hyperfan  
 

Batman # 21

Por Leonardo Araújo

Na edição anterior: Batman e Diana vão a Nova York atrás de Ra's Al Ghul e enfrentão Metallo e Dentes-de-Sabre. O vilão não estava mais lá. Após misterioso sumiço, A Mulher-Gato é encontrada e resgatada por Batman. Selina é o pivô de uma busca internacional. No momento ela é hospede do Cavaleiro das Trevas.

Feromônios — Parte II
Dormindo com o Inimigo

:: Sobre o Autor

:: Edição Anterior
:: Próxima Edição
:: Voltar a Batman
:: Outros Títulos

Na caverna, Batman avalia os resultados de análises feitas no material que estava com Selina ao ser encontrada. Ele usa um poderoso espectroscópio. Este é uma máquina interessante, que incorpora muita tecnologia, capaz de fazer a leitura de composições químicas de materiais diversos. Há várias amostras separadas para serem analisadas no aparelho.

Descendo a escada que dá acesso à caverna, Diana, trajando um roupão negro com as iniciais "B W" em dourado, observa Bruce trabalhando. Ao chegar perto dele e ver as amostras, pergunta:

— Estas amostras estão relacionadas a nossa "amiga" lá em cima?

— Estão. — ele está fixo no aparelho.

— O que contêm? — olha por sobre o ombro dele.

— Fiz uma busca cuidadosa na roupa que Selina vestia quando a trouxe para cá.

— Tudo?

Com um sorriso em um dos cantos da boca ele responde:

— Cada centímetro de todas as peças.

Ela se apóia na cadeira que ele está, ficando com seu rosto praticamente colado ao dele e o quadril jogado para trás.

— Que cheiro agradável. — ele fala ao respirar suavemente — Suponho que acabou de sair do banho.

— Sim. Alfred foi muito gentil ao me fornecer uma toalha.

— E ela? — ele introduz uma mão nos cabelos dela ao lado do rosto.

— Acho que está descansando. — ela beija seu braço — Já descobriu algo?

— Nada relevante.

Nisto o sinalizador de emergência da Liga soa na caverna. O casal se recompõe da cena. Era o Super-Homem quem falava:

— Batman... oi Diana! — fala com certa surpresa.

— Oi Kal. Estamos tratando de um caso em comum. — a rainha cruza os braços olhando para seu parceiro.

— É bom encontrar os dois, assim falo com ambos ao mesmo tempo.

— O que aconteceu? — pergunta Batman.

— Suponho que já saibam sobre a Mulher-Gato.

— Sim sabemos. — responde Bruce.

— Há um alerta prioritário para sua captura. A informação que ela obteve garante a possibilidade de acionamento de armas atômicas ou sabotagem das mesmas. Os governos estão preocupados. — fala Super-Homem.

— Com certeza não compartilharam sobre o roubo com os eleitores de seus países. — arremata Batman de forma provocativa.

— Claro que não! Sabe que isso levaria a população ao pânico. Como ela é de Gotham, pensei em me certificar de que você estava por ai para garantir que ela fosse pega, caso retornasse a sua cidade.

— Ela não está aqui.

— Já conversei com Bruce sobre isso, Kal. Ela não está aqui.

— Eu estava na base da Liga quando o presidente Fox, em pessoa, pediu para apoiarmos as buscas. — explica o Homem-de-Aço.

— A situação está sobre controle aqui. Informarei em caso de novidades. — avisa Batman.

— Estou preocupado. No momento é só. Desligo.

— Adeus Kal.

Ao notar que o contato estava desfeito, a amazona questiona:

Mentiu pra ele. Porque?

— Você sabe. Minha cidade, meus assuntos. Não quero interferência dele nos meus casos. Só se for uma situação extrema.

— E eu? Essa cidade não é minha, devo ir?

Batman mostra um leve sorriso no canto direito da boca:

— Diana, eu gosto de você por perto.

— Você falou em "situação extrema". Bombas nucleares, por exemplo? — encarando-o com as mãos nos quadris.

— Quando estão na iminência do disparo, sim. Mas agora precisamos de um trabalho de detetive. Quem realmente detém os códigos de lançamento? A informação continua em poder de um só? Há questões a serem respondidas.

— E certamente ele não ia concorda que ela ficasse aqui. Não sei como eu sugeri isso. — ela fala olhando para o teto. Diana exclama — Nem ele nem o FBI!

— Certo. Iriam querer prendê-la, embora, provavelmente, fossem prosseguir a investigação. Kent também segue as regras. Tenho os meus próprios métodos.

— Não posso dizer que concordo com todos os seus métodos, Bruce querido, mas, neste caso, acho que você está certo. Apesar de não confiar inteiramente em Selina, confio em seus instintos.

— Selina conquistou minha confiança, eu sempre estou de olho em sua fixação em... objetos caros.

— Espero que ela não ronrone em seu pescoço — brinca Diana.

A presença do feromônio ainda interfere amplamente com eles. Ele se levanta da cadeira e rouba um ardente beijo de Diana, enquanto sua mão encaixa-se entre as belas pernas da amazona.

— Quem sabe eu possa participar da festinha aqui em baixo! — sugere a Mulher-Gato quase num ronronar.

Diana sorri. Bruce, frustrado, se encaminha para uma sala com vários artefatos.

— Eu tinha certeza que aquela fúria dele nas lutas e o autocontrole permanente — fala Selina, em tom moderado, com uma expressão severa no rosto — se tornaria um vulcão descontrolado na cama — dá um giro de 360º e muda a expressão com um suspiro.

— Você pode ter certeza. — responde a rainha sorrindo — E como...

— Princesa, melhor, rainha... — ela se debruça sobre a mesa e encara Diana — de mulher pra mulher, como vocês se viram na Ilha Paraíso?

Diana olha-a com certa surpresa. Ruboriza um tanto e fala;

— Você fala sobre...

Sexo. — ela pisca e sorri.

— Bom você pode imaginar, com certeza, — esboçando um tímido sorriso — que nem todas são abstinentes. — Diana ainda está influenciada pelo impulsivo carinho que Bruce a fez — Alias, a grande maioria...

Nisto Batman sai da sala que havia entrado e o barulho dos apetrechos que trás consigo interrompe a conversa. São manoplas metálicas para serem usadas em ambos os braços.

— Diana, podemos ter de deter Super-Homem. — ele fala num tom severo.

— Humm, vocês se digladiarão por mim? Uau! — fala Selina como se fosse uma garotinha.

— Você — apontando para Selina — fica com Diana aqui. Irei ao armazém que te achei em busca de pistas.

Ele beija Diana e, ainda excitado, sussurra em seu ouvido:

— Quando retornar, terminaremos o que iniciamos antes dela descer.

— Mal posso esperar. — ela olha para a ladra.

As duas se entreolham enquanto ele entra o batmóvel.

— Eu ouvi! — diz Selina com certo sarcasmo, fitando a amazona e passando a língua nos lábios.

— Ele queria que você ouvisse. — responde Diana em tom similar.

As duas seguem conversando escada acima.

— Você, além de ser muito bonita, — fala Selina ao fitar Diana de cima a baixo — tem um corpo de matar qualquer uma de inveja.

— Talvez, mas não quando se é bonita como você. — ela retribui da gentileza.

De volta ao armazém que encontrou Selina. Batman observa as imediações. Pode reconhecer uma mulher entrar no enorme galpão:

"Lane? Lois Lane? O que ela faz aqui?"

Batman entra no armazém, sabendo que há algo errado, muito errado naquela situação. Ele caminha em direção a mulher que está parada no centro do armazém. Ela usa trajes colantes, realçado sua feminilidade. Ele sente a adrenalina invadir seu sangue, sua pulsação acelera a medida que se aproxima. Pensamentos lascivos invadem sua mente. Há algo no ar, mas isso não faz diferença agora.

Ele perde o fio de concentração que detinha ao olhando nos olhos dela. Quando os retorna ao corpo, ela está completamente nua, como magia.

— Sra. Kent, o que faz aqui?

— Sra. Kent? — ela caminha provocantemente para ele. Lois entreabre a boca.

O mais convidativo era a boca. Um clichê de boca sensual, com lábios feito gomos de laranja. Não, bagos de uva. Melhor, duas metades de uma bomba de chocolate.

Por trás deles, dentes pequeninos. Pareciam fora de escala, mas eram bonitinhos. Teclas de um piano de brinquedo.

Bruce experimentou-os com a língua enquanto bloqueava mentalmente a voz que repetia que aquilo cheirava mal. Terra molhada, lodo, por trás do Eau de Cologne.

"A base perfumada é simplificada e as notas de cabeça, acentuadas," — recitou a memória para a consciência, enquanto buscava a marca do perfume — "o que dá uma sensação de frescor. Neste caso, a concentração é de três a cinco por cento."

As conexões neurais vinham em seqüência acelerada, do olfativo para o visual e o tátil. Terra, lodo, escuridão, umidade, minério, podridão, vento, couro, medo.

Morte.

Batman estava fora de controle. O beijo rachava barreiras levantadas há muito tempo. Os lábios tinham gosto de terra. Terra de cemitério.

"Duração na pele: efêmera."

As coxas de Lois enlaçavam seu quadril e pareciam mais longas. Ele estava apavorado, mas não a ponto de deixá-la. Agarrou as pernas e buscou um ponto de apoio para a investida, empurrando o cheiro e as relações mnemônicas para a parte de trás da mente. Não era momento para racionalizações.

Estavam de pé, escorados em uma parede.

"Ideal após o banho!"

As pernas não eram as únicas partes dela enroscadas nele. Os braços pendurados em seu pescoço faziam uma curva estranha, como se tivesse dois cotovelos. Começava a perceber como era possível Lois estar casada há tanto tempo com Clark. Quer dizer, se aquele era um exemplo de sua elasticidade natural, tudo fazia sentido.

A língua continuou a prospecção da cavidade bucal até esbarrar em um adversário intransponível. Começou um balé, uma esgrima entre dois órgãos gustativos, um jogo preliminar, abrindo caminho para o principal.

Os duelistas concentrados em seus objetivos. Nenhum cedia. Na verdade, Batman perdia terreno. A língua de Lois invadia sua boca, buscando a garganta.

De repente, não era mais uma língua, mas uma pedra, um tijolo.

Os braços e pernas tornaram-se laços, torniquetes. O medo voltou, paralisante. O cheiro era o mesmo que sentiu quando descobriu a entrada da caverna. Quando, no fundo do poço, com a perna quebrada, acreditou que ia morrer. Quando teve a epifania.

Não era Lois.

"Versace Man!" — gritou a memória, pressionada pela urgência do sufocamento — "O perfume é Versace... Man!"

A mão direita estava imobilizada, mas a esquerda conseguiu alcançar um compartimento lateral do cinto de utilidades. Ao lado do spray antitubarões, depois do escudo dobrável de microfibras, encontrou. Pressionou a tampa com o polegar e disparou um jato de hélio líquido. Foi caro, mas valeu a pena arrumar aquele refugo da NASA.

Congelou um dos braços de "Lois", que mudou de cor para um marrom quase negro, retraindo-se e modelando o corpo, livrando a vítima de seu aperto. Bruce sentiu a garganta dilatar como efeito da tentativa de sufocamento, mas cravou os dentes no pseudópode que lhe invadia a boca, aproveitando a momentânea quebra na concentração da agressora. Cuspiu o pedaço seccionado, que, uma vez no chão, esgueirou-se em busca do resto do corpo.

— Hagen — Disse Batman, enquanto desacelerava os batimentos cardíacos. Controlando a respiração, complementou:

— Cara-de-Barro.

— Opa! Sou eu mesmo. E você gostou de cada segundo, né, garanhão? — Matt Hagen mantinha as feições de Lois Lane sobre o corpo deformado. O efeito era, no mínimo, surrealista — Tenho de admitir, você beija muito bem.

O corpo metamórfico de Hagen iniciou um frenesi de transformações, inundando o ambiente com diversas emanações hormonais. Em um momento ele era Selina Kile, em outro, Diana de Themyscira, num terceiro, Barbara Gordon, sempre reprisando os modelos a um nível molecular, incluindo os aromas corporais, mas ampliados a um nível capaz de enlouquecer o sentido olfativo de um homem.

"Alguma coisa está mudada em Hagen "— pensou Batman, lutando contra os instintos — "Antes, ele copiava apenas a aparência de coisas e pessoas, mas agora a réplica deve ser minuciosa a ponto de se tornar biologicamente igual ao orginal. Nenhum dispositivo de reconhecimento seria capaz de identificá-lo."

Observou o ambiente em torno e memorizou a posição de cada peça de mobília e eletrodomésticos no escritório. Voltou-se para o Cara de Barro pensando que Pamela Isley havia plantado um dedo verde na fisiologia de Hagen. E se assim fosse, havia uma saída logo ali.

O braço de Barbara Gordon transformou-se em um martelo do tamanho de uma porta. Em conseqüência, o corpo diminuiu de estatura, já que a massa mantinha-se inalterada, mas o impacto com o qual o martelo protoplásmico atingiu Batman foi igual ao de uma bola de demolição, jogando-o contra uma estante cheia de frascos e garrafas, ao lado de uma geladeira de duas portas.

— Qual é, Morcego? — falou Hagen pela boca de Dinah Lance, um seio despontando por debaixo do tailler negro — Você já foi mais ágil.

A cabeça girando, cercado de cacos de vidro, Batman permitu-se um sorriso. Ou um esgar, dependendo do ponto de vista.

— Ainda sou mais ágil que seu cérebro, Hagen — e atirou um batarangue explosivo.

Hagen desviou-se para o canto oposto do recinto, tornando o corpo quase líquido, para ganhar velocidade. Antes que a torrente amarronzada tocasse o chão, Batman esticou o corpo e, com um impulso, jogou a geladeira, duas portas abertas, em direção ao oponente. O corpo de Matt Hagen derramou sobre o chassis branco, mas não conseguiu fugir do gás freón que vazou do eletrodoméstico.

Livrando-se da parte do corpo congelada em uma forma abstrata, escorreu para o chão. Não percebeu que a gordura de sua fisiologia se aproximava do óleo vazado pelo eletrodoméstico.

Com um murro, Batman arrebentou uma tomada da parede, arrancando fios e ligando-os aos pólos de seu taser portátil. "Hora de fritar", pensou enquanto disparava os eletrodos em Hagen. Nesse momento, o Cara de Barro esboçava uma encarnação de Betty Kane.

A voltagem do edifício passou pelo corpo de Hagen / Kane / Lance / Gordon / Diana / Kyle, queimando o protoplasma orgânico até não sobrar nada, fora o pequeno pedaço congelado.

Batman recolheu a pedra e embrulhou na capa. Dissecaria o Cara de Barro até descobrir o que estava acontecendo. Era necessário um antídoto, uma maneira de reverter, de impedir, de eliminar aquele descontrole.

Apoiado na parede onde momentos antes abraçara uma Lois Lane maleável, refletiu sobre os acontecimentos daquela noite.

Inaceitável. Mas o pior, o que realmente o incomodava, era que, por baixo da recordação do fosso escuro, das asas negras, do medo, havia prazer.

Um prazer enlameado e úmido.

Sacudiu a cabeça até a lembrança reduzir-se a um gosto amargo. Enojado, cuspiu um misto de sangue e barro. Seu fluido vital mesclado a uma parte do corpo de Matt Hagen.

Seja o que for que Pamela Isley fez, ele precisa sair dali e respirar. Seus pensamentos devem estar centrados para buscar a elucidação do caso. Ele sai e vai ao telhado. O vento frio no rosto o ajuda.

Há muitas variáveis envolvidas. Agora, a dedução lógica aponta o Cara-de-Barro como aquele que se passou pro Selina. Mas ainda há mais, muito mais a ser investigado.

Retornando ao antigo armazém, Batman percebe que o Cara-de-Barro recuperou-se muito rápido e evadiu-se, aproveitando o tempo que o detetive se livrava dos efeitos psicológicos do seu descontrole sexual. O Homem-Morcego avalia o ambiente:

"Hagen deve estar longe!"

Agora, finalmente, ele se concentra no que veio fazer: procurar pistas.

O vigilante percorre as instalações com uma pequena lanterna, procurando pista dos eventos que o levaram a Selina Após certificar-se de que era o único no lugar, se dirige ao local em que achou a ladra. Observa, com atenção redobrada, o chão do lugar em busca de algo que lhe sirva de pista.

"Há muita bagunça deixada pela luta. Este espaço está particularmente limpo, como se alguém tivesse avisado para os traficantes de arma não ocuparem esta parte do armazém."

Pensa enquanto está no mesmo local que achou a Mulher-Gato. Nisto ele nota os esparadrapos no chão e em partes da cadeira, os mesmos que prendiam Selina os quais ele mesmo descartou ao soltá-la.

"Displicente. Como pude ser tão relapso. Deixe isso para trás sem analisar nada."

Recolhe a pista e continua sua investigação ainda se maldizendo pela desatenção. Numa análise mais criteriosa, recolhe amostra do que parece ser sujeira de uma pegada. A seguir, aplica um feixe de luz infravermelho. Após este, aplica um ultravioleta, procurando espectros não percebidos pelo olho humano. Recolhe pequenos objetos e faz uma amostra de digitais do local. Porém, deposita toda sua confiança nos esparadrapos antes descartados.

Na porta da suíte de Bruce, as meninas ainda conversão. Alfred já se recolhera há algum tempo. Selina, fonte dos feromônios, estava muito agitada. Diana, quanto mais tinha contato com Bruce, portador indireto pelo tempo que se expôs a Selina, mais perdia o controle sobre seu corpo. A presença direta do vetor principal só acelerou o processo.

Com claras intenções, Selina dispara;

— Você ainda era virgem quando começou o namoro com o morcego, não era? — e espera a resposta com a boca entreaberta, como quem está com calor.

— Era... mas morria de curiosidade.

— E como se satisfazia? — Selina avança, forçando Diana entrar no quarto, o que ela faz com extrema passividade — Nunca teve desejo por garotas na sua ilha?

— Sim, mas não levei ao extremo! — a amazona já tinha o olhar travado em sua interlocutora, que deixa o roupão cair.

Batman retorna a caverna com as amostras feitas. Cuidadosamente ele começa a separar os pedaços de esparadrapo. Depois de os separar, pelo monitor na caverna, ele percebe que Diana dorme em sua cama com o quarto quase completamente escuro. Bruce sorri para si mesmo, reconhecendo a incrível sorte de tê-la como namorada. Se ele acreditasse em deuses, agradeceria.

"Ela é perfeita". — com estes pensamentos, ele deixa momentaneamente a investigação e se junta à belíssima amazona.

Já era final da madrugada. A agitação do sono de Bruce era evidente para quem pudesse vê-lo naquele momento. Não era uma agitação oriunda de sua costumeira vida violenta, mas por um sonho, ou melhor, um pesadelo.

A pouco tempo, um pesadelo com estes mesmos personagens lhe ocorreu.

— Agora estou vivendo. Não naquele canto escuro, naquela periferia de vida, suas sobras! — Bruce Wayne, em trajes esportes, falava quase esbravejando.

— O juramento. Temos de honrar o que prometemos. Temos uma missão! — responde Batman apontando o dedo para seu interlocutor. Eles se encaram.

— Você acha que papai e mamãe aprovam que seu único filho, seu único descendente, tenha uma vida de riscos? Uma vida de pura reclusão onde as atividades sociais são meros disfarces? Que tipo de pais você acha que eles eram?

— Do tipo que queriam ajudar esta cidade. — aponta para o chão — Este comportamento descontrolado e displicente tem que acabar.

— E você deve estar botando culpa em algum dos loucos que o enfrenta. Ele gira o braço apontando em todas as direções — Quem você vai escolher pra espancar — soca a palma da mão — até que diga que é o culpado pelo que você, — aponta para Batman — sim, você anda fazendo?

— Vou descobrir.

— Você é louco, paranóico! Só se interessa por sua maldita missão. Você não tem amigos, tem aliados. Isso é ridículo.

— Sabemos que fazemos o que é necessário.

— Desculpa idiota. Vou te dizer quem está te controlando: sou eu, Batman, — batendo com as palmas das mãos no peito — eu, Bruce Wayne. Vou assumir o controle. — ele fala a centímetros da face de Batman.

— Você e eu somos um só. — segura os 2 dedos da mão esquerda com a mão direita, forçando-os a juntar-se.

— Nunca fomos! — divide os 2 dedos da mão esquerda com a faca da mão direita -Talvez jamais sejamos.

— Isso não faz qualquer sentido. — cruzando os braços.

— Pergunte o que faz sentido na sua vida. Vamos pergunte. Pergunte ao Dick, ao Clark, a Diana.

— Deixe Diana fora disso! — finalmente ele se irrita.

— Ahh, então até você sente. Vou te mostrar outra coisa: raciocinar! Pense, — aponta para a própria cabeça — use seu intelecto, ô grande detetive.

— O que quer dizer?

— Para o mestre das deduções, você tem dificuldades com algo óbvio. Não adianta franzir a testa: não me intimida.

— O que esta tentando fazer? O que acha que vai conseguir com esta conversa?

— Não tente me desviar. Conheço seu jogo. — aponta novamente para Batman — Vou te mostrar a verdade, a sua verdade, a minha verdade. — aponta Bruce para si mesmo e para seu interlocutor.

— Minha verdade é clara, ficou muito claro com os corpos de nossos pais sangrando naquela calçada imunda. — há um tom amargo em sua voz.

— Quem é o maior mulherengo que você conhece? — sorri Bruce.

— Meu... ou melhor, nosso circulo social é muito amplo.

— Ok, vou te ajudar. Porque acha que Clark escolheu o disfarce de repórter? — faz um óculos com os dedos.

— Porque ele é bom nisso e gosta do que faz. Kent pode fazer este papel pelo resto da vida, coisa que talvez não possa fazer como Super-Homem. — fala com autoridade.

— E Oliver? — o gesto de mímica é de um arqueiro disparando — Porque ele não usa duas faces? Ele é quase o mesmo como Arqueiro e como Oliver.

— Impossível ele desempenhar outro papel. É a única forma que ele sabe agir.

— E você, o que me diz? — indaga Bruce agora franzindo a testa.

— Não entendi.

— Não se faça de bobo, — reponde Bruce — este é um papel que você não sabe interpretar.

Nisso, Batman tem a face de espanto. Finalmente ele percebe. Bruce continua falando enquanto começam a se fundir:

— Nós somos o playboy porque faz parte de nós. Uma escolha pessoal e conveniente em amplo sentido.

Ele se olha, como um só agora. Seus pensamentos continuam o monólogo, outrora um diálogo:

"Eu não poderia manter uma identidade da qual não fosse parte integrante minha. Ninguém pode. É falso demais para qualquer pessoa próxima que seja perspicaz. É mais natural e não exige desculpas forçadas. Sou eu. No fundo, eu sempre gostei também de ser Bruce Wayne."

Ele acorda, suado e surpreso. Olha a sua volta. Diana e Selina, uma de cada lado de sua espaçosa cama, dormem pesadamente. As nádegas de Diana estão levemente iluminadas pelo luar que atravessa a janela. Por alguns segundos, seu olhar se perde naqueles belos corpos, sinônimo da perfeição feminina. As coisas ficam mais claras e uma sensação de culpa se desprende de sua alma.

Bruce começa a beijar o corpo de Diana a partir dos tornozelos. Os beijos vão subindo e ela acorda quando ele chega na altura da cintura dela. Bruce beija demoradamente onde a lua ilumina. Seus olhos brilham. Ela olha para ele com um olhar de criança com sono querendo colo e começa a se virar. Ele prossegue os beijos até sua boca.

O beijo e longo, sem pressa...

Eles sentem uma mão escorregar em direção ao quadril de Bruce:

— Cena linda, meus amores.


Na próxima edição: O feromônio avança no domínio de Diana, Bruce e Selina. O inimigo dentro de cada um se mostra mais difícil de ser vencido do que Ra's e seus comparsas. Hera Venenosa mostra-se envolvida no caso. As autoridades continuam em busca da Mulher-Gato.


:: Notas do Autor

Agradecimentos a Octavio Aragão pela contribuição no texto que "Lois Lane" participa.




 
[ topo ]
 
Todos os nomes, conceitos e personagens são © e ® de seus proprietários. Todo o resto é propriedade hyperfan.