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Batman - Linhagem Sagrada # 04

Por Rafael 'Lupo' Monteiro

Merovíngeo

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Roma.

Uma multidão de turistas visita todos os dias o Fórum Romano, na capital da Itália. Mas nem todos visitam o local apenas por sua beleza. Hoje, por exemplo, um americano está na cidade para investigar um assassinato. Seu nome é Bruce Wayne, o super-herói conhecido como Batman.

Ele está vestido como um turista comum, usa óculos escuros e procura chamar o mínimo de atenção para si. Entra num cybercafé, come um croassaint com chocolate quente enquanto recebe um e-mail de seu mordomo Alfred. Não é o mais recomendável, mas ele se encontra sem opções no momento. Precisa saber se está tudo bem em Gotham. Recebe como mensagem apenas "Os patrões Dick e Tim estão cuidado de seus assuntos em sua ausência". Mais tranqüilo, Bruce concentra-se em sua missão.

O ferimento na barriga ainda dói (*), mas ele precisa continuar em frente. E sua tarefa desta noite não será nada fácil — ele deve invadir o Vaticano.

Bruce ainda está muito desconfiado. Seu inimigo Ra's Al Ghul agora está atrás do Santo Graal, que serviria como um substituto aos Poços de Lázaro. Bruce negou-se a compactuar com inimigo, e acabou sendo ferido e deixado desacordado no chão. (**)

Quando acordou, Bruce pôde investigar o esconderijo do inimigo, e acabou encontrado um mapa "secreto" do Vaticano, onde o Graal poderia ser encontrado. Se por um lado ele está com a pulga atrás da orelha, achando que Ghul entregou-lhe tudo muito facilmente, por outro esta é a única pista que ele tem. Portanto nada lhe resta senão seguí-la.

A noite cai, e Bruce sai vestido a caráter — com o uniforme do Batman. O homem-morcego entra nos esgotos de Roma, e com uma lanterna iluminando o mapa, chega até ao esgoto do Vaticano. Lá, encontra uma passagem secreta que o leva diretamente à biblioteca.

A biblioteca do Vaticano é gigantesca. Cheia de livros raros, a maior parte deles datados na idade média. Batman procura por um livro em especial. É a "Política", de Aristóteles, com anotações de Santo Tomás de Aquino. Demora a encontrar, afinal está no escuro, e só sua pequena lanterna oferece alguma iluminação. Mas a escuridão é sua companheira, e ele acaba achando o livro desejado. Retirando-o do lugar, acaba abrindo uma outra passagem secreta.

Batman fica maravilhado com o que vê. Um aposento ainda mais luxuoso que os demais, com uma enormidade de livros. Ao verificar que livros são esses, descobre que são todos livros proibidos, até mesmo secretos. Estão separados por temas — bruxaria, atividades dos primeiros cristãos, seitas heréticas que se diziam seguidoras de Cristo da época do império romano, biografias "não-autorizadas" de santos, "A guerra entre Mu e Atlântida". Seria a felicidade de qualquer historiador, e nem a mais louca das teorias conspiratórias daria conta de todas informações ali contidas. Mas Batman não tem tempo a perder, e finalmente encontra o que lhe interessa.

"O Santo Graal e a linhagem de Cristo". Ao folhear os livros, percebe uma luz fraca vinda por detrás da prateleira. Ele vai retirando os livros um a um, e percebe que, ao fundo, há um cubo de vidro, e dentro dele está um cálice de madeira.

O Graal. Mesmo alguém frio como Batman não poderia deixar de se arrepiar com a visão do cálice que por tantos séculos foi procurado.

Utilizando visão infravermelha, ele consegue distinguir claramente os feixes de laser que se encontram em torno do Graal, e que, uma vez transpassados, irão acionar o alarme.

Primeiro, ele utiliza-se de uma faca especial, retirada do cinto de utilidades, e corta a caixa de vidro que encobre o Graal, abrindo-a de maneira que o cálice possa ser retirado sem problemas.

Depois, cuidadosamente, ele estica a mão direita, bem devagar para não cometer erros. Após dois longos minutos, Batman consegue tocar no Graal. Nada acontece. O herói então segura o cálice, envolve-o em sua mão, e sente algo raro: um nervosismo, um frio na barriga bastante incomum.

"Vamos, homem, concentre-se! Deixe as questões metafísicas para depois!" — ele pensa, e retira o Graal do lugar, trazendo-o para junto de si. Mais uma vez, nada acontece. Batman respira fundo.

O herói começa a tossir. Percebe que uma espécie de gás está sendo liberado no recinto, e que isto tem a ver com o Graal. E a substância deve ser forte, pois mesmo seu filtro nasal não está dando conta.

Ele tenta sair, mas assim que começa a correr em direção à saída a passagem secreta se fecha. Sem tempo a perder, ele não pode se dar ao luxo de procurar um possível mecanismo que faça a passagem se abrir novamente. Retira do cinto de utilidades um ácido e o aplica na estante, tendo o cuidado de antes jogar no chão (de forma bruta, é verdade) os livros que estavam nela. Depois, usa sua força, e com um chute arrebenta a prateleira, conseguindo escapar.

O herói então corre para sair da biblioteca o mais rápido possível. No entanto, quando está na entrada que o levaria ao esgoto, encontra lá um homem de dois metros de altura, forte, longos cabelos brancos, o rosto cheio de cicatrizes, vestido com uma batina de padre. O homem fala em tom bastante alto, com sua voz grave e seu sotaque francês.

— Olá, morcego! Finalmente nos encontramos!

— Merovíngeo, presumo... por que a batina?

— Para entrar aqui pela porta da frente, que é o meu lugar. E não pelo esgoto, como se fosse um bicho nojento e sem valor.

— Você matou dois homens em minha cidade! Vai ter que pagar por isso!

— E você está segurando algo que é da minha família, e eu terei que tomar à força!

Ambos olham-se com determinação, estudando-se. Batman pula subitamente e acerta uma voadora no rosto do vilão. O Merovíngeo por sua vez dá um soco nas costas do herói, que cai no chão. A seguir, o francês pisoteia o adversário no peito, fazendo-o ficar sem ar. Batman não perde a calma, e consegue segurar o pé do adversário, e aplicando sua força consegue quebrá-lo.

O Merovíngeo cai no chão, com dor, Batman monta-o e soca seu rosto seguidamente, até que o adversário segura sua mão, e a aperta bem forte. Batman então aplica uma cabeçada certeira no nariz do inimigo, que fica grogue por alguns segundos, tempo suficiente para que o herói o agarre num mata-leão e o imobilize até desmaiar.

Batman caminha pelo esgoto, carregando seu adversário, arrastando-o pela imundície. O Merovíngeo está algemado e amarrado nos pés com fibras de aço. Batman abandona-o em frente ao escritório da Interpol junto com um bilhete encriminando-o pelas mortes de Gotham, e na manhã seguinte volta para casa.

Gotham City.

Bruce Wayne não acorda de bom humor. Mal abre os olhos, e junto com o frugal café da manhã preparado por Alfred, há um bilhete do mordomo avisando-o de que o Merovíngeo foi solto em Roma, por falta de provas.

Ele veste um roupão e desce para a Batcaverna. A seguir, liga para Oráculo.

— Não tenho boas notícias para te dar! — fala a mulher do outro lado da linha.

— O que houve? — ele responde, friamente.

— Os testes de carbono-14 no cálice que você me pediu indicam que ele é bem recente, do final do século XX. Sinto, mas ele não é o Santo Graal.

— OK. Obrigado! — ele desliga com irritação, e a seguir dá um soco na mesa. De alguma forma ele foi enganado, e não se conforma com isso. Ele deveria ser bom o bastante para não cair em nenhuma armadilha de seus inimigos.

Em um local desconhecido, Ra's Al Ghul brinda com sua filha Tália por sua mais recente vitória. Nas mãos de Ghul, há um cálice de madeira, fabricado há aproximadamente dois mil anos atrás.


:: Notas do Autor

(*) Conforme visto na última edição. voltar ao texto

(**) Também na última edição. voltar ao texto




 
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