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Birds of Prey - When The Birds Pray # 01

Por Igor Appolinário

Ponto de Fusão

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Torre do Relógio — Gotham City

Bárbara Gordon, a Oráculo, monitora todos os movimentos suspeitos que acontecem em Gotham City. Em sua torre extremamente bem equipada, ela usa todos os seus conhecimentos cibernéticos e investigativos para caçar criminosos. Desde simples punguistas aos maníacos superpoderosos que seu eventual "patrão" busca pela noite… como o maníaco que partiu sua coluna (*).

Coringa… ele havia escapado do Asilo Arkham, um sanatório para criminosos. O que ele queria era provar que um mau dia poderia acabar com a sanidade de uma pessoa. Mas a prova foi o destino de Bárbara e a cobaia, seu pai, o comissário da polícia de Gotham, James Gordon…

Um tiro… na coluna. Bárbara ficou paraplégica por causa de um capricho de um maníaco homicida.

Não apenas sua juventude foi destruída, mas a sua maior paixão, seu trabalho… não como uma simples bibliotecária de Gotham, mas como a Batgirl. A parceira do Batman, parte de uma linhagem.

Mas isso não a abalou… não tão gravemente que a fizesse se afastar da vida heróica. Reunindo todas as suas forças e seus conhecimentos, ela criou a identidade cibernética Oráculo e passou a funcionar como informante dos maiores heróis do planeta. Ela adquiriu os mais avançados sistemas e treinou sua mente para se tornar uma das maiores mentes investigativas do mundo. Se algo está na rede, ela pode encontrar.

Mas ainda assim ela não pode recuperar algumas emoções… balançar entre os prédios e prender criminosos com o dobro da sua altura, são sensações indescritíveis… algo que talvez ela nunca mais sinta…

— Não!! — Bárbara se irrita com os próprios pensamentos — Acalme-se e continue.

Ela deixa de pensar no passado e continua a busca por atividades suspeitas.

Um prédio residencial — Gotham City

Em um aconchegante prédio de apartamentos, mais exatamente no segundo andar, apartamento número 5-B, Dinah Lance observa a paisagem, sentada no parapeito da janela. Muitas pessoas passam pela rua, mas a que mais chama atenção é uma senhora com grandes sacolas de supermercado.

A senhora tem dificuldade com o peso das sacolas e um jovem se aproxima. Dinah pensa que ele vai ajudá-la, mas, com um movimento rápido, ele tira a bolsa da idosa e sai correndo. A jovem mulher esboça uma reação, mas antes que possa se levantar, um carro de polícia parte em perseguição ao meliante. Alguns metros adiante, o carro freia na frente do ladrão que, sem conseguir parar, bate no veículo e cai no chão.

Dinah suspira aliviada. Ela quase pulou pela janela para perseguir o bandido, revelando sua identidade e tendo que dar muitas explicações para a polícia.

— Como alguém pode fazer uma coisa dessas? — ela reflete ainda olhando a rua, enquanto os policiais colocam o rapaz na viatura e a senhora recupera sua bolsa — Pelo menos a mulher não se machucou…

Um impulso quase fez Dinah revelar sua identidade. Impulso, seria um bom codinome para ela, se já não possuísse um: Canário Negro.

Como sua mãe, a Canário Negro da Sociedade da Justiça. Mas, diferente dela, Dinah possuía um poder, um grito sônico capaz de quebrar qualquer vidro e derrubar os maiores inimigos.

Por sua habilidade física e por seus incríveis poderes, Canário, junto com Ajax, o Caçador de Marte; Aquaman; Barry Allen, o segundo Flash; e Hal Jordan, o Lanterna Verde antecessor de Kyle Rayner, foi uma membro-fundadora da primeira Liga da Justiça. Com seus novos parceiros ela enfrentou muitos perigos e conheceu muitas pessoas diferentes. Entre elas, o misterioso financiador da Liga, o empresário Oliver Queen, também conhecido como o vigilante Arqueiro Verde.

Eles viveram muitas aventuras lado a lado, como a do dia fatídico no qual Canário foi torturada por traficantes e perdeu completamente seus poderes sônicos. Mas isso foi superado com muito amor e assim nasceu uma paixão. Eles foram amados, amantes, apaixonados… mas, como tudo na vida, acabou. Dinah descobriu ser estéril e Oliver queria ter filhos, o que o levou a procurar outras mulheres, terminando assim esse grande amor.

— Mas será que eu ainda gosto dele? — pensa ela, saindo da janela e dirigindo-se à cozinha — Houve tantas vezes que nós quase voltamos… ainda pode haver amor?

Dinah se perde novamente em pensamentos. Lembra-se de quando deixou a Liga e começou a trabalhar como vigilante independente. Enfrentou vilões menores, na maioria criminosos comuns e até ficou um tempo fora da ação. E então conheceu Oráculo, se tornaram parceiras e começaram juntas a enfrentar os criminosos, às vezes com a ajuda de outras heroínas, mas sempre juntas. Tornaram-se amigas, confidentes e agora, quase inseparáveis. E, como todas as noites, Dinah espera o chamado da amiga, enquanto prepara o jantar.

Torre do Relógio

Oráculo continua seu trabalho noturno, quando informes de roubo aparecem em sua tela. A joalheria Glow, no sul da ilha de Gotham, foi invadida. Os sistemas térmicos e os sensores de movimento implantados na loja, assim como a maioria dos sistemas de segurança de Gotham, estão ligados aos computadores de Oráculo.

Oráculo liga a rede de comunicação. Sua parceira, Canário Negro, deve ser capaz de impedir o roubo.

— Canal Um. Oráculo chamando Canário Negro.

Estou ouvindo, Oráculo. Pode falar.

— Dinah, um roubo está acontecendo perto do Centro Gotham.

Certo. Chego lá em menos de 5 minutos.

Apartamento 5-B

Dinah veste seu uniforme de Canário Negro e desce pelas escadas de incêndio de seu prédio. Ela entra na garagem e pega sua moto. Ao toque de um botão, sistemas instalados no veículo escondem sua placa, ao mesmo tempo em que modificam sua cor.

Dirigindo velozmente pela cidade, Dinah chegará a tempo de impedir o roubo.

Joalheria Glow

— Ei, June! Vamos logo com esse cofre!

— Calma, May! Eu não sei direito como mexer com o C4.

— Não vai explodir a gente, sua idiota!

— Não fala assim comigo! Sou sua irmã e você tem que me respeitar!

VRUUUUUUUUUMMMMMMM

— May, você escutou isso?

— Sim. Mas o que será?

— Será que são os tiras?

— Tiras de moto? Pra cobrir um assalto? Deixa de ser burra! Vou ver o que é...

Em frente à Joalheria Glow

— Cinco minutos cravados. — Dinah vangloria-se com a pontualidade — Quem será que invadiu a joalheria?

Canário Negro observa a parte frontal da joalheria. O vidro foi cortado e as luzes externas foram quebradas.

"Coisa de profissional" — ela pensa.

Canário ouve ruídos dentro da joalheria, como pessoas conversando. Ela decide se aproximar.

— Vamos ver quem está brincando de Mulher-Gato hoje. Só espero que não seja a própria.

Canário entra pelo buraco no vidro. Ela é surpreendida com uma paulada na cabeça e desmaia.

Canário sente que foi pisoteada por um elefante, seus pulsos e pernas estão amarrados. Ela está encostada em uma parede de frente ao cofre da joalheria. Mexendo no cofre estão duas mulheres, com mais ou menos a mesma altura, usando roupas e máscaras pretas. As assaltantes parecem confusas com alguma coisa. Mesmo estando meio grogue e com dores na nuca, Canário se esforça para escutar o que elas estão dizendo.

— Vamos logo, June! É só juntar esses fios.

— Mas isso não vai explodir a bomba? Melhor usar esse negocinho… como é mesmo o nome?

— Detonador, sua estúpida! Liga logo!

May coloca dois fios juntos e a sala explode. Ouvindo o diálogo das assaltantes, Canário imaginara as conseqüências, e antes da explosão se lançou atrás de um balcão.

A explosão não é forte. Canário cai atrás do balcão onde encontra pedaços de vidro, provavelmente das vitrines quebradas próximas a ela. Com as mãos amarradas às costas, ela pega um caco de vidro e corta as cordas, libertando os pés e as mãos.

Canário se levanta e encontra as duas assaltantes caídas no chão, com alguns ferimentos superficiais e as roupas rasgadas. Ela se aproxima do cofre e descobre que somente pequena parte de uma das cargas estava ligada pelos fios.

— Dupla de idiotas. — diz Canário.

— Eu não sou idiota, sua oxigenada!

Uma das assaltantes se levanta e ataca Canário, que desvia de um pedaço de madeira lançado pela ladra indignada. Canário pega um das cargas de C4 e joga na assaltante.

— Aiii! Você quer me matar? — diz May, esquivando-se.

— Não. Só te distrair.

Canário desfere um golpe na perna da assaltante, que cai e bate a cabeça no balcão.

— Não vou deixar você machucar minha irmã!

June ataca Canário, que apenas dá um passo para o lado e põe o pé no caminho da segunda assaltante. June tropeça e bate a cabeça na parede, desmaiando sobre a irmã caída.

— Amadoras...

Canário ouve as sirenes da policia e sai pela clarabóia da joalheria, ficando escondida no telhado até os policiais levarem as assaltantes. June e May são levadas por um policial para um carro.

— Sua idiota, se você soubesse mexer naquela porcaria, nós teríamos indo embora antes da oxigenada chegar.

— Mas foi você que mexeu nos fios e explodiu tudo.

— Entrando, meninas. — diz o policial.

Canário pode ver que as duas continuam brigando enquanto vão embora no carro da polícia. Dinah pega sua moto e volta para seu apartamento.

Em casa, Dinah toma um delicioso banho de banheira enquanto saboreia um grande pote de sorvete e sorri ao lembrar das assaltantes desastradas.

Apartamento 5-B

— Barb, você tinha que ver como aquela dupla era atrapalhada. — fala Dinah, olhando para a webcam de seu laptop.

Dinah, você deve ter mesmo acabado com elas. — diz Bárbara, seu rosto aparecendo na tela — Pena que perdi a imagem depois da explosão. Você está bem mesmo?

— Só estou um pouco chamuscada, nada de mais. Elas eram tão burras que não conseguiram nem se explodir.

Então, o que fazendo agora?

— Assistindo televisão. Consegue ouvir? — Dinah aumenta o volume.

"…esta manhã, no aeroporto internacional de Washington, o primeiro-ministro japonês chegou para a conferência com o presidente americano, a respeito do protocolo de Kyoto (**), assinado no Japão há alguns meses…"

Interessante. Espero que o 'cowboy da Casa Branca' faça a coisa certa dessa vez.

— Eu também.

TasukiCom — Tóquio — Japão

No grande escritório, finamente mobiliado e com uma grande janela com vista para a movimentada Tóquio, um homem está sentado em uma confortável cadeira de couro. Uma silhueta olha a paisagem pela ampla janela. As duas pessoas na sala estão conversando.

— Creio que já estamos combinados. — diz Satuo Tasuki, sentado em sua cadeira.

— Seus motivos não me parecem muito convincentes. — diz a silhueta, sem se mover de frente da janela.

— Aquele país desprezível deve pagar por tentar arruinar meus negócios. Os acordos reduziram meus rendimentos, e ele também deve pagar a mesma moeda.

— Acordos que podem salvar o futuro do mundo...

— Sim, não sou um monstro que quer que o mundo termine. Mas se eu e meus compatriotas somos obrigados a cumprí-los, o líder daquela nação também será… melhor dizendo, seu sucessor.

— Ainda não é um bom motivo, mas eu aceito. — a silhueta se esquiva pelas sombras e alcança a porta — Afinal, dinheiro sempre é bem-vindo.

— Você tem apenas uma chance. Não quero correr o risco de que descubram esta negociação. Lembre-se, uma chance...

— É mais do que eu preciso.

A silhueta desaparece pela porta e o executivo fica encarando a escuridão.

— É melhor essa mulher cumprir o combinado, ou eu serei obrigado a acabar com ela.

Torre do Relógio

Neste novo dia que acaba de nascer, Bárbara já está acordada, tomando seu café da manhã. O trabalho de Oráculo começa cedo. E hoje, mesmo sem ser sua intenção, Oráculo irá entrar em ação mais cedo que o esperado.

Enquanto Bárbara toma seu café, Dinah entra eufórica pela porta da frente. Carregando um embrulho, ela corre em direção à amiga.

— Barb, você não vai acreditar no que eu trouxe.

Na sala de computadores, Oráculo e Canário Negro estão coladas na tela de uma televisão, onde um vídeo preto-e-branco está passando.

O vídeo mostra uma pequena sala onde alguns homens, que pelo estilo do uniforme parecem seguranças de aeroporto, examinam algumas malas. De repente, uma sombra encobre a imagem e, no momento seguinte, todos os seguranças estão caídos no chão e as malas, desaparecidas.

Oráculo pausa o vídeo. Ela e Canário estão boquiabertas.

— Barb, eu nunca vi nada como isso. O que poderia se mover tão rápido?

— Não sei, Dinah. Contatei os sistemas da Torre a Liga e verifiquei que todos os velocistas estão em locais conhecidos, nada suspeito. Dinah, onde conseguiu essa fita?

— Um amigo nos mandou. Lembra do agente Lecroix (***)? Ele disse que seu departamento estava com dificuldades de identificar o que nós acabamos de ver.

— Pois bem, vamos ao trabalho!

Oráculo analisa cuidadosamente o vídeo e depois de muitos e muitos filtros, consegue descobrir o mistério.

Reproduzindo novamente o vídeo, desta vez em velocidade super-reduzida, pode-se ver uma mulher, que caminha em direção aos guardas e aplica golpes rápidos, derrubando-os e saindo da sala levando as malas.

Oráculo e Canário não dizem nada, o silêncio impera na sala a não ser pelos bips eletrônicos dos computadores. Quebrando o silêncio, Oráculo fala:

— Eu… eu sabia que ela era rápida, mas não tanto.

— Eu também não acredito no que vi, mas o que ela está fazendo aqui?

— Ainda não sei. Mas vamos Ter que descobrir o que Lady Shiva está fazendo nos Estados Unidos.


Na próxima edição: Ponto de Ebulição! Oráculo e Canário Negro perseguem Lady Shiva pela capital americana.


:: Notas do Autor

Gostaram? Espero que sim. Não percam a próxima parte e descubram os mistérios de Shiva nos EUA.

(*) Na graphic novel A Piada Mortal, publicada no Brasil pela Editora Abril.voltar ao texto

(**) O protocolo de Kyoto foi estabelecido em 2001 entre os maiores países industrializados, no qual eles se comprometeram a diminuir a taxa de poluição para impedir a deterioração da camada de ozônio e o comprometimento do ar no mundo. Entre os países convidados, os EUA se recusaram a participar do protocolo, pois afirmaram que isso diminuiria a economia interna do país.voltar ao texto

(***) O agente Lecroix é um personagem criado especialmente para o Hyperfan. Canário conheceu o agente durante uma missão comandada por Oráculo. Ele é agente federal e já serviu a diversos órgãos de inteligência, como CIA, FBI e outros. Algum dia, eu escrevo esse encontro.voltar ao texto



 
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