todos nós perdemos nossos familiares de forma trágica. — Danielle vira-se para a amiga telepata — Concorda, Camilla?

— Talvez, Dani. Seria necessário uma investigação mais apurada. — pondera Camilla — Mas não é uma hipótese a ser descartada, já que se Halzagar sabotou a nave da família real, deve temer que ela volte a Almond.

— Pois é necessário verificar isso rápido, meus pais estão vivos! — Maria começa a chorar — Por Deus, Al, temos que proteger meus pais!

O grupo fica um momento em silêncio.

Albert Flood lembra que nunca conheceu o pai, um homem rude que abandonou sua mãe quando ainda estava grávida. Por sorte, Helen se casou com Yugi, um oriental que embora fosse disciplinado e distante, o educou como filho. Guido nasceu dois anos depois e passaram-se três anos antes de Yugi ser assassinado pela Yakuza. Helen adotou para si e para os filhos os nomes de solteira e começou vida nova, sem nunca ter sido importunada pela máfia japonesa.

Guido Gravenoor Flood teve uma infância tranquila, foi incentivado pelo pai a lutar e mesmo depois que Yugi faleceu, Guido continuou seu treinamento, tornando-se mestre em várias artes marciais.

Danielle Fiorini Fox lembra que saiu de casa depois que sua mãe morreu envenenada em circunstâncias nunca explicadas. Seu pai casou novamente três meses depois e a convivência com sua madrasta, Deborah, era insuportável. A megera parecia ter alguma influência sobre seu pai para odiar a menina. Aos 16 anos, Dani Fox trabalhava no subúrbio e dividia um kitinete com Camilla e mais uma amiga. Foi nessa época que começou a beber.

John Munroe Jr. lembra que nunca explicaram direito o acidente de seus pais. Havia sido um acidente de carro, mas em qual circunstância? Como sua mãe não usou seus poderes para salvar a própria vida e a do marido?

Jack Rourke sabe que sua mãe morreu no parto. Seu pai o levava a locais distantes e contava histórias sobre dragões. Christopher Rourke aumentava sua massa e tamanho e segurava o filho na palma da mão para que pudesse vislumbrar as planícies dos bosques onde iam. Um dia Christopher cresceu tanto que seu coração não agüentou a pressão e teve um ataque fulminante. Ou assim ele se lembra. Somente quando conheceu Camilla foi que ela tirou seus bloqueios mentais e descobriu ter os mesmos poderes do pai. Talvez por isso Jack "Montanha" Rourke evite crescer mais que 20 metros.

Sobre Kelly Prado, o passado é um mistério. O sobrenome Prado, Camilla encontrou grafado em uma máquina fotográfica. Pelos equipamentos próximo ao cristal, os pais de Kelly eram arqueólogos, exploradores. Talvez soubessem de Almond e acharam o cristal na esperança de juntar a todos e seguirem seu destino. Deve ter sido terrível, afinal mesmo crescendo como um animal, ela nunca deixou que nada ou alguém chegasse próximo aos cadáveres dos seus pais. Somente quando Camilla a sedou telepaticamente, providenciou um enterro decente e a levou aos EUA junto com John.

Maria Carwald Cantwell sempre foi privilegiada. A mais popular, a mais rica, cheerleader do colégio, fazendo par romântico com o garoto mais bonito do colégio, até conhecer Albert e dedicar sua vida a fazê-lo feliz.

Camilla Stempis Prince foi muitas coisas na vida. Secretária, vendedora e até super-heroína. Seus pais eram Oníricos, a tornando a única do grupo que realmente era pura, e não híbrida. Os dois passaram a viver em comunidades hippies e foram queimados vivos por homens que os enxergavam como bruxos. A imagem ainda é turva na mente de Camilla, mas não pode ter certeza de que os homens eram realmente humanos. Os hippies a levaram a um lar adotivo com medo da comunidade ser massacrada. Camilla saiu de casa para Boston para terminar a faculdade, era um gênio, um prodígio... Ou apenas usava sua telepatia inconscientemente? Se formou aos 18 e junto com Jack e Marreta criou os Escolhidos. Um grupo que prendia pequenos bandidos e defendiam bairros ameaçados por gangues. Isso antes de se apaixonar e jogar tudo pro alto.

— Tenha calma, Maria. — Albert a abraça forte — Talvez seja só coincidência.

— Mas se Camilla diz que existe essa possibilidade ou esses rumores... — Maria leva as mãos ao rosto — Meu Deus, eu nunca disse aos meus pais o quanto eu os amo!

— Acalme-se, Maria. — fala Kelly — Se alguém chegar perto dos teus velhos eu estripo eles. — Maria arregala os olhos para Kelly e balbucia um "obrigada". Depois fica abraçada com Albert.

— Tenho que resolver minha vida aqui, mas vou com vocês. Me dê três dias. — fala Fábio, colocando o arco em sua sacola — Como faço para encontrá-los?

— Estamos na Califórnia, ligue para esse número e alguém irá buscá-lo no aeroporto. — John estende um cartão para Fábio — Deixaremos uma passagem em seu nome no aeroporto.

— Star Pictures? Uau! — Fábio coloca o cartão no bolso e estende a mão — Bem, John, acho que isso nos torna tão ligados como uma família. — John cumprimenta o novo amigo e os dois se abraçam — Em breve estarei com vocês. — Com um aceno ele coloca a mochila nas costas e sai do ginásio. O grupo permanece parado, como se o tempo estivesse congelado.

— Espera aí, gente. — pergunta Guido — Vocês realmente acham que tem alguém a fim de matar a gente?

Mansão Star

Por várias horas, Tom Sanders permaneceu agachado próximo ao cristal. O cansaço, o sono e a fadiga já começam a tomar conta de seu corpo. Aos 68 anos não se tem nem mais o ânimo, tampouco o viço da juventude. Entretanto, o passar dos anos, as rugas e cabelos brancos trazem não só maturidade e experiência, mas a consciência de que se deve fazer o que é certo. Não seguir os instintos, mas a voz que ecoa dentro do seu coração como uma canção e o conforta pelo seu destino, como uma velha música. De repente, a porta do quarto de Camilla voa pelo recinto, destruindo parte da decoração.

Sanders! Você é realmente patético, parece um garoto assustado, achando que o cristal vai protegê-lo. — Thomas Hamilton faz sinal para os filhos entrarem — Meus garotos, eu quero a pedra. Matem o velho!

— Engana-se ao dizer que pareço uma criança assustada! — diz Tom, falando alto e apontando a arma na direção da cabeça do Professor Hamilton — A única coisa que posso fazer, além de aceitar o meu destino, é cumprí-lo! — nesse momento, o mordomo se vira e atira várias vezes contra o cristal que se despedaça em milhares de fragmentos, as pedras parecem perder o brilho e Tom nota uma pequena gema, do tamanho de uma azeitona, que ainda pulsa forte. Ele a aperta na mão e se vira contra seus inimigos. Daniel e Richard Hamilton o espancam. No primeiro murro, o maxilar de Tom está fraturado em cinco partes. Seus ossos são moídos com os chutes das pesadas botas metálicas. Fraturas internas, hemorragia. O sangue o faz engasgar e tossir deitado no tapete persa.

— Agora virou pessoal, Sanders. Espero que o pequeno Junior o encontre agonizando. Eu vou matá-lo! Eu vou matar à todos e usar seus preciosos códigos genéticos para fazer homens tão perfeitos quanto meus filhos! A partir de hoje eu realizarei uma caçada contra essas malditas aberrações!! Espero que você viva para ver eu acabar com todos!

Hamilton e seus filhos saem do quarto. Mesmo sangrando e tossindo sangue, Tom sorri com a pequena gema brilhante em sua mão.




 
[ topo ]
 
Todos os nomes, conceitos e personagens são © e ® de seus proprietários. Todo o resto é propriedade hyperfan.