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Capitão América 2099 # 02

Por João Norberto

Anteriormente em Capitão América 2099...

O ano é 2099. Heróis começam a surgir de todos os cantos e prometem uma revolução vista apenas na extinta era heróica. Entre eles o novo Capitão América, que é tido como um terrorista atacando várias mega empresas.

Numa das milhares de redes de televisão do futuro um homem se apresenta como o "herói" e diz que vai contar sua história. Os telespectadores recebem uma versão da história, sem muitos detalhes, mas a verdade absoluta é outra.

Há algum tempo atrás, Jonh Arveen, depois de ver que os heróis não mudariam tudo sozinhos, resolve investigar uma empresa chamada BioGentech pelo ciberespaço. Ele entra com seu usuário, o Nômade e segue as pistas dadas por seus amigos hackers.

Ele encontra poderosas defesas no local indicado e depois de trespassá-las, ele invade a fortaleza digital para encontrar apenas um pequeno e aparentemente inútil cubo negro.

Após descobrir a verdade ele decide que é hora de agir.

Na XXX N.U.D.E. o clima era de festa por causa dos altíssimos índices de audiência, sem saber que a mesma entrevista era transmitida para todos os milhares de canais dos EUA, por uma antena pirata. A apresentadora, Shayera Moon, nesse momento com os seios fartos à mostra, parece ficar cada vez mais animada:

— Para os expectadores que acabaram de chegar! Estamos ao vivo com um homem que alega ser o novo Capitão América, procurado por diversos atos terroristas cometidos contra mega empresas nos últimos dias. Nosso canal tem patrocínios da Alchemax, pensando no seu futuro — Ela ergueu o corpo e não estava usando nada, mostrando seus pêlos púbicos digitais — E Stark-Fugikawa, toda a tecnologia para facilitar a sua vida.

Ela voltou a se sentar e agora estava vestida com um comportável terninho social, roupa que não era mais usada a pelo menos cem anos. Ela revirou os olhos da maneira sensual que os expectadores acostumaram a ver, apenas esperando a continuação do relato.

Como eu disse, depois de descobrir o que os Ratossugas da BioGentech pretendiam, eu resolvi entrar em ação. — A voz que todos estavam associando ao Capitão América rompia o silêncio. — Infelizmente nem tudo saiu como eu esperava.

Infosurfando no Passado
Parte II

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O Temporizador do apartamento de John Arveen acaba por lançar seus raios de sol inutilmente sobre os lençóis da cama do mesmo que não foi desarrumada na noite passada, afinal de contas nosso protagonista se encontra ainda diante da janela de seu apartamento, olhando para a Nova York do ano de 2099 e sem acreditar no que descobrira.

A mente dele ardia em ódio quando via ou ouvia o nome da BioGentech em algum lugar e saber que ela seria a responsável pela criação de um novo Capitão América, um capacho da megacorporações, apenas aumentava ainda mais a dor que ele começava a sentir fisicamente no peito.

Ao fechar os olhos ele se lembra das palavras do pai enquanto fingia dormir em seu quarto:

— Eu sei querida... — A mãe de John era o pilar que sustentava aquela casa onde todos sabiam ter um porto seguro para qualquer tempestade. — O Harry continua me pressionando... Não sei até quando poderei adiar os experimentos...

— Mas, Adam... — A voz da mãe sempre seria lembrada por John como um som quase celestial, capaz de tornar qualquer dor mais suportável. — A situação está em que pé?

— A Alchemax e a Lexxon começaram um tipo de "corrida armamentista", mas com operativos super humanos... Minhas pesquisas, que antes estavam direcionadas para a melhoria natural do ser humano, sem apelar para cyber-implantes, foi totalmente redirecionada para esse propósito. Agora todos estão querendo meus arquivos e minha cooperação, não sei o que fazer...

— Ora...Apenas peça demissão... Podemos nos virar bem ser esses ratossugas...

— Você não sabe o que acontece com quem tenta sair da BioGentech... O Alfonse, por exemplo...

John percebera que, nesse momento a mãe abraçava seu pai, consolando-o e logo o sono fez com que o garoto adormecesse profundamente acordando apenas quando sua avó o sacudia gentilmente, já na manhã seguinte.

O rosto entristecido da Vovó Arveen, como Jonh a chamava, já antevia que algo terrível acontecera e quando ela o abraçou e ele pôde sentir as lágrimas quentes da mesma em seu cabelo ele começou a perguntar sobre seus pais, o que aumentou ainda mais o choro da velha senhora.

Adam e Sasha Arveen morreram num terrível acidente de automóveis maglevs, cujos trilhos magnéticos, por motivos ainda desconhecidos, acabaram por lançar os veículos de encontro a um prédio próximo.

Um acidente, todos disseram.

Um assassinato, John sentia em seu íntimo.

Procurando desanuviar e deixar o passado em seu devido lugar, John balançou violentamente a cabeça e foi até seu escritório onde pretendia se preparar para invadir o local onde o novo Capitão América seria criado.

O plano era simples: Depois que o jovem Christian Filcher fora "eleito" como presidente, depois da derrocada de Destino, as megacorporações teriam um novo marionete, mas o descontentamento do povo diante da situação atual parecia exigir algo mais, algo como um protetor perfeito.

Segundo os dados que John conseguira do estranho cubo negro, vários soldados do exército, devidamente sob o controle da BioGentech, foram selecionados entre milhares para serem esse protetor, um novo Capitão América, que tentaria apagar a "propaganda negativa" que Herodes provocou ao criar uma versão falsa do antigo herói.

Um detalhe que saltou aos olhos do hacker fora que todos os escolhidos, como eles estavam sendo chamados pela empresa, eram brancos, loiros e de olhos claros. Um "Símbolo claro de como deve ser um herói americano" fora um dos termos usados num programa de apresentação que ele descobrira no cubo.

Isso era intolerável e John decidiu que iria impedir tal coisa a qualquer preço.

Tendo local onde as experiências estavam sendo conduzidas, John agora imaginava como entrar quando lhe veio à cabeça um antigo comercial do Velho Big.

— Roupa da surpresa!!!! — O Velho Big aparecia com sua imensa barriga para fora da calça com um modelo vestindo uma roupa negra atrás de si. O Modelo, um rapaz musculoso que provavelmente usara de substâncias ilegais para ficar daquele jeito, mal aparecia na Holotela com o velho diante dele — Seu casamento está ruim? A patroa não está mais te esquentando à noite? Não se desespere meu caro amigo! Com a roupa da surpresa você pode esquentar as coisas. Ela foi feita para que você possa entrar em sua própria casa e... Bem vejam por si mesmos.

O modelo apertou um botão em seu peito e aos poucos ficou invisível, logo a imagem se voltou para o rosto gordo do Velho Big e este apenas de uma piscada antes do comercial acabar. As vendas das roupas foram astronômicas e só foram interrompidas, por conta do, também crescente, número de casos de câncer de pele atribuídos à tecnologia falha do produto.

Outro processo foi devidamente arquivado graças ao cartão negro do Velho Big e as roupas foram tiradas de circulação, alegando que o projeto voltaria para os "laboratórios" e estariam de volta à venda assim que o probleminha fosse resolvido, o que nunca aconteceu.

Jonh comprou uma das roupas, mas é claro que nunca pensou em usar sem antes fazer realizar uma perícia total da tecnologia usada na roupa, o que o levou a descobrir o defeito, corrigi-lo e depois fez as informações chegarem às mãos certas para tirar do mercado aquele produto tão perigoso.

Agora aquela roupa seria a única coisa que ele poderia usar para invadir o laboratório da BioGentech e acabar com os planos da empresa que ele acredita ser a responsável pela morte de seus pais.

O grande obstáculo, no entanto será chegar até lá, uma vez que o laboratório, provavelmente para evitar espiões industriais, ficava no Submundo.

Quando começaram a construção da cidade em que John mora, a antiga cidade foi usada como fundação e para lá fora enviada a maior parte da população carente da época e então fora rebatizada apropriadamente de Submundo. Um verdadeiro pesadelo urbano onde a tecnologia é ultrapassada e mais perigosa do que qualquer aparelho vendido pelo Velho Big, onde os trilhos dos Maglevs não alcançavam e a maioria dos veículos ainda usavam rodas.

Mesmo assim John Arveen estava decidido e não voltaria atrás.

Depois de redigir um testamento para Jarvis, bem como um documento completo sobre sua descoberta para ser enviado a todos os cantos do planeta através do ciberespaço, John vestiu o traje, foi até um depósito onde ele guardava suas "lembranças" maiores e montado numa moto que ainda funcionava com o antiguíssimo motor e tinha rodas ele finalmente tomou os rumos para o Submundo ignorando os avisos eletrônicos das estradas que repetiam "Você está saindo da Cidade de Nova York e rumando para o Submundo. Tem certeza de quer continuar?".

Ele continuou e logo estava sendo guiado pelo computador de bordo da moto, que ele mesmo instalara há anos atrás, indo em segurança até a entrada do laboratório, devidamente disfarçado do que os antigos chamariam prédio comercial, um disfarce perfeito que não levantaria nenhuma suspeita e nem sequer a atenção de empresas rivais.

As ruas do Submundo eram deploráveis em comparação com a cidade onde Jonh crescera. O lixo se acumulava nas esquinas e onde nem mais cabia, fazendo com que John desse graças pela máscara de ar que filtrava as impurezas dali.

Respirando fundo e acionando a invisibilidade ele avançou para seu destino.

Nenhum guarda na entrada e nem poderia ser diferente uma vez que eles queriam manter o projeto em segredo máximo, o que começava a dar uma sensação de falsa segurança. Invadir o prédio foi ainda mais fácil do que Jonh podia imaginar. Usando a invisibilidade, ele foi subindo os andares, em cada um poucos guardas podiam ser vistos. Era quase inacreditável a falta de uma segurança melhor, sinal de que a BioGentech tinha certeza plena de que seu projeto não corria perigo. Alguns minutos depois, ele se encontrava no laboratório Estrela.

Contrastando com o resto do prédio, o laboratório onde todo o projeto Supersoldado seria implementado possuía a mais atual e impressionante tecnologia atual. Parecia haver ali, na verdade até uma tecnologia estranha e por que não dizer, alienígena.

O local estava vazio e logo Jonh invadia um console próximo, retirando do mesmo um holocd de memória contendo o mesmo código digital que seria colocado no "escolhido", ele sentiu o peso do que tinha em mãos e aproximou o holocd de seu rosto, admirando sua própria coragem e perfeição em conseguir chegar até ali, mas a alegria durou pouco.

Os alarmes soaram estridentes e o invasor se viu descoberto. Mais do que rápido ele invadiu outra vez o sistema e lacrou o laboratório, conseguindo assim um tempo.

Pouco tempo na verdade, pois minutos depois dos portões se lacrarem, os seguranças usavam um maçarico alfa que usava chamas atômicas para começar a abrir caminho, logo eles entrariam e seria o fim de Jonh Arveen e o começo para um novo Capitão América, uma marionete das corporações que ajudaria as mesmas a continuar a enganar o povo, criando assim um país de zumbis que nunca se levantariam para fazer alguma diferença.

E seu filho cresceria naquele país.

Se perguntado, Jonh Arveen não sabe dizer o que o levou a inserir o holocd em seu leitor digital e plugá-lo em seu acesso de córtex, fazendo assim com que o projeto Supersoldado preenchesse sua mente.

Com um verdadeiro urro de dor, ele se ajoelhou no chão do laboratório, as mãos dos lados da cabeça, a cabeça encostada no chão frio, o que causava dor até em sua fronte, o corpo foi tomado por tremores enquanto os músculos pareciam passar por mudanças visíveis.

A verdadeira tempestade, no entanto, ocorria em sua mente. Informações militares, estratégias e centenas de cenas de como o Capitão América original lutava invadiam a mente de John Arveen alterando seus neurônios, adaptando-os e os transformando em algo mais, algo que ele próprio não imaginava o que era.

Nesses poucos segundos em que John se contorcia no chão do laboratório, os seguranças da BioGentech abriram os portões e mais de trinta homens fortemente armados logo cercaram o invasor ordenando que o mesmo se levantasse e colocasse as mãos na cabeça.

E assim ele o fez. John Arveen se levantou e se ele mesmo visse seu rosto não reconheceria o olhar que estava estampado ali. Confiante, forte e com a certeza inexorável de que poderia enfrentar o mundo. Ele girou o corpo dando uma boa olhada nos homens que o cercavam, moveu o pescoço de modo que o mesmo estalou e então finalmente falou:

— Cara! Isso é demais!!!!


Conclui a seguir.




 
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