|
Por
Leonardo Araújo
Dia de Fúria Parte III
Gotham está tendo uma noite muito agitada. Iniciou com o Crocodilo invadindo as dependências da sede da Companhia Central de Abastecimento de Água de Gotham (CCAAG). O invasor foi capturado por Batman, que o conduziu para um interrogatório, no melhor estilo do morcego. Neste, descobriu que o arquiteto por traz das ações do Crocodilo era o Pingüim.
Na seqüência, o vigilante interrogava seu prisioneiro quando sofreu um ataque aéreo, proveniente de dois helicópteros. Após anular a provável ação de resgate, o Cavaleiro das Trevas foi em busca do gangster Oswald Chesterfield Cobblepot, o Pingüim. No momento, Batman observa o desenvolver dos fatos.
A ação é furtiva, rápida e objetiva: dois carros estão estacionados aos fundos de um cassino clandestino, com os motores ligados. A porta corta-fogo é aberta e dois seguranças saem. O gangster é o terceiro homem a sair. Um dos seguranças abre a porta do automóvel mais próximo para que o seu chefe pudesse entrar.
Vamos logo! Quá, este lugar está condenado. diz antes de fechar a porta do veículo. Esta é batida com força. Os seguranças que estavam junto à porta correm e entram no outro carro. No beco estreito, os motoristas arrancam abruptamente em direção a rua principal.
Que meda é essa? grita um dos seguranças no segundo carro.
Atira! Chumbo nele!!!
Ao ouvir tiros, Pingüim vira e avista Batman agachado sobre o capo do carro que fazia sua segurança: tiros arrebentavam os vidros enquanto o vigilante lançava um granada para dentro do veículo, aproveitando o pára-brisa quebrado, e saltava para a retaguarda do automóvel. Ato contínuo, o Homem-Morcego é arrastado rumo ao alto das edificações pelo acionamento da retração da corda presa ao seu corpo.
Olha lá! aponta o carona de um dos carros que passava próximo ao local do confronto. O trânsito para diante das circunstâncias. Um dos porteiros liga para a policia, enquanto um senhor entra, apressadamente, na portaria do prédio em que mora.
Os tiros continuavam, apesar da fumaça tomar conta do ambiente interno. Semidesgovernado, o carro derrapa e alterna rumos diferentes. Por fim, o motorista não consegue evitar o choque com um hidrante. O estrago é notório, embora a velocidade não passasse de 60 km/h.
Algumas pessoas na rua viram dois dos homens que estavam no carro sair, cambalear por cerca de dois passos e cair, vítima do potente sonífero lançado dentro do automóvel. Outros viram uma sombra se afastar do local, por sobre os prédios.
Morcego maldito, quá! esmurra o teto Rápido, acelera. Ele não pode nos alcançar.
Sim, senhor!
Não estou vendo ele. diz o gangster com o rosto muito próximo ao vidro lateral da janela. Ele passa alguns segundos observando também pelos outros vidros. Pelo túnel! ordena.
O carro segue em alta velocidade pelas ruas da cidade. O motorista pressiona um botão discreto no painel e a placa gira, sendo substituída por outra.
Diminua, siga o fluxo do trânsito. Não queremos chamar atenção.
Como o senhor quiser.
A tensão é grande dentro do carro. O segurança, no banco do carona, está com a arma na mão, pronta para disparar. Ele transpira e exibe um leve tremido, fruto da descarga de adrenalina.
Cuidado com isso! alerta o Pingüim Estúpido. ele pega um lenço e enxuga o suor da face e pescoço que insiste em brotar mesmo com o ar condicionado do automóvel funcionando perfeitamente.
O motorista, por vezes, também lança seu olhar a distância, procurando algo que indique que deva acelerar, parar ou seguir em outra direção..
Olha pra frente! Olha pra frente! repete o Pingüim Se você bater o carro, quá, ai estaremos com muito problema.
Após quase vinte minutos circulando, o gangster ordena:
Para o carro.
Mas chefe...
Mandei parar! fala dando um safanão na cabeça do motorista.
O veículo é manobrado e para junto da esquina.
Desce. diz Pingüim apontando seu guarda-chuva para o segurança Arruma outro carro. Este deve estar monitorado.
O homem sai do carro e caminha em direção aos veículos estacionados à retaguarda, pouco mais de trinta metros.
Circula, dê uma volta na quadra. ordena.
O carro, lentamente, acelera.
Tenho certeza que o rato voador grudou um daqueles rastreadores na traseira do carro. ele olha por sobre o ombro, em direção a traseira do automóvel Eu conheço aquele desgraçado.
Muita esperteza, chefe, muita mesmo.
Puxa-saco. resmunga pelo canto da boca enquanto acende uma cigarrilha na ponta do pito Cala a boca e dirige.
Conforme ordenado, o motorista conduz o automóvel por um volta completa na quadra, com uma velocidade moderada. Não há quase ninguém na rua, visto que já passam das quatro horas da madrugada.
O veículo dobra a esquina, já na rua em que parara, embora na esquina oposta.
Que merda! Acelera!
O que foi chefe, o que o senhor viu? pergunta o motorista, sem resposta.
Ele avistou algo que o segurança, tentando arrombar um carro, não percebeu: uma sombra na cobertura do edifício em frente à ação do furto.
Arggh! duas lâminas negras em forma de asa de morcego perfuram a mão do homem que já havia aberto a porta. O sangue jorra de forma abundante. Uma corda o enlaça e o ergue no ar, velozmente. O homem é engolido pela sobra na cobertura. O silêncio impera.
Rato maldito! Pingüim esmurra o banco do carro. Ele apanha um celular e, ao tentar discar, percebe que o aparelho não completa a chamada.
Vai chamar ajuda?
Dirige! ordena Tenho certeza que foi ele. resmunga em relação ao não funcionamento do celular.
Minutos se passam enquanto o gangster observa o alto dos prédios em vão. Ele pensa, pensa, mas não vê opções.
Estamos ficando com pouco combustível.
Merda! Quá! Quando eu pegar aquele rato, ah, acabo com ele! Vamos para o ninho.
Cerca de dez minutos se passam até o carro entrar em uma residência com aparência de abandonada. Seus ocupantes, apressadamente, deixam o carro.
Fique de olho vivo! diz Pingüim correndo e segurando sua cartola na cabeça.
O motorista abre a porta e ambos entram na casa. Eles seguem direto para o quarto dos fundos e abrem um armário velho. Lá, armas e munições se encontram em grande quantidade.
Pegue o que puder. ordena novamente.
Subitamente, Pingüim coloca o dedo indicador direito perpendicularmente sobre o lábio, em sinal de silêncio. Ele indica, com um gesto de cabeça, para que o motorista o siga. Pé ante pé, de forma furtiva, eles se deslocam. Primeiro vasculham a sala. Por vezes observam janela. Vistoriam os quartos e o banheiro.
Cozinha. fala cochichando.
Eles adentram a cozinha, com extrema cautela. Enquanto Pingüim dá cobertura, o motorista olha nos poucos lugares onde uma pessoa poderia se esconder. Certo de que o lugar estava limpo, ele diz quase sussurrando:
Vamos sair daqui. Na garagem há uma passagem que leva à casa na frente da rua.
Ambos saem da cozinha, passando pelo corredor. Com um forte estrondo, placas do forro se soltam: um par de braços agarra o motorista e o leva para as sobras entre as telhas e o forro.
Morre, desgraçado, morre! enquanto grita, Pingüim dispara com o guarda-chuva várias vezes no forro, em diversas direções. Placas de gesso, pó, pedaços de ripa começam a cair. Os tiros não cessam enquanto a munição não acaba.
Desgraçado! Desgraçado! grita correndo pela casa na direção da porta de saída. Nesta ele se detém.
Quer me pegar lá fora, né, seu rato! Aparece!
Passos, do quarto em direção a sala, podem ser ouvidos pelo ranger das tábuas que recobrem o piso.
Quá, morra, rato! diz Pingüim ao tentar disparar, novamente, sua arma, agora completamente vazia.
Rapidamente ele se vira, empunha a maçaneta, gira-a e abre a porta. Algo fisga sua perna, um puxão forte na perna esquerda o derruba. O gangster é arrastado pelo assoalho, atravessando toda a sala. Quando termina o arrasto, ele se vira para encarar seu capto.
Acabou? É o que você pensa. diz Pingüim.
Agilmente, Pingüim enfia a mão no bolso interno do paletó, todo amassado e roto, e saca um pequeno revolver de dois tiros. Batman, com um golpe, faz a arma parar do outro lado da sala. Ele abaixa, pega o marginal pelos colarinhos e o ergue, trazendo-o face a face:
Temos contas a acertar, Cobblepot.
Uma hora depois, já na caverna, ele remove o capuz se dirige ao computador. Uma visão em particular lhe chama atenção: um pombo entra pela escuridão da caverna, voando em sua direção. Era visível algo preso a sua pata.
"Diana."
Bruce estende a mão e pega a ave que pousara sobre o encosto da cadeira, logo ao seu lado. Com cuidado, retira a mensagem do pé do pombo e abre. No papel há uma mensagem da rainha das amazonas:
"Espero te ver em breve, Di".
|
|